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08/12/2006
-
10h29
MARY PERSIA
da Folha Online
No início de 1945, os inimigos dos Aliados na Segunda Guerra Mundial não se resumiam aos países do Eixo. Guerra consome dinheiro, fé no governo e apoio das massas, e o enfraquecimento de qualquer desses fatores pode conduzir à capitulação. Nesse cenário, e após longos quatro anos e meio de tentativas de conter e eliminar as forças de Hitler, a histórica foto de Joe Rosenthal --seis fuzileiros navais levantando a bandeira americana em solo japonês-- rendeu uma força extra.
É esse fragmento da História o centro de "A Conquista da Honra", filme de Clint Eastwood que estréia em fevereiro no Brasil. Ao falar da conquista da ilha de Iwo Jima, o diretor e ator americano mostra, mais do que sangue e corpos mutilados (e há muito disso), o poder da máquina de propaganda do governo americano para conseguir o apoio de corações e bolsos no último grande esforço da Segunda Guerra no Pacífico. Em Iwo Jima ("ilha sulfurosa" em japonês), morreram 26 mil combatentes japoneses e americanos.
Em seu filme, Eastwood (que assina também a produção e a música do longa) construiu as cenas dessas mortes de forma não menos realista ou impactante do que Steven Spielberg em "O Resgate do Soldado Ryan". Se por um lado tem a clara intenção de chocar, por outro o longa contrapõe os órgãos expostos, o sangue e a terra negra de enxofre ao ambiente pasteurizado de escritórios e hotéis americanos em que o destino da guerra é traçado. É nesse ambiente que três marines, supostamente integrantes do grupo que levantou a bandeira, rodam o país em busca de apoio financeiro para as Forças Armadas.
Rene Gagnon (Jesse Bradford, de "Por Conta do Destino"), Doc Bradley (Ryan Phillippe, de "Crash - No Limite"), e Ira Hayes (Adam Beach, de "Códigos de Guerra") são os três eleitos para a turnê de arrecadação. Eles deixam a frente de batalha para encontrar um cenário totalmente adverso ao de Iwo Jima, no qual nem todos se encaixam (em especial Hayes, o fuzileiro índio que tem de lidar com a bebida e o preconceito).
De cidade em cidade, vão posando de heróis mesmo que não tenham sido e sorriem mesmo que se sintam aterrorizados pelas lembranças de seus companheiros de batalha --entre eles, Mike Strank (Barry Pepper, de "Três Enterros" e "O Resgate do Soldado Ryan"), Iggy (Jamie Bell, de "Billy Elliot", "Querida Wendy" e "King Kong") e Bud (John Slattery, de "O Sorriso de Mona Lisa").
Impactantes, mesmo que óbvias, essas contraposições não deixam de lembrar o esforço para a queda de falsos escrúpulos visto em "Menina de Ouro" (que também conta com roteiro de Paul Haggis, ganhador do Oscar de melhor roteiro e melhor filme por "Crash - No Limite"). Da esplêndida imagem que reuniu um milhão de pessoas na Times Square novaiorquina, o que resta não tem qualquer relação com heroísmo.
"Cartas de Iwo Jima"
"A Conquista da Honra" foi lançado em outubro nos Estados Unidos sem sucesso nas bilheterias (fez regulares US$ 10 milhões em seu fim de semana de estréia), apesar das grandes expectativas. Foram gastos US$ 90 milhões na produção, que dividiu infra-estrutura e cenas com "Cartas de Iwo Jima" ("Letters From Iwo Jima", orçado em US$ 20 milhões).
O longa, que traz a visão japonesa do confronto (roteiro de Iris Yamashita) em idioma nipônico, deveria estrear apenas em 2007, mas teve sua chegada aos cinemas americanos antecipada para o dia 20 deste mês (chega por aqui em março e estréia neste fim de semana no Japão). Segundo a imprensa especializada, trata-se de uma manobra de Eastwood para aumentar suas chances no Oscar 2007. O veterano ator e diretor de 76 anos coleciona dois Oscars de direção, por "Os Imperdoáveis" e "Menina de Ouro".
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da Folha Online
No início de 1945, os inimigos dos Aliados na Segunda Guerra Mundial não se resumiam aos países do Eixo. Guerra consome dinheiro, fé no governo e apoio das massas, e o enfraquecimento de qualquer desses fatores pode conduzir à capitulação. Nesse cenário, e após longos quatro anos e meio de tentativas de conter e eliminar as forças de Hitler, a histórica foto de Joe Rosenthal --seis fuzileiros navais levantando a bandeira americana em solo japonês-- rendeu uma força extra.
Divulgação |
Filme dirigido por Eastwood chega ao Brasil em fevereiro de 2007; confira a galeria de imagens |
Em seu filme, Eastwood (que assina também a produção e a música do longa) construiu as cenas dessas mortes de forma não menos realista ou impactante do que Steven Spielberg em "O Resgate do Soldado Ryan". Se por um lado tem a clara intenção de chocar, por outro o longa contrapõe os órgãos expostos, o sangue e a terra negra de enxofre ao ambiente pasteurizado de escritórios e hotéis americanos em que o destino da guerra é traçado. É nesse ambiente que três marines, supostamente integrantes do grupo que levantou a bandeira, rodam o país em busca de apoio financeiro para as Forças Armadas.
Rene Gagnon (Jesse Bradford, de "Por Conta do Destino"), Doc Bradley (Ryan Phillippe, de "Crash - No Limite"), e Ira Hayes (Adam Beach, de "Códigos de Guerra") são os três eleitos para a turnê de arrecadação. Eles deixam a frente de batalha para encontrar um cenário totalmente adverso ao de Iwo Jima, no qual nem todos se encaixam (em especial Hayes, o fuzileiro índio que tem de lidar com a bebida e o preconceito).
Divulgação |
Imagem se tornou propaganda de guerra |
Impactantes, mesmo que óbvias, essas contraposições não deixam de lembrar o esforço para a queda de falsos escrúpulos visto em "Menina de Ouro" (que também conta com roteiro de Paul Haggis, ganhador do Oscar de melhor roteiro e melhor filme por "Crash - No Limite"). Da esplêndida imagem que reuniu um milhão de pessoas na Times Square novaiorquina, o que resta não tem qualquer relação com heroísmo.
"Cartas de Iwo Jima"
"A Conquista da Honra" foi lançado em outubro nos Estados Unidos sem sucesso nas bilheterias (fez regulares US$ 10 milhões em seu fim de semana de estréia), apesar das grandes expectativas. Foram gastos US$ 90 milhões na produção, que dividiu infra-estrutura e cenas com "Cartas de Iwo Jima" ("Letters From Iwo Jima", orçado em US$ 20 milhões).
O longa, que traz a visão japonesa do confronto (roteiro de Iris Yamashita) em idioma nipônico, deveria estrear apenas em 2007, mas teve sua chegada aos cinemas americanos antecipada para o dia 20 deste mês (chega por aqui em março e estréia neste fim de semana no Japão). Segundo a imprensa especializada, trata-se de uma manobra de Eastwood para aumentar suas chances no Oscar 2007. O veterano ator e diretor de 76 anos coleciona dois Oscars de direção, por "Os Imperdoáveis" e "Menina de Ouro".
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