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24/03/2007
-
16h47
da Folha Online
A seguir, a repórter Carmen Pompeu, enviada especial da Folha Online a Curitiba, descreve suas impressões sobre o 16º FTC (Festival de Teatro de Curitiba).
Segundo dia
Pode ser numa lanchonete e, tam-ram, uma performance teatral toma conta do pedaço. Ou numa academia. Ou num bar. Ou, como já não é nenhuma novidade, ao atravessar uma praça. Os artistas saltimbancos -aqueles que carregam o vício da arte numa sacola e saem com ele por aí pelas estradas da vida -estão por toda parte em Curitiba.
A maioria é jovem. Alguns universitários. As garotas têm cabelos pintados de vermelho; usam "piercing"; calçam tênis "All Star". Os garotos têm cabelos longos, no estilo rastafari pós-moderno. O cavanhaque também é usual entre eles.
Tudo que precisam cabe numa mochila. Exceto o sonho e o desejo de liberdade. Muitos estão experimentando o gostinho de estar longe das amarras familiares.
Em suas peças, reinventam clássicos. Adaptam textos ao universo deles. E, agradam.
Agradam, talvez, mais pelo brilho próprio da juventude do que pelo talento propriamente dito. Aliás, o talento é quase um mero detalhe. O que mais pesa mesmo é o espírito aventureiro do verbo ousar.
Ousar ser livre enquanto o tempo lhes permite.
Mostra paralela
Eles fazem do teatro um modo de vida. Entre esses vários grupos que compõem o Fringe --mostra sem curadoria que integra a programação do FTC--, está a companhia de Cuiabá, "Fúria".
Composto por Bruna Menesello, Caio Mattoso, Giovanni Araújo, Rodrigo Toledo e Péricles Anarcos, o grupo existe desde 1998. Nele, todos são atores, diretores, autores, produtores, iluminadores e cenógrafos. Dividem tarefas, cumplicidade e confiança.
Esta é a terceira participação deles no FTC. A primeira foi em 2001, com "Nepal". A outra foi ano passado, com "Toma Lá Dá Cá". Sempre no Fringe. Didatismo: o nome Fringe vem da similaridade com um evento que acontece em Edimburgo (Escócia).
Desta vez, eles trouxeram três montagens: "Encaixotando Shakespeare", "Nepal" e "Frederica".
Vi "Encaixotando Shakespeare" sendo apresentada na Praça Osório, no centro de Curitiba.
De autoria de Péricles Anarcos, a peça tem como cenário uma caixa. "Uma caixa-mágica", como fazem questão de chamar um entranho objeto em formato quadrado com vários nichos onde os atores enfiam suas pernas, braços, cabeças e se transformam em marionetes humanas.
Péricles garante tratar-se de uma estrutura "versátil", que pode ser montada tanto no meio da rua como subir aos palcos, com iluminação.
Rebeldia
Como se trata de uma peça feita por jovens, o texto fala de rebeldia. A rebeldia dos personagens criados por Shakespeare: Romeu, Desdêmona, Otelo, entre outros. Cansados de terem o mesmo fim trágico por mais de 400 anos, esses personagens se voltam contra o autor britânico e exigem dele um novo desfecho para suas vidas.
"Falamos sobre o livre arbítrio", define Péricles, que antes de se dedicar ao teatro trabalhava com o pai, que o controlava "pela disposição sempre anárquica".
Sim. "Encaixotando Shakespeare" é uma peça de rua divertida. Mesmo sob um sol a pino, muita gente parou e ficou até o fim da apresentação. Risos saíram soltos, descontraídos. E, no final, aplausos.
Mas poucos foram os que contribuíram com algum trocado. Trocado? Explico: as apresentações ao ar livre não têm bilheteria, por isso ao término de cada apresentação o elenco passa o chapéu recolhendo dinheiro de quem puder contribuir. Com o apurado, eles lancham.
Depois do FTC, que termina no dia 1º de abril, o "Fúria" pega a estrada rumo ao centro-oeste do País. Quem sabe você não cruza com eles por aí.
