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19/03/2007 - 12h17

Salman Rushdie destaca liberdade de expressão e compara Pamuk a Joyce

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da Efe, em Ancara

O escritor anglo-indiano Salman Rushdie disse que a liberdade de expressão era o "coração da humanidade", e previu que o prêmio Nobel de Literatura 2006 Orhan Pamuk será um dia tão valorizado na Turquia como James Joyce é apreciado hoje em sua pátria, a República da Irlanda.

Em entrevista ao jornal turco "Milliyet", Rushdie afirmou que os turcos que hoje rejeitam Pamuk reconhecerão um dia seu grande valor.

John Amis/AP
Salman Rushdie disse que a liberdade de expressão era o "coração da humanidade"
Salman Rushdie disse que a liberdade de expressão era o "coração da humanidade"
"Ouvi que há pessoas na Turquia que não ficaram felizes com o prêmio Nobel recebido por Pamuk. Vejam o que aconteceu com James Joyce. Assim como Orhan é um escritor de Istambul, Joyce foi um escritor de Dublin. Enquanto estava vivo, seu país e sua cidade o insultaram", afirmou.

"Nos dois casos, pode-se dizer que não se parecem com ninguém. Se você não se comporta como todo mundo, é preciso tempo para que sua gente o aceite", acrescenta Rushdie, que considera que o mais importante para um escritor é não pertencer a nenhum partido e ser independente.

O autor de "Versos Satânicos" acredita que a liberdade de expressão é o "coração da humanidade", e ressalta que não é contra as pessoas religiosas, mas contra a mente estreita de alguns, e contra aqueles que não têm senso de humor.

"Quando o Estado ou a religião começam a limitar nossa liberdade de expressão, começa também um massacre de nosso humanismo", afirmou.

Rushdie define a si mesmo como um escritor sem afiliação política, e relata que, durante a década que viveu sob a ameaça de morte iraniana --a "fatwa" imposta em fevereiro de 1989 pelo falecido aiatolá Khomeini-- percebeu que tinha que salvar-se sozinho. Essa situação tornou-se para ele em uma espécie de "individualismo existencial".

"Com o que me aconteceu, aprendi que essa é a parte mais forte da literatura. A literatura não pertence a nenhum grupo. Ninguém é dono de um escritor. Um escritor não fala em nome de uma ideologia. O assunto de um escritor é dizer: eu vejo isso assim", disse Rushdie.

O escritor ressalta que não se sente pertencente a nenhum país, mas sim a cidades, e destaca que Mumbai não representa o resto da Índia, como Londres e Nova York diferenciam-se do resto do Reino Unido e dos Estados Unidos.

"Pertenço a três cidades: Mumbai, Londres e Nova York, e não posso escolher nenhuma delas", afirmou.

Segundo Rushdie, a identificação com uma cidade corresponde a uma pluralidade e particularidade de si mesmo, mais importante do que as identidades raciais, religiosas e nacionais.

"Quanto mais você se concentra no outro, mais se vê no outro. O racismo e o nacionalismo atraem os que não sabem como olhar o outro. Provavelmente, nossa maior tragédia é que somos mais semelhantes do que pensamos", comentou.

O autor destacou que, na Caxemira, o "soft" Islã - uma forma tolerante e popular desta religião - foi relegado pelo islamismo radical da Jihad, processo que também ocorreu em outras partes do mundo, e ressalta a necessidade de considerar "a responsabilidade dos que oprimem o Islã".


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