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26/12/2006
-
15h29
DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online
Em 2006, ano de Copa do Mundo, eleições presidenciais e disputa pelo padrão de TV digital, a Rede Globo se superou no grito. Assediada pela Record, sua pequena sósia evangélica, e pela dupla Silvio Santos&Chaves, do cada vez mais indecifrável SBT, o império global botou sua tropa de choque para trabalhar.
Escândalos envolvendo a prata da casa ganharam factóides e elevaram o ibope. Bate-bocas com intelectuais, ex-funcionários e emissoras concorrentes animaram os desafetos de janeiro a dezembro. Os berros de Galvão Bueno e os flertes de Fátima e William nas passagens do "Jornal Nacional" tentaram empurrar o Brasil ao hexa. Não deu, mas haja coração --e estômago.
Já o SBT, sob a mão de ferro de Silvio Santos, seguiu o caminho do silêncio. A grade foi trocada e destrocada sem aviso aos telespectadores. Nem a apresentadora do "SBT Brasil" soube o que chamar após o programa. O homem do baú também decidiu fechar a assessoria de imprensa do canal --para alguns, um golpe de marketing.
No ano em que a antiga TVS comemorou seus 25 anos, a novelinha mexicana "Rebelde" rendeu bons dividendos. Ainda assim, a cena de maior audiência foi a de uma garota dos anos 80 e sua espirituosa piada sobre bambus, postes e mulheres grávidas.
Os dois canais têm algo para brindarem juntos ao final de mais um ano. O lobby pela adoção do sistema de TV digital japonês aproximou concorrentes em 2006. Tudo para cada um reservar seu quinhão, claro.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa (ex-repórter da Globo), e os radiodifusores barraram a entrada imediata de novos canais na TV aberta. Tiraram de campo o padrão europeu e um hipotético padrão brasileiro, que sequer foi cogitado. E tudo isso antes mesmo de o jogo começar.
Barulho nas eleições
A cobertura das eleições pela maior emissora do país em termos de estrutura e alcance também acirrou ânimos em 2006. Para alguns, a TV Globo deixou para trás seu envolvimento nas disputas eleitorais. Para outros, a emissora carioca deu apenas uma boa repaginada para continuar fazendo o "jogo do poder".
Ao menos nas polêmicas, ou seja, no grito, a cobertura de eleições neste ano começou antes mesmo do horário eleitoral gratuito. No final de julho, a Band criticou publicamente o envolvimento histórico das Organizações Globo com o processo político.
Não faltaram ironias à publicidade global, que dias antes bradava: "Eu prometo isenção, transparência e compromisso com a verdade." A Globo respondeu às ironias da Band com ameaça de processo. Ficou só na ameaça, já que alguns meses depois, os dois canais acordaram sobre a divisão da transmissão de campeonatos de futebol em 2007. Amigos de novo.
O SBT preferiu usar o presente para lançar suas críticas à emissora carioca. "Querem transformar eleições em show", cutucou Ana Paula Padrão, ao ganhar o troféu Dia da Imprensa da "Revista Imprensa".
A ex-âncora do "Jornal da Globo" se referia à "Caravana JN", quadro carnavalesco comandado pelo apresentador Pedro Bial. A caravana ganhou até apelido: "Priscilão", em referência ao filme "Priscila, a Rainha do Deserto".
Com o início da cobertura, a guerra declarada entre emissoras ganhou tons amenos. Se a idéia era driblar a mesmice imposta pela rígida lei eleitoral, a Globo atingiu o que queria. Circense ou não, o trio Bonner/Bernardes/Bial conseguiu vender um peixe que no início da corrida eleitoral era tido como podre.
O mau cheiro só voltou aos corredores da emissora carioca em dezembro, quando uma carta do recém-demitido repórter especial Rodrigo Vianna circulou pela mídia repleto de acusações de manipulação na cobertura eleitoral por parte da Globo. Tudo negado pela emissora.
"O futuro já começou"
Sem a entrada de novos concorrentes na TV aberta --ao menos por enquanto--, 2007 promete mais do mesmo. Dia 9 de janeiro, uma nova geração de anônimos ansiosos por seus 15 minutos de fama fará, seja lá o que faça, um dos programas mais rentáveis da televisão nacional. "Big Brother Brasil 7" à vista.
Pouco antes, em 2 janeiro, estréia a minisérie "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes", ambientada no Acre. A produção do folhetim é das mais rigorosas, vem divulgando a Globo.
