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04/03/2007 - 06h00

Leia cartas publicadas no Painel do Leitor

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da Folha de S.Paulo

Leia abaixo cartas publicadas no Painel do Leitor, entre os dias 19 e 28 de fevereiro, comentando os artigos de Renato Janine Ribeiro e outros autores. Os textos são tema de reportagem "Dizer o Indizível", publicada neste domingo no caderno Mais!, disponível para assinantes da Folha e do UOL.




São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

"Como mulher e mãe de dois filhos, compartilho com o filósofo Renato Janine Ribeiro (artigo "Razão e sensibilidade", Mais!, ontem) suas angústias e inquietações diante do crime bestial que ceifou a vida inocente de João Hélio. Num Brasil em que estamos construindo uma sociedade cada vez mais antropofágica, parabenizo o professor de ética e filosofia política da USP pela coragem de expor seu pensamento e posso afirmar que a pena de morte já existe, sim, entre nós, só que para matar pessoas inocentes, indefesas e do bem, que ainda têm a preocupação e a responsabilidade de construir um mundo melhor, mais justo e mais fraterno. HELOISA COSTA (São Luís, MA)

"Lamento que um intelectual da magnitude do professor Renato Janine Ribeiro (artigo "Razão e sensibilidade", Mais!, ontem), numa dialética enviesada, venha publicamente defender idéias como: "Se não defendo a pena de morte contra os assassinos [de João Hélio], é apenas porque acho que é pouco. Não paro de pensar que deveriam ter uma morte hedionda, como a que infligiram ao pobre menino". Recomendo que o professor Janine reflita sobre o exemplo --exposto por ele mesmo-- do "sr. Masataka Ota, pequeno empresário cujo filho pequeno foi assassinado", que perdoou os assassinos e que, "embora pudesse matá-los, não o fez". O sr. Masataka "quis que (os assassinos) fossem julgados e lamenta que já estejam soltos, poucos anos após o crime hediondo". Porém o professor apressadamente conclui que "ele (o sr. Masataka) é um caso raro --e admirável-- em não querer se vingar". Pois eu lhe digo, professor Janine, que não é tão raro assim pessoas que valorizam a vida --qualquer vida-- e acreditam que os criminosos devam ser julgados e sofram a pena prevista por lei. Isto é, leis sensatas como existem na legislação penal brasileira, e não extravagâncias sádicas como o retorno a 'suplícios medievais" ou a condenação a pena de morte para delituosos."
JUAREZ DUARTE BOMFIM (Salvador, BA)




São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

"Torcer para que infanticidas recebam, na cadeia, uma punição demorada e sofrida, confessar-se consolado com a possibilidade de infanticidas serem chacinados na cadeia, em nada contribuem para o aprimoramento das relações humanas, em nada favorecem um debate racional das instituições estatais, apenas evidenciam a irresponsabilidade de quem, por ocupar privilegiadamente o espaço público, deveria dedicar-se a ensinar a condição ética da liberdade humana. O artigo de Renato Janine Ribeiro (Mais!, 18/2), dedicado a uma rasa defesa da vingança, não possui sequer um verniz iluminista, evidenciando em sua argumentação o mais retrógrado obscurantismo."
REINALDO PEREIRA E SILVA (Florianópolis, SC)

"Fiquei aliviada ao ler o artigo do professor Renato Janine Ribeiro (Mais!, 18/2). O crime contra João Hélio atinge a todos nós, cidadãos, mães, pais, educadores. É impossível ficarmos impassíveis diante de um crime dessa natureza. Sou professora de psicopatologia e concordo com o professor Janine: estamos diante de criminosos cuja recuperação é praticamente impossível. Como o Estado se posiciona diante de um crime cuja brutalidade ultrapassa a condição humana? Leis caducas não mais contemplam o caos em que este país se encontra. Esse crime não matou um menino. Matou o nosso futuro. E, se não exigirmos mudanças imediatas de legisladores e governantes, esse crime matará o país!"
GEORGINA FANECO MANIAKAS , professora (Rio Claro, SP)




São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

"Parabéns ao professor Renato Janine Ribeiro (Mais!, 18/2) pela coragem de mostrar a cara e assumir o que pensa. Chega de demagogia. Chega de imaginar que somos um país civilizado. Chega de fazer ode aos direitos humanos e, covardemente, deixar que os humanos direitos sofram os desatinos de uma sociedade degenerada, que só tem disposição para ver novela, sair atrás do trio elétrico e ver a bola rolar no gramado. Que tristeza."
LEILA DONIZETTI FREITAS SANTOS NUNES (Nova Lima, MG)

