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04/02/2007 - 21h31

Saramago diz que escreve por não ter "nada melhor para fazer"

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da Efe, em Arrecife de Lanzarote (Espanha)

Aos 85 anos, o prêmio Nobel de Literatura José Saramago disse que continua escrevendo "para tentar entender" e porque não tem outra coisa melhor para fazer.

O escritor português fez essas declarações no povoado de Tias, localidade da ilha canária de Lanzarote, onde mora há vários anos, durante a festa de apresentação do seu novo livro, "As Pequenas Memórias".

O livro narra uma história na qual o autor português volta no tempo para, a partir de suas origens rurais e humildes, convidar os jovens a aprender que a vida "não é tão fácil".

Saramago destacou ainda que não entende muitas coisas e afirmou que continua escrevendo para "tentar entender, e porque não tem nada melhor para fazer", sabendo que chegará no final sabendo o "mesmo que sabia antes, ou seja, pouco ou quase nada".

O escritor reconheceu que teve uma vida "que teve de tudo" e lembrou o momento em que, ao receber o prêmio Nobel, disse não "ter nascido para algo assim". "Isso resume a história de cada um dos seres humanos: a história entre não ter nascido para algo, e no final, acabar tendo, é a história de cada um de nós", afirmou.

O autor afirmou que isso não significa que tenhamos nascido para nada, mas sim que "não sabemos para que nascemos". "Temos pela frente uma coisa que chamamos 'vida', e que temos que vivê-la e fazer algo com o tempo que temos."

Saramago concluiu sua reflexão afirmando que os humanos, no fundo, são "transportadores do tempo, porque o levamos conosco, o usamos, às vezes o esbanjamos e às vezes resta algo, embora tudo esteja condenado ao esquecimento'.

Além disso, advertiu que o mundo está "cruzando uma porta", e que a mudança climática "vai mudar o mundo". Afirmou também que o tempo do desperdício está se aproximando do fim, e que o tempo da responsabilidade talvez tenha que começar agora.

Saramago reconheceu que a idéia de escrever "As Pequenas Memórias" era antiga, de mais de 20 anos atrás. "Sempre tive imagens da infância e da adolescência muito vivas, e eu gostaria que este livro fosse um ato de homenagem a meus pais e a meus avôs", explicou.

Nessa volta ao passado, acrescentou, não procura falar de si mesmo. "Falo do que penso, do que sinto, mas pouco de mim", afirmou.

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