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06/02/2007 - 08h59

Produtores do mundo pop assumem importância comparável à dos artistas

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THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

Mais do que um registro nos créditos dos discos, o nome do produtor está ganhando tanta importância artística quanto a do próprio artista que aparece na capa do álbum.

É verdade que o produtor sempre teve papel importante no pop, como atestam nomes como George Martin, dos Beatles, ou Quincy Jones, de uma legião de estrelas, entre elas Michael Jackson. Mas, hoje, o produtor vai saindo do segundo plano para se tornar ele mesmo um autor dos trabalhos. Muitos deles lançam discos e fazem shows. Gente como Timbaland, Mark Ronson, Neptunes, Paul Epworth e Danger Mouse define o som de um artista mais até do que ele próprio.

Um dos casos emblemáticos é o de Nelly Furtado. Quando a luso-canadense decidiu transformar-se de cantora de balada romântica (vide o hit baba "I'm Like a Bird", de 2000) para popstar sexy de batidas dançantes, ela contratou Timbaland para conduzir seu último disco, "Loose" (2006), que é recheado com as rebolantes "Promiscuous" e "Maneater".

Se um artista quer fazer uma canção de batidas sexies, que transitem entre o r&b e o rap, Timbaland é o nome procurado. Justin Timberlake fez isso. Contratou Timbaland para ajudá-lo a gravar "FutureSex/LoveSounds". Dali saíram hits como "SexyBack" e "My Love".

A parceria Timberlake-Timbaland é tão próxima que o cantor convocou o produtor para sua atual turnê americana.

O estilo de produção de Timbaland e dos Neptunes (característica: muita percussão, batidas quebradas dançantes; produziram Britney Spears, Snoop Dogg, Gwen Stefani) pode ser comparado ao de Phil Spector. Nos anos 60, Spector criou o "muro sonoro", em que melodias pop eram contornadas por camadas de guitarras.

"Os Neptunes têm um som bem distinto de bateria e percussão. Não importa quem esteja cantando, você sabe que aquilo foi produzido por eles", diz à Folha um dos mais requisitados produtores atuais, Mark Ronson. "Gosto mais da escola de Quincy Jones, de deixar o artista definir o início da faixa e aí você entra com suas idéias para melhorar aquilo."

O "som de Mark Ronson" é inspirado em timbres de canções obscuras dos anos 60 e 70. Isso pode ser ouvido em "Alright, Still", de Lily Allen, e em "Back to Black", de Amy Winehouse, ambos de 2006.

"Com Lily tive um jeito mais hip hop de produzir, íamos a lojas de discos, procurávamos samples de coisas antigas. No estúdio, eu fazia algumas batidas e perguntava: "Você gosta dessa? E dessa?". No dia seguinte, escrevíamos a canção", diz.

"Com a Amy foi um estilo "jazzy". Ela aparecia com uma guitarra e tocava uma melodia, que geralmente soava como um soul lento. Ela ia embora e eu ficava no estúdio trabalhando nos acordes, tentando possibilidades de arranjos, sentava na bateria, ao piano, fazia qualquer coisa. Amy queria que o disco soasse como os álbuns clássicos de soul dos anos 60."

O sucesso no estúdio anima os produtores. Timbaland lança neste ano um álbum solo, que terá participação de Timberlake, Nelly Furtado, Fall Out Boy, Missy Elliott, Elton John, entre outros. O britânico Ronson coloca seu "Version" nas lojas em abril.

Para Daniel Ganjaman, integrante do coletivo Instituto e produtor de artistas como Mombojó, Sabotage e Forgotten Boys, a crescente importância do papel do produtor tem efeitos colaterais. "Muitas vezes o artista é apenas uma marionete do produtor, não faz idéia do conceito que está presente na música. A Nelly Furtado é um exemplo. As músicas são do Timbaland e não dela."

No Brasil, diz, esse fenômeno está aparecendo aos poucos. "As cantoras da nova safra de r&b são todas mal produzidas. Usam a cartilha de produtor americano de 20 anos atrás."

Por aqui, um dos produtores mais bem-sucedidos comercialmente é Rick Bonadio, que coloca um verniz pop em bandas roqueiras. Suas produções costumam se encaixar no padrão radiofônico brasileiro, como as canções de CPM 22, NXZero, Hateen e, seu maior sucesso, Mamonas Assassinas.

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