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31/12/2006
-
09h49
LUCAS NEVES
da Folha de S.Paulo, em Los Angeles
Em 1858, ao compilar lições de embriologia e neurologia em um livro para consulta, o anatomista e cirurgião inglês Henry Gray provavelmente não imaginava que o volume viraria um tratado da medicina. Mas o que certamente não passava pela sua cabeça era que, quase 150 anos depois, roteiristas hollywoodianos tirariam do calhamaço "Gray's Anatomy" (Anatomia de Gray) a inspiração para titular uma história de amor, sexo e "mata-mata" profissional ambientada em um hospital de Seattle, noroeste dos EUA.
"Grey's Anatomy", a série, acaba de receber quatro indicações ao Globo de Ouro (incluindo melhor seriado dramático) e viu seu elenco liderar a lista da revista "Entertainment Weekly" de artistas mais influentes em 2006. As menções coroam um ano em que programa passou de sucesso a fenômeno --quando o episódio exibido depois do Super Bowl registrou 38 milhões de espectadores-- e, em julho, foi apontado como a "atração da temporada" pela Associação de Críticos de TV dos EUA. Sobrou até para os legistas de "CSI", que perderam parte de sua audiência para as tramas folhetinescas de Meredith, Derek e cia.
Em entrevista à imprensa estrangeira da qual a Folha participou, em outubro, a atriz Chandra Wilson, que interpreta Miranda Bailey, a supervisora "linha dura" dos internos do Seattle Grace Hospital, creditou o sucesso à intensidade dramática das histórias, sempre perpassadas por vida e morte. "Além disso, para as audiências hispânicas, há uma semelhança com a telenovela que desperta interesse: as tramas se desenvolvem ao longo das semanas, não ficam restritas a um só episódio", disse.
O colega James Pickens Jr., que faz o chefe de cirurgia Richard Webber, apontou a polifonia como o diferencial da série. "Os dramas televisivos costumam ter uma voz única, repetitiva. Shonda [Rhimes, criadora de "Grey's"] deu singularidade e eco a várias vozes."
Já para Isaiah Washington, que encarna o truculento e ultracompetitivo cirurgião Preston Burke, o segredo está na relação que o público estabelece com o programa. "As pessoas não assistem à série, elas a sentem", teoriza o ator, para, em seguida, embarcar numa egotrip. "Hoje, nós [o elenco] não ficamos mais imaginando a "virada" de nossas carreiras. Somos um "Seinfeld", um "Friends" agora!"
Washington, conhecido por seu temperamento genioso, quase arruinou a tal "virada" no início de outubro, num episódio que fez a alegria da imprensa sensacionalista ianque: por causa do atraso de um colega para uma gravação, soltou insultos homofóbicos contra ele e quase saiu no tapa com Patrick Dempsey (intérprete do também cirurgião Derek Shepherd), que tomou as dores do retardatário. Dempsey põe panos quentes no incidente.
"Depois disso, como um grupo, estamos mais unidos e nos comunicando melhor." Será? Atualmente no ar nos EUA, a 3ª temporada deve estrear no Brasil no primeiro trimestre de 2007, no Sony.
O jornalista LUCAS NEVES viajou a convite da Sony Pictures Television International
Especial
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"Grey's Anatomy" fecha 2006 com coleção de prêmios
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da Folha de S.Paulo, em Los Angeles
Em 1858, ao compilar lições de embriologia e neurologia em um livro para consulta, o anatomista e cirurgião inglês Henry Gray provavelmente não imaginava que o volume viraria um tratado da medicina. Mas o que certamente não passava pela sua cabeça era que, quase 150 anos depois, roteiristas hollywoodianos tirariam do calhamaço "Gray's Anatomy" (Anatomia de Gray) a inspiração para titular uma história de amor, sexo e "mata-mata" profissional ambientada em um hospital de Seattle, noroeste dos EUA.
"Grey's Anatomy", a série, acaba de receber quatro indicações ao Globo de Ouro (incluindo melhor seriado dramático) e viu seu elenco liderar a lista da revista "Entertainment Weekly" de artistas mais influentes em 2006. As menções coroam um ano em que programa passou de sucesso a fenômeno --quando o episódio exibido depois do Super Bowl registrou 38 milhões de espectadores-- e, em julho, foi apontado como a "atração da temporada" pela Associação de Críticos de TV dos EUA. Sobrou até para os legistas de "CSI", que perderam parte de sua audiência para as tramas folhetinescas de Meredith, Derek e cia.
Divulgação |
Seriado tem 4 indicações ao Globo de Ouro |
O colega James Pickens Jr., que faz o chefe de cirurgia Richard Webber, apontou a polifonia como o diferencial da série. "Os dramas televisivos costumam ter uma voz única, repetitiva. Shonda [Rhimes, criadora de "Grey's"] deu singularidade e eco a várias vozes."
Já para Isaiah Washington, que encarna o truculento e ultracompetitivo cirurgião Preston Burke, o segredo está na relação que o público estabelece com o programa. "As pessoas não assistem à série, elas a sentem", teoriza o ator, para, em seguida, embarcar numa egotrip. "Hoje, nós [o elenco] não ficamos mais imaginando a "virada" de nossas carreiras. Somos um "Seinfeld", um "Friends" agora!"
Washington, conhecido por seu temperamento genioso, quase arruinou a tal "virada" no início de outubro, num episódio que fez a alegria da imprensa sensacionalista ianque: por causa do atraso de um colega para uma gravação, soltou insultos homofóbicos contra ele e quase saiu no tapa com Patrick Dempsey (intérprete do também cirurgião Derek Shepherd), que tomou as dores do retardatário. Dempsey põe panos quentes no incidente.
"Depois disso, como um grupo, estamos mais unidos e nos comunicando melhor." Será? Atualmente no ar nos EUA, a 3ª temporada deve estrear no Brasil no primeiro trimestre de 2007, no Sony.
O jornalista LUCAS NEVES viajou a convite da Sony Pictures Television International
Especial
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