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02/01/2007 - 10h23

Globo constrói "Projacre" para minissérie; Lula pode ser personagem

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LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

"Nasce gente lá?" A novelista Glória Perez, 58, finalmente vai responder em horário nobre da Globo à piada que se cansou de ouvir quando dizia ser acreana.

A partir de hoje, às 21h55, ela conta a história de seu Estado natal em "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes", uma das minisséries mais caras já produzidas na televisão brasileira.

Natural da capital Rio Branco, Perez mudou-se com a família do Acre para o Rio, onde se formou em história e passou a ser autora de TV.

"Cheguei e me dei conta de que ninguém sabia nada de nós, acreanos, de nossa vida, nossa luta para nos integrar ao Brasil. O Acre era sempre motivo de piada. "Nasce gente lá?". Todo acreano escutava isso. Desde então, eu quis contar essa história", diz a escritora à Folha.

Após o sucesso de audiência de outras séries históricas, como "Um Só Coração" e "JK", a Globo deu "ok" ao projeto de Perez. Serão retratados cem anos da epopéia do Acre, desde as guerras entre bolivianos e brasileiros pela posse da região, no início do século passado, até o assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, em 1988.

Superprodução

Em meio à expansão da Record na teledramaturgia, a Globo decidiu dar ares de superprodução à "Amazônia".

Cada um dos 48 capítulos tem um orçamento de no mínimo R$ 400 mil (o dobro de um episódio de novela), o que eleva o custo da produção a algo em torno de R$ 20 milhões.

E não faltam números "amazônicos" para impressionar:

1) Metade do elenco da Globo foi mobilizada para a gravação, o que significa cerca de 200 atores e atrizes;

2) Mais de 150 profissionais do canal passaram 72 dias em gravações no Acre e Amazonas;

3) Perto de 20 toneladas de equipamentos foram utilizadas, e em torno de 16 mil peças de figurino, confeccionadas;

4) Em um mês, duas cidades cenográficas foram levantadas no Acre por 270 profissionais contratados em uma área de dois mil metros quadrados;

5) Aproximadamente 600 acreanos fizeram figuração nos seringais e nos Exércitos do Brasil e da Bolívia.

A construção do "Projacre" contou com o apoio do então governador do Estado, Jorge Viana (PT), e o incentivo da ministra acreana e também petista Marina Silva (Meio Ambiente). À Folha, Perez não deixou claro de que forma eles colaboraram. "O governador nos deu o suporte que os governos costumam dar a esse tipo de produção. Tanto ele como a ministra participam do entusiasmo de todos os acreanos pela minissérie. Estão todos mobilizados. Recebo documentos antigos, fotografias, relatos", diz.

Apesar de "Amazônia" começar em 1899 e chegar à década de 1980, Viana e Silva não serão retratados. Mas Perez tem planos de colocar na história o companheiro-mor dos petistas, Luiz Inácio Lula da Silva.

"O presidente Lula é personagem de um momento muito marcante na vida de Chico Mendes: foi em conseqüência de um discurso que fez quando mataram o [sindicalista] Wilson Pinheiro [1980] que Chico acabou preso. Ainda não comecei a escrever essa parte da história, portanto, é cedo para dizer se o episódio será mostrado", despista a escritora.

Ficção e realidade

A exemplo das outras minisséries históricas da Globo, "Amazônia" mistura fatos reais com ficção. A segunda das três fases que compõem a obra é ambientada na década de 1940 e será quase inteiramente composta por personagens fictícios.

Essa parte é baseada em dois romances de autores acreanos, "Terra Caída", de José Potyguara, e "O Seringal", de Miguel Ferrante, pai de Perez. "Mas também aparecerão personagens reais que ficaram na memória popular", diz a novelista.

Entre eles, estão o padre José (Antônio Calloni), que auxiliava os moradores com conselhos e remédios, o poeta Juvenal Antunes (Diogo Vilela) e Chico Mendes quando criança.

Quem já viu novela da autora ("O Clone", "América") sabe que ela certamente vai abusar da ficção. Seu estilo mirabolante deverá vir à tona sobretudo quando a série explorar as lendas amazônicas. Ou tem algo mais "Glória Perez" do que um boto que se transforma em um lindo rapaz e beija a mocinha à beira do rio? Giovanna Antonelli foi brindada com a personagem Delzuite, que nadará com o boto e, depois de engravidar, dirá que o filho é dele.

Ela é filha de Bastião (Jackson Antunes), que fugiu com a família da seca nordestina para trabalhar em seringais do Acre. Ele acaba nas mãos do Coronel Firmino (José de Abreu), dono de um seringal que desenvolve com empregados um sistema quase escravocrata. São personagens inventados, mas em situações enfrentadas na realidade acreana. Já aqueles que existiram de verdade ganharão, na caneta de Glória Perez, vidas para lá de folhetinescas.

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