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22/03/2007 - 09h30

Argentina organiza primeira retrospectiva do brasileiro Alfredo Volpi

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da France Presse, em Buenos Aires

Uma retrospectiva com mais de 80 obras de Alfredo Volpi (1896/1988), um dos expoentes do Modernismo, poderá ser admirada pela primeira vez na Argentina, no Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires (Malba).

As obras expostas vão do começo da carreira do artista, na década de 1940, com sua série em óleo sobre tela de paisagens e marinas da cidadezinha paulista de Itanhaém, até a série de casarios e fachadas de época coloridas que o levaram à abstração geométrica nos anos 1950.

Reprodução
Quadro do pintor Alfredo Volpi
Quadro do pintor Alfredo Volpi
A exposição também percorre os trabalhos de Volpi em torno de motivos religiosos e populares, como as madonas, os Cristos, as figuras infantis, de jovenzinhas e mulheres interioranas, que pintou em têmpera sobre tela.

Nascido no seio de uma família humilde da cidadezinha italiana de Lucca, Volpi chegou ao Brasil aos dois anos de vida. Com pouca escolaridade, foi operário e pintor de paredes e nunca deixou de se considerar um artesão.

"Volpi foi original. Teve que ser. O modernismo brasileiro foi o produto de uma elite intelectual e financeira à qual, por sua condição humilde, ele não pertencia", explicou Olivio Tavares de Araújo, curador da mostra. Araújo, também estudioso do artista, a quem conheceu e freqüentou, acrescentou que como Volpi "nunca teve informação do que ocorria na Europa, fez um caminho pessoal, que não partiu de ninguém".

Folha Imagem
Volpi morreu em 1988, em São Paulo, na mesma casa onde viveu por toda a vida
Volpi morreu em 1988, em São Paulo, na mesma casa onde viveu por toda a vida
Ele começou pintando murais decorativos e depois trabalhou com óleo sobre madeira, mas sua obra mais significativa foi feita a têmpera, artesanalmente, misturando pigmentos e fazendo suas molduras a mão.

Em 1935 se vinculou a outros artistas de origem estrangeira que, como ele, não tinham um ideário estético, nem pretendiam criar um movimento, mas admiravam o ofício e sua meta era a perfeição técnica.

No Edifício Santa Helenda, que rapidamente se transformou em ponto de encontro e trabalho coletivo, se formou o "Grupo Santa Helena", primeiro núcleo de artistas proletários de São Paulo.

Reprodução
Tela "Boi", do artista plática Alfredo Volpi
Tela "Boi", do artista plática Alfredo Volpi
Volpi não foi um talento precoce. Fez sua primeira mostra individual em 1944, aos 50 anos, na qual vendeu todas as suas obras. Em 1954, na segunda Bienal de São Paulo, recebeu o prêmio de Melhor Pintor Nacional, e foi convidado a participar nas Exposições Nacionais de Arte Concreta da mesma cidade, em 1956, e do Rio de Janeiro, em 1957.

Seu extrato social foi o fator que o impediu de se vincular aos modernistas, que eram intelectuais e vinham da elite econômica, enquanto ele era um imigrante italiano e trabalhador da construção civil.

Ele continuou sendo artesão até a morte. Serrava ripas e fazia os bastidores. Esticava e preparava as telas e moia terra para fabricar pigmentos, além de fabricar solvente para sua têmpera a ovo.

Morreu em 1988, em São Paulo, na mesma casa onde viveu por toda a vida, com sua rotina de pintar só com luz natural, até as cinco da tarde.

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