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25/04/2007 - 12h12

Bombardeio de Guernica, inspiração de obra de Picasso, faz 70 anos

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da France Presse, em Madri

Símbolo da bárbarie militar, a destruição, há 70 anos, do pequeno povoado basco de Guernica (Guernika, em euskera, dialeto basco) pela força aérea nazista continua gerando polêmica neste início de século 21. O acontecimento inspirou a obra-prima homônima do pintor Pablo Picasso.

No dia 26 de abril de 1937, o povoado de 6.000 habitantes foi bombardeado pelos aviões da Legião Condor da aviação alemã, em apoio às forças nacionalistas do general Francisco Franco, meses após o início da Guerra Civil espanhola (1936-39).

Susana Vera/Reuters
Famoso quadro de Picasso permanece exposto no museu Reina Sofia, em Madri
Famoso quadro de Picasso permanece exposto no museu Reina Sofia, em Madri
O bombardeio às cegas, ao cair da tarde, provocou incêndios que destruíram três quartos da cidade e deixou centenas de mortos. Foi assim que Guernica, base histórica do nacionalismo basco que queria derrubar Franco, se converteu na primeira cidade da história destruída por um ataque aéreo direcionado contra alvos civis.

Dois dias depois, o jornalista inglês George Steer denunciava a tragédia de Guernica em um célebre artigo publicado na capa do jornal "The New York Times", mas que só saiu na página 17 do "Times" londrino.

Steer descrevia os ataques rasantes dos Junkers e Heinkel alemães que descarregaram sobre Guernica milhares de bombas, a maioria incendiárias, antes de metralhar os moradores que escapavam dos incêndios.

Os nacionalistas acusaram imediatamente as forças republicanas de ter incendiado a cidade, argumento de propaganda durante muito tempo repetido pelos meios de comunicação e círculos conservadores da Europa.

Posteriormente, quando se viram contra a parede, os franquistas atribuíram a responsabilidade pelo massacre aos alemães, que por sua vez afirmavam que só pretendiam bombardear uma ponte e uma fábrica de armas nos arredores de Guernica. Nem a ponte nem a fábrica foram alcançadas pelas bombas.

Pesquisas históricas, em particular uma extensa investigação feita nos anos 70 pelo jornalista inglês Gordon Thomas, permitiram confirmar que o bombardeio fazia parte de uma "estratégia de terror" idealizada pelos franquistas em parceria com seus aliados nazistas.

O general golpista Emilio Mola, que comandava a ofensiva contra os republicanos no norte da Espanha, havia explicado claramente que sua intenção era "arrasar Vizcaya" e terminar rapidamente com a guerra na região. As estimativas dos historiadores variam entre 300 e mil mortos.

Pablo Picasso nunca duvidou da origem e magnitude dessa tragédia, que retratou em sua célebre tela de 1937, batizada com o nome do povoado bombardeado.

"Vocês fizeram isso?", perguntou algum tempo depois, em Paris, o embaixador alemão Otto Abetz ao autor da obra. "Não, foram vocês", respondeu Picasso, que destinou os lucros das exposições de "Guernica" à causa republicana.

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