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08/12/2006 - 10h29

Eastwood discute a construção do herói em "A Conquista da Honra"

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MARY PERSIA
da Folha Online

No início de 1945, os inimigos dos Aliados na Segunda Guerra Mundial não se resumiam aos países do Eixo. Guerra consome dinheiro, fé no governo e apoio das massas, e o enfraquecimento de qualquer desses fatores pode conduzir à capitulação. Nesse cenário, e após longos quatro anos e meio de tentativas de conter e eliminar as forças de Hitler, a histórica foto de Joe Rosenthal --seis fuzileiros navais levantando a bandeira americana em solo japonês-- rendeu uma força extra.

Divulgação
Filme dirigido por Eastwood chega ao Brasil em fevereiro de 2007; confira a galeria de imagens
Filme dirigido por Eastwood chega ao Brasil em fevereiro de 2007; confira a galeria de imagens
É esse fragmento da História o centro de "A Conquista da Honra", filme de Clint Eastwood que estréia em fevereiro no Brasil. Ao falar da conquista da ilha de Iwo Jima, o diretor e ator americano mostra, mais do que sangue e corpos mutilados (e há muito disso), o poder da máquina de propaganda do governo americano para conseguir o apoio de corações e bolsos no último grande esforço da Segunda Guerra no Pacífico. Em Iwo Jima ("ilha sulfurosa" em japonês), morreram 26 mil combatentes japoneses e americanos.

Em seu filme, Eastwood (que assina também a produção e a música do longa) construiu as cenas dessas mortes de forma não menos realista ou impactante do que Steven Spielberg em "O Resgate do Soldado Ryan". Se por um lado tem a clara intenção de chocar, por outro o longa contrapõe os órgãos expostos, o sangue e a terra negra de enxofre ao ambiente pasteurizado de escritórios e hotéis americanos em que o destino da guerra é traçado. É nesse ambiente que três marines, supostamente integrantes do grupo que levantou a bandeira, rodam o país em busca de apoio financeiro para as Forças Armadas.

Rene Gagnon (Jesse Bradford, de "Por Conta do Destino"), Doc Bradley (Ryan Phillippe, de "Crash - No Limite"), e Ira Hayes (Adam Beach, de "Códigos de Guerra") são os três eleitos para a turnê de arrecadação. Eles deixam a frente de batalha para encontrar um cenário totalmente adverso ao de Iwo Jima, no qual nem todos se encaixam (em especial Hayes, o fuzileiro índio que tem de lidar com a bebida e o preconceito).

Divulgação
Imagem se tornou propaganda de guerra
Imagem se tornou propaganda de guerra
De cidade em cidade, vão posando de heróis mesmo que não tenham sido e sorriem mesmo que se sintam aterrorizados pelas lembranças de seus companheiros de batalha --entre eles, Mike Strank (Barry Pepper, de "Três Enterros" e "O Resgate do Soldado Ryan"), Iggy (Jamie Bell, de "Billy Elliot", "Querida Wendy" e "King Kong") e Bud (John Slattery, de "O Sorriso de Mona Lisa").

Impactantes, mesmo que óbvias, essas contraposições não deixam de lembrar o esforço para a queda de falsos escrúpulos visto em "Menina de Ouro" (que também conta com roteiro de Paul Haggis, ganhador do Oscar de melhor roteiro e melhor filme por "Crash - No Limite"). Da esplêndida imagem que reuniu um milhão de pessoas na Times Square novaiorquina, o que resta não tem qualquer relação com heroísmo.

"Cartas de Iwo Jima"

"A Conquista da Honra" foi lançado em outubro nos Estados Unidos sem sucesso nas bilheterias (fez regulares US$ 10 milhões em seu fim de semana de estréia), apesar das grandes expectativas. Foram gastos US$ 90 milhões na produção, que dividiu infra-estrutura e cenas com "Cartas de Iwo Jima" ("Letters From Iwo Jima", orçado em US$ 20 milhões).

O longa, que traz a visão japonesa do confronto (roteiro de Iris Yamashita) em idioma nipônico, deveria estrear apenas em 2007, mas teve sua chegada aos cinemas americanos antecipada para o dia 20 deste mês (chega por aqui em março e estréia neste fim de semana no Japão). Segundo a imprensa especializada, trata-se de uma manobra de Eastwood para aumentar suas chances no Oscar 2007. O veterano ator e diretor de 76 anos coleciona dois Oscars de direção, por "Os Imperdoáveis" e "Menina de Ouro".

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