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06/05/2010 - 09h54

Filme de terror uruguaio rodado em 4 dias com US$ 6 mil vai a Cannes

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SHANÍ GERSZENZON
da Efe, em Montevidéu

Uma câmera fotográfica digital emprestada, US$ 6 mil e quatro dias de rodagem foram suficientes para o uruguaio Gustavo Hernández filmar "La Casa Muda", um filme experimental de terror escolhido para participar do Festival de Cannes.

Enquanto rodava "La Casa Muda", com uma equipe de não mais de 15 pessoas, Hernández se conformava em "fantasiar" com a estreia de seu filme em algum cinema do Uruguai.

Agora, seis meses depois, o filme foi selecionado para participar da Quinzena de Produtores do Festival de Cannes, para onde o uruguaio partirá com sua equipe no dia 15 de maio.

"'La Casa Muda' foi produto de uma limitação orçamentária", disse Hernández em entrevista à Agência Efe.

Os US$ 6 mil que um produtor lhe ofereceu para estrear como diretor o obrigaram a pensar em um longa-metragem que precisasse de "pouca gente, poucos recursos e que pudesse ser filmado em pouco tempo", explicou Hernández, que até então tinha dirigido apenas videoclipes, anúncios para televisão e curtas-metragens.

O gênero de terror não era o que mais lhe atraía, mas após "várias conversas com amigos" uma ideia parecia solucionar seus problemas econômicos: oferecer "medo real em tempo real".

"Se tratava de fazer, com uma equipe mínima, uma história mínima, e então pensamos em contar o que passa com todos quando sentimos medo, quando temos todos os sentidos em alerta e os segundos podem parecer horas", relatou.

Inspirada em uma história real da década de 1940, quando dois corpos foram encontrados mutilados em uma casa de campo do norte do Uruguai, "A casa muda" foca nos últimos 74 minutos das vítimas do assassinato.

"Queríamos que o espectador vivesse as emoções sem enganá-lo com vários planos e contraplanos, e decidimos rodá-la em uma só tomada", contou Hernández.

Usar uma câmara de fotos emprestada de um amigo porque o orçamento "não dava nem para alugar uma" lhe permitiu empregar "menos recursos e menos gente".

A alta sensibilidade óptica do aparelho, utilizado na função vídeo, permitiu filmar todo o longa com a iluminação de apenas "duas lanternas e um 'foquinho' de luz em cada quarto".

Ao mesmo tempo a câmara escolhida (uma Cannon 5D), especialmente leve e compacta, lhe dava maior mobilidade para gravar e chegar a lugares onde uma câmara de vídeo ou de cinema convencional não entra.

O resultado é um "filme experimental, mas contado em uma linguagem cinematográfica muito clássica", explicou o diretor.

Mesmo assim, Hernández tem consciência que a maneira incomum na qual "La Casa Muda" foi rodada é em grande parte a razão pela qual o júri da Quinzena de Produtores, a seção mais experimental do Festival de Cannes, selecionou a fita.

"Até nisso tivemos uma sorte enorme, porque só chegamos a Cannes graças a um jurado do festival que viu nosso trailer pela internet e nos escreveu um e-mail sugerindo apresentá-lo", lembrou.

É que os blogs e sites de cinema de terror, pelos quais o trailer circulou durante meses, foram "fundamentais" para o êxito do filme, que até algumas semanas atrás nem sequer estava acabado e que por enquanto só foi visto por "umas três ou quatro pessoas" alheias à produção.

"Os internautas começaram a se interessar por 'A casa muda' quando leram sobre como o filme estava sendo feito, de que tratava e toda a história que tinha por trás", detalhou o diretor.

No entanto, Hernández tem certeza de que eles não vão se decepcionar, porque no final "tudo no filme terminou acontecendo para conseguir dois objetivos básicos: entreter e assustar", afirma.

 

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