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01/02/2007 - 08h10

Chef Bourdain revela sexo, drogas e rock 'n'roll da gastronomia

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RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online

Chef renomado, escritor polêmico, apresentador, showman e entertainer de TV de primeira grandeza, Anthony Bourdain, 51, desembarca em São Paulo hoje e prova pela primeira vez os famosos pastéis de bacalhau e sanduíches de mortadela do Mercado Municipal. Isso depois de tomar um nababesco café da manhã com jornalistas no hotel Hyatt.

Odiado por defensores de animais e vegetarianos --ódio, aliás, recíproco-- e identificado pelo próprio canal como um "Indiana Jones da gastronomia", sempre disposto a comer com prazer diante das câmeras do olho de um filhote de foca ao coração ainda pulsante de uma serpente (ele já cansou dessa citação), passando por tudo que inclua porco ou contenha foie gras, Bourdain ficou famoso mundialmente ao publicar em 2001 o livro "Cozinha Confidencial" (Companhia das Letras).

O livro causou furor. Nele, relatou três décadas de experiências nas cozinhas dos principais restaurantes do mundo até chegar ao posto supremo de "chef".

Divulgação
Anthony Bourdain em episódio de "Anthony Bourdain: Sem Reservas"
Anthony Bourdain em episódio de "Anthony Bourdain: Sem Reservas"
As "experiências" incluíam não só os bastidores dos restaurantes duas e três estrelas pelos quais passou, e a revelação de temperamentos de seus pares, colegas e superiores durante esse aprendizado, mas também os segredos de alcova no mundo da alta gastronomia, bem como os "podres" que envolvem esse universo tão sui generis e tão ou mais forrado de estrelas temperamentais e talentosas que o mundo do rock. Bourdain é isso. Ele é o rock'n'roll --quiçá o punk-- da cozinha mundial contemporânea.

O próprio chef sucumbiu à pressão desse mundo egocêntrico, onde o erro não é jamais permitido. Ele não hesita em revelar com sinceridade como se viciou e livrou da cocaína e, mais tarde, da heroína, usadas alucinadamente durante o preparo de bufês, ou durante e após o expediente.

O álcool, no entanto, continua seu parceiro. Ele faz questão de não esconder isso. Aliás, não esconde nada.

Mordaz, sarcástico e absolutamente incorreto politicamente, é veloz ao responder do alto dos cerca de 1m90 e 83 quilos qual sua receita para comer tanto e continuar com o corpo eternamente esguio: "Não comer nada entre as refeições e três maços de Marlboro por dia".

No Brasil há quatro livros de sua autoria, todos da Companhia das Letras: "Anthony Bourdain e as Receitas do Les Halles - Nova York" (restaurante do qual é o chef titular e vitalício), "Cozinha Confidencial: uma Aventura nas Entranhas da Culinária", Em Busca do Prato Perfeito: um Cozinheiro em Viagem" e "Bobby Gold: Leão-de-Chácara" (romance).

Sem reservas

Bourdain apresenta desde 2000 um dos programas mais assistidos do DT&L, o "Sem Reservas". Já visitou os países e culinárias mais distintos possíveis, como Vietnã, Camboja, Índia, Coréia, Canadá, México, Brasil (adorou feijoada, que considera um prato perfeito), norte do Canadá (onde comeu a pobre foquinha), Japão, Porto Rico (onde "caçou" um chupa-cabras), México (onde viu o primeiro animal ser morto para ser preparado) e, a principal experiência, a qual considera a epifania que o levou à carreira culinária: a primeira ostra que provou retirada do mar, na costa da França.

No programa, cujo formato, sim, é o verdadeiro reality show, já correu riscos consideráveis.

Na Nova Zelândia capotou com um triciclo motorizado durante as filmagens e quase quebrou o pescoço. Na Índia, tomou a versão mais concentrada de uma "cachaça" alucinógena local e apagou na areia da praia. Na selva amazônica, apesar da proibição do canal, bebeu Santo Daime e "viajou". Na Islândia, provou uma iguaria feita com carne podre (sic) de tubarão "conservada" em ácido.

"Não passei mal (do ponto de vista intestinal), mas foi a pior coisa que coloquei na minha boca até hoje."

Amante de Ramones, inimigo número 1 de karaokês, implicante com a humanidade comum por natureza, Bourdain não suporta (gratuitamente) a atriz Helen Hunt, que faz questão de chamar de "canastrona". Também odeia --mais aí por motivos pessoais-- o ator Woody Harrelson, um xiita norte-americano defensor da alimentação estritamente vegetariana.

"Gente como ele acha que vale mais a pena manter o cólon limpo (das impurezas da carne) do que ter qualquer experiência na vida. A verdade é que gente assim nem vive."

Isso é Anthony Bourdain.

Especial
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