Publicidade
Publicidade
05/12/2006
-
08h15
SYLVIA COLOMBO
da Folha de S.Paulo
Tirando os que já morreram, entre os autores do chamado "boom latino-americano" dos anos 60/ 70, Mario Vargas Llosa é o representante do grupo que melhor envelheceu --lúcido do ponto de vista político, literariamente criativo e produtivo.
O colombiano Gabriel García Márquez anda por aí de modo oportunista abraçado a políticos e ditadores. Seu livro mais recente, "Memória de Minhas Putas Tristes" (2005), é uma tentativa fracassada de repetir o modo inovador como abordou o sexo na velhice em "Amor nos Tempos do Cólera" (1985). Já o mexicano Carlos Fuentes caiu no repetitivo mantra anti-norte-americano e não é nem sombra do romancista que fez "Aura" (1962).
Mas Vargas Llosa continua na mesma forma de quando escreveu grandes livros como "Conversação na Catedral" (1969) ou "Pantaleão e as Visitadoras" (1972). Ainda, seus três romances mais recentes estão entre o que de melhor se produziu na literatura recente da América Latina. "A Festa do Bode" (2000) é uma genial história de vingança na República Dominicana do ditador Trujillo.
"O Paraíso em Outra Esquina" (2003) entrelaça dois personagens históricos, a feminista Flora Tristán e o pintor Paul Gauguin, para questionar as utopias do século 19.
Agora, "Travessuras da Menina Má" não apenas resume angústias políticas atuais como passa por cima da suposta polêmica entre o "realismo mágico" e seu contraponto, o já chamado "realismo urbano", dialogando simplesmente com a boa literatura, contando uma bela história com técnica e precisão.
Se o livro tem um problema, é o modo antiquado com que vê as relações amorosas, ainda se espantando com a "independência" conquistada pelas mulheres. Mas, nesse sentido, Vargas Llosa, do alto de seus 70 anos, está desculpado. O amor nunca foi mesmo um troço tão complicado como hoje.
TRAVESSURAS DA MENINA MÁ
Autor: Mario Vargas Llosa
Tradução: Ari Roitman e Paulina Wacht
Editora: Alfaguara
Quanto: R$ 39,90 (302 págs.)
Leia mais
"Sou mais Dostoiévksi do que Derrida", diz Vargas Llosa; leia entrevista
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Mario Vargas Llosa
Na América Latina, Vargas Llosa é o escritor que melhor resiste ao tempo
Publicidade
da Folha de S.Paulo
Tirando os que já morreram, entre os autores do chamado "boom latino-americano" dos anos 60/ 70, Mario Vargas Llosa é o representante do grupo que melhor envelheceu --lúcido do ponto de vista político, literariamente criativo e produtivo.
O colombiano Gabriel García Márquez anda por aí de modo oportunista abraçado a políticos e ditadores. Seu livro mais recente, "Memória de Minhas Putas Tristes" (2005), é uma tentativa fracassada de repetir o modo inovador como abordou o sexo na velhice em "Amor nos Tempos do Cólera" (1985). Já o mexicano Carlos Fuentes caiu no repetitivo mantra anti-norte-americano e não é nem sombra do romancista que fez "Aura" (1962).
Mas Vargas Llosa continua na mesma forma de quando escreveu grandes livros como "Conversação na Catedral" (1969) ou "Pantaleão e as Visitadoras" (1972). Ainda, seus três romances mais recentes estão entre o que de melhor se produziu na literatura recente da América Latina. "A Festa do Bode" (2000) é uma genial história de vingança na República Dominicana do ditador Trujillo.
AP Photo |
Mario Vargas Llosa é autor do romance autobiográfico "Travessuras da Menina Má" |
"O Paraíso em Outra Esquina" (2003) entrelaça dois personagens históricos, a feminista Flora Tristán e o pintor Paul Gauguin, para questionar as utopias do século 19.
Agora, "Travessuras da Menina Má" não apenas resume angústias políticas atuais como passa por cima da suposta polêmica entre o "realismo mágico" e seu contraponto, o já chamado "realismo urbano", dialogando simplesmente com a boa literatura, contando uma bela história com técnica e precisão.
Se o livro tem um problema, é o modo antiquado com que vê as relações amorosas, ainda se espantando com a "independência" conquistada pelas mulheres. Mas, nesse sentido, Vargas Llosa, do alto de seus 70 anos, está desculpado. O amor nunca foi mesmo um troço tão complicado como hoje.
TRAVESSURAS DA MENINA MÁ
Autor: Mario Vargas Llosa
Tradução: Ari Roitman e Paulina Wacht
Editora: Alfaguara
Quanto: R$ 39,90 (302 págs.)
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice