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03/04/2007 - 20h32

Comentário: Record obriga Globo a pegar a ponte aérea

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SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

O avanço da Record nos levantamentos do Ibope da Grande São Paulo obrigou a cúpula da Globo a pegar a ponte aérea. A desculpa era apresentar a nova programação de 2007, que não trouxe nenhuma novidade relevante, já que tudo foi vazado meses antes. O objetivo real era emitir o recado de que a Globo prestigia a imprensa paulistana que cobre o mundo da TV. O tiro saiu pela culatra.

Durante décadas, a Globo dominava as chamadas das revistas de TV. Hoje tem de dividir espaço para produções da concorrência, principalmente da Record. Isso incomoda a emissora carioca, pois indica uma quebra de tradição, abre um precedente perigoso para sua hegemonia. É aquela história: se fechar o olho, perde o jogo. E a Record está jogando pesado, e seu time de "obreiros" escalados para seduzir a mídia já começa a dar resultados.

Na semana passada, a equipe de divulgação da Record fez visitas pelas principais redações do país em São Paulo. É um relevante trabalho de relações públicas. Nos bastidores, a Record está indo atrás, demarcando território, conhecendo a engrenagem da notícia, identificando aliados, cavando espaços. Enquanto isso, a Globo não desce do salto alto, fica encastelada, repetindo velhos esquemas.

Na entrevista à imprensa paulistana desta terça-feira, ficou claro que a Globo terá de sambar para recuperar a simpatia dos formadores de opinião. Houve clima de arrogância, prepotência, frieza ou simples grosseria nos contatos. No refeitório do hotel, a equipe da Globo almoçava de um lado, os jornalistas, do outro lado. Era a imagem que resume as relações da maior emissora do país com a imprensa.

Já a Record investe na simpatia interesseira e também copia as estratégias da Globo ao promover suas atrações. No mês passado, a Record convidou jornalistas de São Paulo para uma entrevista no Rio com o elenco de "Luz do Sol", sua nova novela. Na hora da apresentação dos atores, Hiran Silveira, diretor-geral de teledramaturgia da Record, pediu que o elenco aplaudisse os jornalistas convidados. Na sala do hotel escolhido para a entrevista, os atores já esperavam pelos repórteres --um caso raro. Como era o Dia Internacional das Mulheres, a Record distribuiu rosas vermelhas para as jornalistas.

São esses detalhes que revelam os bastidores da "guerra santa" entre a católica Globo e a evangélica Record. Há uma briga de foice por espaços, mas a Globo ainda evita tornar isso público--tanto que nem verbaliza direito o nome da concorrente paulistana (o "canal C", como se refere a Globo, já que nos levantamentos de dez capitais o SBT ainda aparece na frente da Record).

Quem vai vencer essa guerra? As verbas da publicidade pública vão ajudar a responder.

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