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22/12/2006
-
10h53
THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo
As gravadoras espanam o pó, tiram o cheiro de mofo e tentam dar um brilho em seus catálogos. Essa foi a principal estratégia da indústria fonográfica para movimentar as prateleiras de CDs neste 2006.
Com poucos discos novos na linha blockbuster, o que se viu foi uma concentração em lançamentos que reciclam sucessos antigos e álbuns clássicos: as coletâneas e reedições.
Acontece aqui e lá fora. Na última semana, por exemplo, entre os dez álbuns mais vendidos da parada britânica, sete eram coletâneas ("Stop the Clocks", Oasis; "The Love Album", Westlife; "18 Singles", U2; "Love", Beatles; "The Sound of - The Greatest Hits", Girls Aloud; "Twenty Five", George Michael; "High Times: Singles 1992-2006", Jamiroquai). Na semana de 13 de dezembro de 2005, havia apenas duas compilações no top 10 ("Curtain Call", Eminem; "Never Forget Collection", Take That).
Além desses, nos últimos meses saíram coletâneas de Sugababes, Los Hermanos, Paul Weller, Rod Stewart, Aerosmith... "Não sou fã de compilações. A coletânea tem que ter algum sentido, não pode pegar a Maria Bethânia e fazer uma compilação ao bel prazer", diz a cantora Olivia Hime, sócia da Biscoito Fino, que lançou há pouco a coleção "Duetos".
"Antes de fazer esse disco, notamos que vários artistas na gravadora tinham feito canções em parceria com outros artistas daqui. São duetos singelos, interessantes, com sonoridades harmônicas."
"Neste ano não tivemos um grande disco que puxasse as vendas. Por isso aparecem esses tipos de lançamentos", afirma Silvio Pellacani Jr., da Tratore, que colocou nas lojas "Novo Rock Brasil", com várias bandas independentes, e "Brasil sem Palavras", instrumental.
"É mais barato de produzir, pois as canções já estão gravadas. Basta remasterizá-las." Arma antiga que vem sendo mais e mais utilizada pelas gravadoras, as coletâneas vêm ganhando munição com a realização de parceria com empresas.
"A imagem das coletâneas é muito ruim. Durante muitos anos nós da indústria banalizamos esse produto, lançando séries a preços muito baratos, e passou a noção de que as coletânea não são sérias. O que ajudou o mercado um pouco é que conseguimos trazer grande marcas pra montar essas compilações", afirma Marcelo Afonso, gerente da ST2.
Nessa linha, houve lançamentos que ganharam o nome Skol Beats, Daslu, Chakras etc. "Cria-se uma identidade ao produto", justifica Afonso. "A indústria brasileira tem de começar a trabalhar melhor isso."
Reedições
"O brasileiro vê a coletânea como um produto inferior", faz coro Marcus Fabricio, gerente de vendas e marketing estratégico da Sony BMG. "O foco também está nas reedições. Aqui no Brasil quase não existia esse tipo de lançamento. Hoje faz-se com intensidade."
Como exemplos, houve reedições de álbuns clássicos de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa, Tim Maia, trilhas de novelas, entre outros. "Esse é um mercado rentável para as gravadoras, pois os discos já estão gravados. Mas há o lado positivo, que é o de dar oportunidade a um público jovem de entrar em contato com esses artistas", afirma Hime.
Com RONALDO EVANGELISTA, colaboração para a Folha
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Indústria fonográfica aposta em coletâneas
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da Folha de S.Paulo
As gravadoras espanam o pó, tiram o cheiro de mofo e tentam dar um brilho em seus catálogos. Essa foi a principal estratégia da indústria fonográfica para movimentar as prateleiras de CDs neste 2006.
Com poucos discos novos na linha blockbuster, o que se viu foi uma concentração em lançamentos que reciclam sucessos antigos e álbuns clássicos: as coletâneas e reedições.
Acontece aqui e lá fora. Na última semana, por exemplo, entre os dez álbuns mais vendidos da parada britânica, sete eram coletâneas ("Stop the Clocks", Oasis; "The Love Album", Westlife; "18 Singles", U2; "Love", Beatles; "The Sound of - The Greatest Hits", Girls Aloud; "Twenty Five", George Michael; "High Times: Singles 1992-2006", Jamiroquai). Na semana de 13 de dezembro de 2005, havia apenas duas compilações no top 10 ("Curtain Call", Eminem; "Never Forget Collection", Take That).
Além desses, nos últimos meses saíram coletâneas de Sugababes, Los Hermanos, Paul Weller, Rod Stewart, Aerosmith... "Não sou fã de compilações. A coletânea tem que ter algum sentido, não pode pegar a Maria Bethânia e fazer uma compilação ao bel prazer", diz a cantora Olivia Hime, sócia da Biscoito Fino, que lançou há pouco a coleção "Duetos".
"Antes de fazer esse disco, notamos que vários artistas na gravadora tinham feito canções em parceria com outros artistas daqui. São duetos singelos, interessantes, com sonoridades harmônicas."
"Neste ano não tivemos um grande disco que puxasse as vendas. Por isso aparecem esses tipos de lançamentos", afirma Silvio Pellacani Jr., da Tratore, que colocou nas lojas "Novo Rock Brasil", com várias bandas independentes, e "Brasil sem Palavras", instrumental.
"É mais barato de produzir, pois as canções já estão gravadas. Basta remasterizá-las." Arma antiga que vem sendo mais e mais utilizada pelas gravadoras, as coletâneas vêm ganhando munição com a realização de parceria com empresas.
"A imagem das coletâneas é muito ruim. Durante muitos anos nós da indústria banalizamos esse produto, lançando séries a preços muito baratos, e passou a noção de que as coletânea não são sérias. O que ajudou o mercado um pouco é que conseguimos trazer grande marcas pra montar essas compilações", afirma Marcelo Afonso, gerente da ST2.
Nessa linha, houve lançamentos que ganharam o nome Skol Beats, Daslu, Chakras etc. "Cria-se uma identidade ao produto", justifica Afonso. "A indústria brasileira tem de começar a trabalhar melhor isso."
Reedições
"O brasileiro vê a coletânea como um produto inferior", faz coro Marcus Fabricio, gerente de vendas e marketing estratégico da Sony BMG. "O foco também está nas reedições. Aqui no Brasil quase não existia esse tipo de lançamento. Hoje faz-se com intensidade."
Como exemplos, houve reedições de álbuns clássicos de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa, Tim Maia, trilhas de novelas, entre outros. "Esse é um mercado rentável para as gravadoras, pois os discos já estão gravados. Mas há o lado positivo, que é o de dar oportunidade a um público jovem de entrar em contato com esses artistas", afirma Hime.
Com RONALDO EVANGELISTA, colaboração para a Folha
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