"O rebaixamento da idade mental do debate sobre idade penal veio de onde menos se esperava: no artigo "Razão e sensibilidade" (Mais! de 18/2). Nele, Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia política da USP, parte para a pura e simples ignorância. Na falta de argumentos razoáveis para defender os seus instintos mais primitivos, ele questiona a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei" (artigo 6º). Vejamos a "pérola" do professor de ética e filosofia: "É-se humano somente por se nascer com certas características? Ou a humanidade se constrói, se conquista -e também se perde?". O filósofo comete uma desonestidade intelectual ao colocar no mesmo nível os atos dos "criminosos" e os atos do Estado. No Estado republicano de Direito, a lei serve principalmente para impedir os abusos dos governantes. Todo governante é servidor público. Ninguém está acima da lei. Será que é essa a "ética" que o professor ensina a seus alunos (e futuros professores) na maior universidade pública brasileira? Se nem o Estado brasileiro nem seus agentes precisam cumprir as leis, como é que vamos definir quem é o criminoso?"
MAURO ALVES DA SILVA , presidente do Grêmio SER Sudeste - Promoção da Cidadania e Defesa do Consumidor (São Paulo, SP)




São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

"É inacreditável, mesmo resguardados os direitos máximos de livre opinião e pensamento, que cidadãos, como um que escreveu no "Painel do Leitor" de 20/2, venham a falar em iluminismo e obscurantismo citando o artigo de Renato Janine Ribeiro (Mais!, 18/2). Obscurantismo é, em pleno século 21, uma criança ser arrastada até a morte em um "simples roubo de veículo, praticado por deficientes sociais". Obscurantismo é falar sobre ética da liberdade humana tentando aplicá-la a um caso patente de falta de liberdade, de ética e de humanismo, como que tentando justificar o injustificável ou querendo imputar à sociedade a culpa pela existência de alguns monstros com DNA de "Homo sapiens". Sociólogo de formação, de há muito já percebi a real existência de pessoas irrecuperáveis para o convívio social. Essas ultrapassadas teses acadêmicas, hoje comprovadamente sem vínculo com a realidade, são apenas teses, sem valor nenhum. Por último: o professor Renato Janine é detentor de ilibada reputação e maior ainda conhecimento da área. Poucos seríamos capazes de contestá-lo racionalmente."
SILVANO CAMARGO LOPES, sociólogo (São Sebastião, SP)

"Agradeço sinceramente a Vinicius Torres Freire pelo artigo "Convite à filosofia da morte" (Dinheiro, 20/2), sobre artigo de Renato Janine Ribeiro publicado no caderno Mais! de 18/2. Na verdade, Janine defende uma filosofia da tortura, e não somente da morte. Renato Janine fez USP e Sorbonne. Como Torres Freire quis dizer, como pode alguém pensar da maneira que ele pensa? Renato Janine faz parte do "marielismo", que é a ordenança de Marilena Chaui. Renato é "estudioso" de Hobbes. Hobbes queria o Estado forte e, inclusive, admitia a tortura para a preservação do Estado. Portanto Janine não me surpreendeu. Fui seu aluno no curso de filosofia da USP. Sua verdadeira face aparece agora, e escondida no feriado de Carnaval. Torres Freire fez um grande bem à nação com seu excelente e iluminador artigo dessa terça-feira."
CELIO GURFINKEL MARQUES DE GODOY, advogado, jornalista e bacharel em direito e filosofia pela USP (São Paulo, SP)




São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

"O caso do assassinato trágico e gratuito da jovem Maria Cícera Santos Portela --já desaparecido dos jornais-- deixa algumas perguntas: haverá um caderno especial para análise da violência que dilacera o corpo social brasileiro? O senhor Renato Janine Ribeiro, que vê no mal uma mera opção, vai nos explicar o que pensa de uma sociedade que há muito optou pela exclusão, pelo completo desinteresse com a sorte da parcela excluída da população e pela instrumentalização da polícia como agente de exterminação? Alguém irá se propor a uma análise profunda da deformação dos superegos de policiais que entram atirando numa zona residencial? Talvez, pondo de lado a insana busca de monstros para nosso padecimento e tentando discutir seriamente o assunto, algo possa ser melhor."
HOMERO SANTIAGO, professor do Departamento de Filosofia da USP (São Paulo, SP)




