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02/04/2007
-
10h08
SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online
A Globo venceu. O "Big Brother Brasil" foi um sucesso. A maior emissora do país (até quando, Record?) conseguiu atrair audiência, pautar a concorrência, tornar o seu verão lucrativo. Nesta terça, Diego (Alemão) sai vencedor e entra na engrenagem da maior fábrica de ilusões do mundo --o ordinário e cruel mundo das celebridades instantâneas.
Primeiro, cria-se uma identidade do anônimo (o loiro garanhão, jeito de mano e bombado) em três meses (janeiro-março) e depois se explora sua curta popularidade (abril-junho) em visitas a programas de TV, ensaios sensuais e factóides em colunas (terá um programa próprio? vai namorar quem? como está torrando o R$ 1 milhão?).
De nada adiantou atacar o "BBB". O formato resistiu --mesmo com as denúncias de seleção viciada, falta de espontaneidade dos participantes, apelação para imagens de nudez e insinuações sexuais, além da "pauta social" (supostos casos de racismo, homofobia e propaganda subliminar).
A produção acertou em explorar o potencial de audiência dos internautas. Abriu canais de participação com blogueiros e fãs de carteirinha do programa, criou alternativas para viabilizar o marketing viral e, principalmente, fez toda a mídia promover a atração --seja para criticar ou relatar cada passo dos participantes dentro da famigerada casa do "BBB".
Com um elenco escolhido como se fosse uma produção de teledramaturgia, o diretor Boninho materializou todas suas idéias, criando situações e discursos bizarros e provocativos, manipulando ingredientes de comédia, drama e sobretudo de muito apelo erótico. Talvez o principal problema tenha sido a imagem desgastada de Pedro Bial (Copa, Priscilão, BBB).
Mas este foi o "BBB" da bunda masculina. Nunca se viu tanta desinibição da TV em focar esse ângulo, editar e transmitir esse tipo de cena. O clima de pansexualidade dominou nas festas, no abuso de bebidas, sem falar nos banhos coletivos, corpos molhados na piscina, toques na pele.
O chamado "triângulo amoroso" modernizou a fantasia erótica do "ménage", como uma versão pós-2000 de "Dona Flor e Seus Dois Maridos" --com a diferença de que agora são duas mulheres (Fani e Siri) para um único Vadinho. A cena em que os três aparecem dormindo na casa, com Alemão no meio abraçando as duas, resume a mensagem dessa edição do programa.
Mas quem é Alemão? O DNA que a "elite branca" (como diria o ex-governador Claudio Lembo) e racista gostaria de ver multiplicado na periferia de metrópoles como São Paulo? O loiro alto, boa pinta, baladeiro, que tenta entender os sentimentos das mulheres, que usa tatuagem e cuida do corpo, mas tem cabeça aberta, envolvendo-se em situações como fingir fumar maconha e dançar como gogo-boy?
Nos últimos três meses, a Folha Online recebeu centenas de e-mails de leitores criticando a cobertura do programa. Batia-se principalmente na tecla "Se o programa é tão ruim, por que vocês não boicotam?" --como se o correto fosse ignorar o divertimento de 60% dos telespectadores, em nome de um purismo medroso, em vez de enfrentar o desafio de tentar entender o que se passa na cabeça dos brasileiros viciados em "BBB".
Já se falou de tudo para explicar o interesse das pessoas no programa: preguiça, gosto pelo grotesco, voyeurismo e falta de opções na telinha. Talvez seja tudo isso mesmo. A única questão que ainda não tem resposta definitiva: até onde vai a sua TV? Qual o limite de tanta exposição e edição de imagens? Estamos prontos para entrar na era do sexo explícito no horário nobre? Aguardem as próximas edições do "Grande Irmão".
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Editor de Ilustrada da Folha Online
A Globo venceu. O "Big Brother Brasil" foi um sucesso. A maior emissora do país (até quando, Record?) conseguiu atrair audiência, pautar a concorrência, tornar o seu verão lucrativo. Nesta terça, Diego (Alemão) sai vencedor e entra na engrenagem da maior fábrica de ilusões do mundo --o ordinário e cruel mundo das celebridades instantâneas.
Primeiro, cria-se uma identidade do anônimo (o loiro garanhão, jeito de mano e bombado) em três meses (janeiro-março) e depois se explora sua curta popularidade (abril-junho) em visitas a programas de TV, ensaios sensuais e factóides em colunas (terá um programa próprio? vai namorar quem? como está torrando o R$ 1 milhão?).
Reprodução |
Diego (Alemão) mostra desinibição no "BBB7" |
De nada adiantou atacar o "BBB". O formato resistiu --mesmo com as denúncias de seleção viciada, falta de espontaneidade dos participantes, apelação para imagens de nudez e insinuações sexuais, além da "pauta social" (supostos casos de racismo, homofobia e propaganda subliminar).
A produção acertou em explorar o potencial de audiência dos internautas. Abriu canais de participação com blogueiros e fãs de carteirinha do programa, criou alternativas para viabilizar o marketing viral e, principalmente, fez toda a mídia promover a atração --seja para criticar ou relatar cada passo dos participantes dentro da famigerada casa do "BBB".
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Alemão é acordado e tem sua roupa arrancada |
Com um elenco escolhido como se fosse uma produção de teledramaturgia, o diretor Boninho materializou todas suas idéias, criando situações e discursos bizarros e provocativos, manipulando ingredientes de comédia, drama e sobretudo de muito apelo erótico. Talvez o principal problema tenha sido a imagem desgastada de Pedro Bial (Copa, Priscilão, BBB).
Mas este foi o "BBB" da bunda masculina. Nunca se viu tanta desinibição da TV em focar esse ângulo, editar e transmitir esse tipo de cena. O clima de pansexualidade dominou nas festas, no abuso de bebidas, sem falar nos banhos coletivos, corpos molhados na piscina, toques na pele.
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"Brother" toma banho nu na casa do "BBB7" |
Mas quem é Alemão? O DNA que a "elite branca" (como diria o ex-governador Claudio Lembo) e racista gostaria de ver multiplicado na periferia de metrópoles como São Paulo? O loiro alto, boa pinta, baladeiro, que tenta entender os sentimentos das mulheres, que usa tatuagem e cuida do corpo, mas tem cabeça aberta, envolvendo-se em situações como fingir fumar maconha e dançar como gogo-boy?
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Airton "ataca" Alemão no "Big Brother Brasil 7" |
Já se falou de tudo para explicar o interesse das pessoas no programa: preguiça, gosto pelo grotesco, voyeurismo e falta de opções na telinha. Talvez seja tudo isso mesmo. A única questão que ainda não tem resposta definitiva: até onde vai a sua TV? Qual o limite de tanta exposição e edição de imagens? Estamos prontos para entrar na era do sexo explícito no horário nobre? Aguardem as próximas edições do "Grande Irmão".
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