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Ralph Fiennes estreia na direção com adaptação de tragédia de Shakespeare
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ADAM TANNER
da Reuters, em Belgrado
Fardado e com o rosto ensanguentado, Ralph Fiennes e Gerard Butler estão engalfinhados sobre um chão repleto de cacos de vidro e destroços, um tentando matar o outro.
Ainda resfolegando depois dessa cena intensa com um dos astros em mais rápida ascensão em Hollywood, Fiennes vai até um monitor para checar mais esse plano na sua estreia como diretor, numa adaptação de "Coriolano", uma das tragédias menos conhecidas de Shakespeare.
"Temos começos ruins mesmo, do meu ponto de vista", diz Fiennes, irritado, ao rever a cena. "Esse é o tipo de coisa que eu imploro a vocês que digam alguma coisa."
"Acho que precisamos fazer a explosão de novo", decide ele, referindo-se ao estouro que joga fumaça no cenário dessa história de ambientação contemporânea, filmada nos arredores de Belgrado com um estilo "cru" da câmera na mão.
Divulgação | ||
O ator Ralph Fiennes, que estreia na direção com a adaptação da tragédia "Coriolano", na qual também atua |
Duas vezes indicado ao Oscar --como o diretor de campo de concentração de "A Lista de Schindler" e no papel-título de "O Paciente Inglês"-- Fiennes está levando para a direção a mesma intensidade que caracteriza a sua atuação.
"Estou sob forte pressão, então não há tempo --particularmente hoje, que estamos chegando ao fim-- de ser sempre tão educado como você gostaria de ser", disse Fiennes numa entrevista mais tarde.
No filme, Fiennes faz o papel de Coriolano, um general que trai Roma e se junta ao inimigo da cidade, Aufidius, interpretado por Butler, de "300".
As filmagens terminam nesta semana. Dias antes, Fiennes dirigia uma briga de faca entre os personagens dele e de Butler, que a essa altura do roteiro ainda não se aliaram.
Em outro plano, Fiennes volta apreensivo ao monitor, junto com Butler, que enxuga a testa em silêncio, tentando recuperar o fôlego. "Por favor me digam se tem alguma coisa aqui", diz Fiennes.
Mas então sua rígida continência --ainda mais assustadora sob a maquiagem de sangue e os pedaços de vidro no rosto de um ator que assustou tanta gente como o lorde Voldemort nos filmes de Harry Potter-- dá uma trégua. "O sol está perfeito lá", disse Fiennes, finalmente abrindo um sorriso. "Está ótimo."
Com um elenco de coadjuvantes que inclui Vanessa Redgrave e Brian Cox, Fiennes é brutalmente honesto quanto à qualidade do seu filme.
"Não tenho nem ideia. Como eu iria saber a esta altura? Tem dias em que eu acho que tenho algo com que estou feliz, e tem dias em que sinto que me perdi e fico desapontado."
Acrescenta Gabrielle Tana, da equipe de produtores do filme: "Temos um governante benevolente, mas o foco é intenso".
"Ele é o maior crítico de si mesmo", acrescentou.
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