São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

"Renato Janine, Olegária Matos, Andrea Lombardi... O debate acadêmico é, em geral, aborrecido, masturbatório e, há pelo menos cem anos, pouco contribui para a solução de qualquer problema social. O que nós, cidadão comuns, queremos é que as penas sejam efetivamente aplicadas aos criminosos, qualquer que seja o seu rigor. Nem uma gota de sangue a mais e, principalmente, nem uma gota de sangue a menos."
JOSÉ ROBERTO DE AMORIM (Belo Horizonte, MG)




São Paulo, terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

"Comentando meu artigo sobre o assassínio de João Hélio (Mais!, 18/2), Elio Gaspari erra (Brasil, 25/2) ao tentar ligar minha posição pessoal ao cargo que ocupo na Capes. Em três anos como diretor de avaliação dessa fundação, jamais confundi o que são meus textos pessoais com o que são os oficiais. Meus sentimentos são meus. Gaspari erra mais ainda ao identificar a expressão de meus sentimentos --isto é, de uma indignação que, como cidadão, tenho o direito de sentir e que muitos brasileiros sentem-- com o que imagina que seriam minhas idéias e propostas sobre o assunto, campo no qual fui muito comedido e afirmei que nutro enormes dúvidas. Não sei de onde ele retirou que eu estaria propondo a pena de tortura. Ele confunde sentimentos e emoções com o que seriam idéias e até mesmo propostas (as quais me recusei a fazer). Acho estranho que alguém que faz do manejo da linguagem sua profissão não distinga emoção e reflexão e chame de proposta o que é indignação. Assim, desenvolverei estes pontos no espaço que o editor do Mais! me ofereceu para esclarecer melhor um texto que suscitou um debate acirrado, porque parece ter tocado num nervo exposto da sociedade brasileira ante tamanha barbárie."
RENATO JANINE RIBEIRO, professor de ética e filosofia política na USP (São Paulo, SP)

"Não é nenhuma novidade saber que existem elementos autoritários no pensamento iluminista. Um exemplo de autoritarismo e elitismo iluminista está na divisão entre uma minoria esclarecida e uma massa ignorante que precisa ser guiada à luz pelos intelectuais que usam a razão. A razão prevalecerá sobre os instintos baixos, que predominam no povo. À parte ser mais fácil acreditar em duendes do que na lengalenga racionalista, principalmente depois da psicanálise, uma coisa me incomoda nessa polêmica em torno do artigo do professor Janine: o autoritarismo presente no artigo do professor Andrea Lombardi (Mais!, 25/2), que, sem usar argumentos, sem debater, procurou desqualificar o professor Janine, mostrando como Janine não era iluminista. Isso é escolástica! É dogmatismo! Supõe que existam algumas verdades, "descobertas" pelos filósofos franceses do século 18, que não podem ser questionadas. Temos a obrigação de ser iluministas? O que tenho visto é uma espécie de inquisição iluminista contra o professor Janine, que foi comparado até a Hitler só por não perdoar as pessoas que arrastaram um garoto por 7 km."
JEAN GABRIEL CASTRO DA COSTA , doutorando em ciência política na USP (São Paulo, SP)

"É curiosa e sintomática a tentativa corporativa de Olgária Matos ("Tendências/Debates", 25/2) de desdizer o que estava explícito no artigo de Renato Janine Ribeiro. Não há o que relativizar. O que o filósofo assume publicamente, utilizando sua prerrogativa de intelectual, é a sujeição à barbárie, sem meias palavras. E pior: com o argumento de que a razão deve "ouvir" nossos sentimentos mais profundos, no caso, o instinto de vingança. Renato Janine simplesmente "jogou a toalha" e não propôs uma nova reflexão sobre o assunto, como procura tergiversar Olgária. Os argumentos apresentados por ele para extravasar sua indignação são reacionários e truculentos."
REYNALDO DAMAZIO (São Paulo, SP)

São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

"O generoso artigo de Olgária Matos (pág. A3, 25/2) não tem o poder de poupar o professor Renato Janine das críticas que o texto dele (Mais!, 18/2) fez por merecer.

É lamentável que um homem público suponha que seus afetos, fantasias e ruminações possam contribuir para o debate sobre o rumo justo que os brasileiros desejam dar à grave crise de violência social que nos atinge. Fantasias sádicas e desejos onipotentes de vingança são infantis, banais, humanos. Ocorrem a qualquer um, movidos pela mais santa ira.

É para proteger a sociedade inteira contra tal banalidade do mal, para evitar que nos tornemos todos assassinos e torturadores em nome do "bem" (aí, sim, como os nazistas), que a lei deve, ou deveria ser, impessoal e desapaixonada. Não é preciso ser professor de ética para saber disso."
MARIA RITA KEHL, psicanalista (São Paulo, SP)
 

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