Teve até "workshop" com pajé da tribo Ashaninkas, que ensinou a atores brasileiros o que é o Acre. Pudera. Dos mais de 60 envolvidos no elenco, apenas uma atriz é acreana.
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Comentário: Em 2006, Globo quis ganhar no grito e SBT silenciou
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da Folha Online
Em 2006, ano de Copa do Mundo, eleições presidenciais e disputa pelo padrão de TV digital, a Rede Globo se superou no grito. Assediada pela Record, sua pequena sósia evangélica, e pela dupla Silvio Santos&Chaves, do cada vez mais indecifrável SBT, o império global botou sua tropa de choque para trabalhar.
Escândalos envolvendo a prata da casa ganharam factóides e elevaram o ibope. Bate-bocas com intelectuais, ex-funcionários e emissoras concorrentes animaram os desafetos de janeiro a dezembro. Os berros de Galvão Bueno e os flertes de Fátima e William nas passagens do "Jornal Nacional" tentaram empurrar o Brasil ao hexa. Não deu, mas haja coração --e estômago.
Já o SBT, sob a mão de ferro de Silvio Santos, seguiu o caminho do silêncio. A grade foi trocada e destrocada sem aviso aos telespectadores. Nem a apresentadora do "SBT Brasil" soube o que chamar após o programa. O homem do baú também decidiu fechar a assessoria de imprensa do canal --para alguns, um golpe de marketing.
Divulgação |
Fauna retrô do SBT comemora 25 anos |
Os dois canais têm algo para brindarem juntos ao final de mais um ano. O lobby pela adoção do sistema de TV digital japonês aproximou concorrentes em 2006. Tudo para cada um reservar seu quinhão, claro.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa (ex-repórter da Globo), e os radiodifusores barraram a entrada imediata de novos canais na TV aberta. Tiraram de campo o padrão europeu e um hipotético padrão brasileiro, que sequer foi cogitado. E tudo isso antes mesmo de o jogo começar.
Barulho nas eleições
A cobertura das eleições pela maior emissora do país em termos de estrutura e alcance também acirrou ânimos em 2006. Para alguns, a TV Globo deixou para trás seu envolvimento nas disputas eleitorais. Para outros, a emissora carioca deu apenas uma boa repaginada para continuar fazendo o "jogo do poder".
Ao menos nas polêmicas, ou seja, no grito, a cobertura de eleições neste ano começou antes mesmo do horário eleitoral gratuito. No final de julho, a Band criticou publicamente o envolvimento histórico das Organizações Globo com o processo político.
Não faltaram ironias à publicidade global, que dias antes bradava: "Eu prometo isenção, transparência e compromisso com a verdade." A Globo respondeu às ironias da Band com ameaça de processo. Ficou só na ameaça, já que alguns meses depois, os dois canais acordaram sobre a divisão da transmissão de campeonatos de futebol em 2007. Amigos de novo.
O SBT preferiu usar o presente para lançar suas críticas à emissora carioca. "Querem transformar eleições em show", cutucou Ana Paula Padrão, ao ganhar o troféu Dia da Imprensa da "Revista Imprensa".
Divulgação |
Nos bastidores, Fátima Bernardes se maquia |
Com o início da cobertura, a guerra declarada entre emissoras ganhou tons amenos. Se a idéia era driblar a mesmice imposta pela rígida lei eleitoral, a Globo atingiu o que queria. Circense ou não, o trio Bonner/Bernardes/Bial conseguiu vender um peixe que no início da corrida eleitoral era tido como podre.
O mau cheiro só voltou aos corredores da emissora carioca em dezembro, quando uma carta do recém-demitido repórter especial Rodrigo Vianna circulou pela mídia repleto de acusações de manipulação na cobertura eleitoral por parte da Globo. Tudo negado pela emissora.
"O futuro já começou"
Sem a entrada de novos concorrentes na TV aberta --ao menos por enquanto--, 2007 promete mais do mesmo. Dia 9 de janeiro, uma nova geração de anônimos ansiosos por seus 15 minutos de fama fará, seja lá o que faça, um dos programas mais rentáveis da televisão nacional. "Big Brother Brasil 7" à vista.
Pouco antes, em 2 janeiro, estréia a minisérie "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes", ambientada no Acre. A produção do folhetim é das mais rigorosas, vem divulgando a Globo.
Teve até "workshop" com pajé da tribo Ashaninkas, que ensinou a atores brasileiros o que é o Acre. Pudera. Dos mais de 60 envolvidos no elenco, apenas uma atriz é acreana.
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