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08/02/2007
-
12h29
MARY PERSIA
da Folha Online
Shakespeare registrou, 400 anos atrás, pela boca de Henrique 4º: "A apreensão mora na cabeça de quem usa a coroa". Elizabeth 2ª, a monarca mais poderosa de nosso tempo, deve saber muito bem disso --especialmente após a morte de Diana, princesa de Gales, dez anos atrás.
Em "A Rainha" (estréia nesta sexta), Stephen Frears conta a seu modo os sentimentos, atitudes e motivações da família real nesse episódio. Num misto de reconstituição e ficção, o longa --que concorre a seis Oscars e já faturou US$ 90 milhões (a um custo módico de US$ 9 milhões)-- mostra que a realeza britânica de fato é um dos maiores vendedores de jornais da atualidade. E Frears traz um apelo extra: a força do carisma de Diana, em imagens de arquivo.
O filme tenta transpor a sisudez do palácio de Buckingham para levar o espectador ao convívio da realeza. Com humor, apresenta as rotinas de Elizabeth 2ª (Helen Mirren) e do primeiro-ministro Tony Blair (Michael Sheen), empossado menos de três meses antes da morte de Diana.
A dose cômica do filme está também presente com Cherie Blair (Helen McCrory), que, representante do cidadão comum, vê a monarca como uma alienígena --ou, no mínimo, alienada. A rainha-mãe (Sylvia Syms), e o príncipe Charles (Alex Jennings) também conferem simpatia ao longa.
Duelo
A insistência da rainha em manter o caso como um assunto particular, de interesse estritamente da família, permeia sua relação com Blair, que soube capitalizar com o episódio. Se a soberana ignora a comoção pública, lá está o primeiro-ministro respondendo pelo governo, por um lado, e tentando convencê-la a mudar sua postura, de outro.
Mas, quanto mais o filme roda, mais fica claro que há duas rainhas, e que elas duelam --mesmo que uma tenha morrido. Como estamos nos tempos modernos, a batalha se dá na mídia --e Diana protagonizou uma vitória esmagadora.
A "princesa do povo" fez os índices de popularidade da rainha caírem a patamares que, para os mais alarmistas, poderiam vir a ser ameaçadores caso não houvesse um contra-ataque. E ele veio --mas, num dos paradoxos da guerra, foi a favor de Diana.
Acuada, Elizabeth 2ª se viu obrigada a reverenciar aquela que, segundo suas crenças, não era apropriada para a família real. Já era quase tarde demais para uma reação. Houve tempo suficiente para surgir uma guerra quase declarada com os Spencer --Charles, irmão da princesa de Gales, criticou a família real na presença da rainha, durante o funeral da irmã. Dias depois do acidente em Paris, Elizabeth 2ª capitulou e foi perdoada pelo povo.
Justo, o longa tenta trazer as motivações para as atitudes da soberana, sempre apoiadas pelo príncipe Philip (James Cromwell). Há quem afirme que apenas um episódio exigiu mais de Elizabeth 2ª em termos de repercussão do que a morte de Diana: sua própria coroação em 1952, aos 25 anos, após a morte do pai, o rei George 6º --um fato que, em parte, explicaria por que a rainha é como é.
Frears --conhecido por "Alta Fidelidade", "Ligações Perigosas", "Os Imorais" e "Sra. Henderson Apresenta"-- concorre ao Oscar de melhor diretor por "A Rainha", que disputa ainda as categorias de melhor filme, atriz (Helen Mirren), roteiro original (Peter Morgan), figurino (Consolata Boyle) e trilha sonora (Alexandre Desplat). A premiação acontece no dia 25 de fevereiro, em Los Angeles.
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"A Rainha" traz duelo de soberanas na Inglaterra moderna
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da Folha Online
Shakespeare registrou, 400 anos atrás, pela boca de Henrique 4º: "A apreensão mora na cabeça de quem usa a coroa". Elizabeth 2ª, a monarca mais poderosa de nosso tempo, deve saber muito bem disso --especialmente após a morte de Diana, princesa de Gales, dez anos atrás.
Divulgação |
"A Rainha" é estrelado por Helen Mirren |
O filme tenta transpor a sisudez do palácio de Buckingham para levar o espectador ao convívio da realeza. Com humor, apresenta as rotinas de Elizabeth 2ª (Helen Mirren) e do primeiro-ministro Tony Blair (Michael Sheen), empossado menos de três meses antes da morte de Diana.
A dose cômica do filme está também presente com Cherie Blair (Helen McCrory), que, representante do cidadão comum, vê a monarca como uma alienígena --ou, no mínimo, alienada. A rainha-mãe (Sylvia Syms), e o príncipe Charles (Alex Jennings) também conferem simpatia ao longa.
01.jul.1997/AP |
Longa tem imagens de Diana |
A insistência da rainha em manter o caso como um assunto particular, de interesse estritamente da família, permeia sua relação com Blair, que soube capitalizar com o episódio. Se a soberana ignora a comoção pública, lá está o primeiro-ministro respondendo pelo governo, por um lado, e tentando convencê-la a mudar sua postura, de outro.
Mas, quanto mais o filme roda, mais fica claro que há duas rainhas, e que elas duelam --mesmo que uma tenha morrido. Como estamos nos tempos modernos, a batalha se dá na mídia --e Diana protagonizou uma vitória esmagadora.
A "princesa do povo" fez os índices de popularidade da rainha caírem a patamares que, para os mais alarmistas, poderiam vir a ser ameaçadores caso não houvesse um contra-ataque. E ele veio --mas, num dos paradoxos da guerra, foi a favor de Diana.
Divulgação |
Filme traz reação da rainha Elizabeth 2ª |
Justo, o longa tenta trazer as motivações para as atitudes da soberana, sempre apoiadas pelo príncipe Philip (James Cromwell). Há quem afirme que apenas um episódio exigiu mais de Elizabeth 2ª em termos de repercussão do que a morte de Diana: sua própria coroação em 1952, aos 25 anos, após a morte do pai, o rei George 6º --um fato que, em parte, explicaria por que a rainha é como é.
Frears --conhecido por "Alta Fidelidade", "Ligações Perigosas", "Os Imorais" e "Sra. Henderson Apresenta"-- concorre ao Oscar de melhor diretor por "A Rainha", que disputa ainda as categorias de melhor filme, atriz (Helen Mirren), roteiro original (Peter Morgan), figurino (Consolata Boyle) e trilha sonora (Alexandre Desplat). A premiação acontece no dia 25 de fevereiro, em Los Angeles.
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