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A seguir, a repórter Carmen Pompeu, enviada especial da Folha Online a Curitiba, descreve suas impressões sobre o 16º FTC (Festival de Teatro de Curitiba).
Segundo dia
Pode ser numa lanchonete e, tam-ram, uma performance teatral toma conta do pedaço. Ou numa academia. Ou num bar. Ou, como já não é nenhuma novidade, ao atravessar uma praça. Os artistas saltimbancos -aqueles que carregam o vício da arte numa sacola e saem com ele por aí pelas estradas da vida -estão por toda parte em Curitiba.
A maioria é jovem. Alguns universitários. As garotas têm cabelos pintados de vermelho; usam "piercing"; calçam tênis "All Star". Os garotos têm cabelos longos, no estilo rastafari pós-moderno. O cavanhaque também é usual entre eles.
Tudo que precisam cabe numa mochila. Exceto o sonho e o desejo de liberdade. Muitos estão experimentando o gostinho de estar longe das amarras familiares.
Em suas peças, reinventam clássicos. Adaptam textos ao universo deles. E, agradam.
Agradam, talvez, mais pelo brilho próprio da juventude do que pelo talento propriamente dito. Aliás, o talento é quase um mero detalhe. O que mais pesa mesmo é o espírito aventureiro do verbo ousar.
Ousar ser livre enquanto o tempo lhes permite.
Mostra paralela
Eles fazem do teatro um modo de vida. Entre esses vários grupos que compõem o Fringe --mostra sem curadoria que integra a programação do FTC--, está a companhia de Cuiabá, "Fúria".
Composto por Bruna Menesello, Caio Mattoso, Giovanni Araújo, Rodrigo Toledo e Péricles Anarcos, o grupo existe desde 1998. Nele, todos são atores, diretores, autores, produtores, iluminadores e cenógrafos. Dividem tarefas, cumplicidade e confiança.
Esta é a terceira participação deles no FTC. A primeira foi em 2001, com "Nepal". A outra foi ano passado, com "Toma Lá Dá Cá". Sempre no Fringe. Didatismo: o nome Fringe vem da similaridade com um evento que acontece em Edimburgo (Escócia).
Desta vez, eles trouxeram três montagens: "Encaixotando Shakespeare", "Nepal" e "Frederica".
Vi "Encaixotando Shakespeare" sendo apresentada na Praça Osório, no centro de Curitiba.
De autoria de Péricles Anarcos, a peça tem como cenário uma caixa. "Uma caixa-mágica", como fazem questão de chamar um entranho objeto em formato quadrado com vários nichos onde os atores enfiam suas pernas, braços, cabeças e se transformam em marionetes humanas.
Péricles garante tratar-se de uma estrutura "versátil", que pode ser montada tanto no meio da rua como subir aos palcos, com iluminação.
Rebeldia
Como se trata de uma peça feita por jovens, o texto fala de rebeldia. A rebeldia dos personagens criados por Shakespeare: Romeu, Desdêmona, Otelo, entre outros. Cansados de terem o mesmo fim trágico por mais de 400 anos, esses personagens se voltam contra o autor britânico e exigem dele um novo desfecho para suas vidas.
"Falamos sobre o livre arbítrio", define Péricles, que antes de se dedicar ao teatro trabalhava com o pai, que o controlava "pela disposição sempre anárquica".
Sim. "Encaixotando Shakespeare" é uma peça de rua divertida. Mesmo sob um sol a pino, muita gente parou e ficou até o fim da apresentação. Risos saíram soltos, descontraídos. E, no final, aplausos.
Mas poucos foram os que contribuíram com algum trocado. Trocado? Explico: as apresentações ao ar livre não têm bilheteria, por isso ao término de cada apresentação o elenco passa o chapéu recolhendo dinheiro de quem puder contribuir. Com o apurado, eles lancham.
Depois do FTC, que termina no dia 1º de abril, o "Fúria" pega a estrada rumo ao centro-oeste do País. Quem sabe você não cruza com eles por aí.
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