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12/01/2007 - 17h15

SPFW faz palestras sobre saúde de modelos no MAM

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da Folha Online

Depois de proibir modelos menores de 16 anos em suas passarelas, os organizadores da SPFW (São Paulo Fashion Week) estão investindo em educação para a saúde das modelos.

A partir do próximo dia 22, especialistas em psicologia e nutrição farão palestras sobre saúde de modelos no MAM (Museu de Arte Moderna).

Serão médicos, psicólogos e nutricionistas falando sobre a importância da educação alimentar para dois públicos distintos: modelos e seus pais.

O evento marca também o lançamento de uma cartilha criada para orientar os jovens que pretendem ingressar, ou se manter na carreira, a ter uma vida saudável.

As ações fazem parte de um programa de responsabilidade social desenvolvido pela organização da SPFW. A partir deste ano, os modelos só poderão desfilar se tiverem mais de 16 anos e apresentarem atestado médico.

A definição da idade mínima leva em conta o período de transformação física e psicológica dos adolescentes, além de levar em conta que o jovem deverá ter concluído o ensino fundamental.

"Os 16 anos marcam o término do crescimento da maior parte dos adolescentes. As transformações corporais que ocorrem da infância à adolescência já se completaram", afirma Mauro Fisberg, chefe do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente, CAAA, da Unifesp/EPM.

As palestras serão ministradas por quatro especialistas.

Cristiano Nabuco de Abreu, psicólogo e coordenador da equipe de psicologia do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (AMBULIM) vai explorar a importância da auto-estima para se alcançar objetivos de forma eficaz e segura.

Alexandra Rodrigues, nutricionista-chefe do projeto Saúde Modelo do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Unifesp/EPM, vai abordar a importância da educação alimentar e o vigor necessário para a profissão. Os dois darão palestras para os modelos.

Para falar com os pais dos modelos foram convidados Liliane Kijner Kern, psiquiatra e terapeuta de família do Programa de Orientação e Assistência a Pacientes com Transtornos Alimentares, do Departamento de Psiquiatria da Unifesp (Proata). Kern também é mestre em Ciências pela Unifesp e em terapia de família pela Nova Southeastern University, da Flórida (EUA). Ela irá alertar os pais para o fato de as meninas, apesar de terem ingressado no mercado de trabalho precocemente, ainda estão em processo de desenvolvimento emocional e que é fundamental que elas sejam monitoradas.

Outra palestrante será Ana Maria Roma Devoraes, nutricionista especializada em transtorno alimentar do Proata que vai dar dicas de como os pais podem e devem ajudar essas meninas a driblarem as dificuldades de comer de forma saudável morando sozinhas, passando períodos longos em viagem e seguindo o estilo de vida dos profissionais da área.

A discussão sobre o peso e a saúde das tops ganhou força em novembro passado depois das mortes da modelo Ana Carolina Reston, 21, e da estudante de moda Carla Casalle, 22, ambas causadas por complicações decorrentes da anorexia.

Com a limitação de idade, tops como Camila Finn e Bruna Sotilli, que têm 15 anos, e a revelação Bruna Hort, 14, ficarão de fora.

Madri

A iniciativa da SPFW segue uma tendência iniciada pela semana de moda de Madri, um dos eventos mais prestigiosos da Espanha, que proibiu modelos magras demais de desfilar nas suas passarelas.

Naquela cidade, as modelos que tiverem índice de massa corporal (IMC) --adotado pela Organização Mundial de Saúde para o cálculo do peso ideal de cada indivíduo-- inferior a 18 kg/m2, foram proibidas de desfilar no evento pela Associação Espanhola de Estilistas de Moda.

A presença de modelos consideradas magras nas passarelas levou a protestos de médicos e grupos de defesa dos direitos das mulheres. A associação concordou em usar o IMC em resposta à pressão do governo regional.

O IMC é calculado dividindo o peso pela altura ao quadrado. Uma pessoa que pesa 55 kg e tem 1.70 m de altura, por exemplo, tem o IMC de 19.03 kg/m2. Especialistas em saúde das Nações Unidas recomendam que o BMI fique em torno de 18,5 kg/m2 e cerca de 25 kg/m2.

A Associação para Anorexia e Bulimia da Espanha disse que se os estilistas se recusarem a seguir essas restrições voluntariamente, o governo deveria transformar em lei a proibição de modelos muito magras.

Alguns setores do mundo da moda expressaram indignação com a idéia de restrições a peso.

Aqui no Brasil, a colunista de moda Glória Kalil publicou um editorial em seu site "Chic" criticando a caça à magreza. Indignada, questionava-se sobre a razão de ninguém proibir concursos de rei momo e de papai noel, que, segundo o artigo, incentivariam à estética da obesidade.

Milão

Os casos da modelo Ana Carolina Reston e da estudante de moda Carla Casalle, mortas no Brasil em conseqüência de anorexia nervosa, reacenderam o debate na Itália sobre a relação entre moda e a doença.

Esse debate já havia sido iniciado no país após o governo da Espanha ter decidido colocar um limite à magreza das modelos que participam de desfiles de moda, levando a discussões sobre uma eventual medida semelhante na Itália.

"A morte das duas moças brasileiras teve grande influência na decisão de criar um código de regulamentação para o setor da moda", reconhece a porta voz do Ministério para a Política Juvenil, Lucia Uriuoli.

Ela disse que o ministério começou a discutir a questão logo após a decisão do governo espanhol.

"Poucos dias depois chegou a notícia do Brasil e isto reacendeu o debate, porque a taxa de mortalidade por anorexia entre moças normais está aumentando."

O Ministério para a Política Juvenil e o Esporte está centralizando as discussões que devem definir as linhas de conduta. Psicólogos e médicos participam da discussão, além de estilistas, organizadores de desfiles, associações de categoria e publicações especializadas.

Segundo a porta-voz do ministério, houve contato com diversos estilistas, como Armani, Dolce & Gabbana, Laura Buiagiotti e Versace. Todos teriam dado uma avaliação positiva sobre a iniciativa.

Nova York

O debate também tomou as atenções dos organizadores dos desfiles de moda em Nova York. No entanto, ao contrário do que ocorreu em Madri e em Milão, os modelos muito magros não serão proibidos de desfilar.

O Conselho de Estilistas da América (CFDA, sigla em inglês), recomendou que os modelos que tenham distúrbios alimentares procurem tratamento médico. Além disso, modelos mais jovens terão horas de trabalho limitadas, suprimento de comida saudável será fornecido nos bastidores dos desfiles e o fumo e o álcool serão proibidos.

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