01/12/2006 - 09h45

Nova versão cinematográfica da vida de Jesus decepciona

RICARDO CALIL
do Guia da Folha

Na esteira do sucesso de "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, surge agora mais uma curiosa tentativa de resgate do filme bíblico: "Jesus - A História do Nascimento", de Catherine Hardwicke. A produção conta o início da história mais conhecida do mundo: como Maria (Keisha Castle-Hughes, de "Encantadora de Baleias") concebeu o filho de Deus, sob a proteção de seu marido, José (Oscar Isaac), e a perseguição do rei Herodes (Ciaran Hinds), que temia perder seu poder.

A obra de Gibson podia ser acusada de tudo (sádica, intolerante, ridícula), mas havia ali uma visão pessoal da religião --mesmo que equivocada. É isso o que falta a "Jesus". O filme se contenta em ser apenas uma ilustração fiel e pomposa dos Evangelhos de Lucas e Mateus, mais preocupada em não desagradar o Vaticano do que em contentar os espectadores.

Divulgação

"Jesus - A História do Nascimento" fala dos preconceitos da comunidade na qual vivem

Pela dramaturgia e atuações, "Jesus" se parece com uma montagem teatral ginasiana, só que em versão grandiloqüente. O fato de ser dirigido por Hardwicke, que realizou "Aos Treze" (2003) e "Os Reis de Dogtown" (2005), torna seu comportado resultado mais decepcionante.

História

Maria se enoja ao saber que o seu pai arranjou o seu casamento com José e questiona porque deve "casar com um homem que não amo?". José, por sua vez, enfrenta pressões de seus amigos para que acuse Maria pelo suposto descumprimento de sua promessa, ao ficar grávida sem ter mantido relações sexuais com ele. O jovem casal admite o próprio medo ao empreender o périplo de Nazaré a Belém, desconhecendo o alcance por terem aceitado o mandato divino de serem os pais de Jesus.

Também se fala dos preconceitos da comunidade na qual vivem: do risco de uma mulher ser apedrejada por adultério; da opressão exercida pelo rei Herodes sobre a população e da matança de crianças ordenada por ele para evitar que se cumpra a profecia do Novo Messias, que considera uma ameaça.

Na Pérsia, Melchior, Gaspar e Baltasar festejam quando descobrem que essa profecia está por se cumprir e decidem iniciar a viagem de mais de três meses para a Judéia para conhecer o enviado divino.

Com agências internacionais

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