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22/12/2000 - 08h31

São Paulo vê a nata dos curtas gaúchos em mostra gratuita

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JOSÉ GERALDO COUTO
da equipe de articulistas da Folha

Ao longo dos últimos 15 anos, a Casa de Cinema de Porto Alegre firmou-se como um ponto de referência -e excelência- na produção cinematográfica brasileira. A partir de hoje o público paulistano poderá entender por quê.

Até 11 de janeiro o Espaço Unibanco de Cinema vai exibir de graça quatro curtas realizados pela produtora gaúcha, dentro do projeto Curta Petrobras às Seis.

Entre eles está um marco do cinema brasileiro das últimas décadas, o premiadíssimo "Ilha das Flores" (1989), de Jorge Furtado.

Mais do que um "falso documentário", como costuma ser definido, o filme filia-se à rara categoria do ensaio cinematográfico.

Lançando mão de rápidos planos documentais, encenados e de animação, amarrados por uma irônica locução didática (na voz de Paulo José), Furtado traça um retrato da absurda realidade socioeconômica brasileira ao acompanhar a trajetória de um tomate que vai ser comido por miseráveis num lixão de Porto Alegre. É tão genial que motivou inúmeras imitações.

"Deus Ex-Machina" (1995), de Carlos Gerbase, é um quebra-cabeças erótico-policial cujas peças são planos fixos em que algum personagem fala para alguém fora do quadro. Aos poucos compõe-se uma história: uma bela mulher (Luciene Adami), que ficou paraplégica num acidente, contrata um detetive para investigar o caso do marido (Werner Schunemann) com outra.

Mas essa "outra" foi contratada pela paraplégica para seduzir-lhe o marido.

Numa montagem crescentemente descontínua, os planos se embaralham a ponto de não sabermos quem está falando com quem, nem quando, num efeito de desmascaramento.

Ao contrário de "Ilha das Flores" e "Deus Ex-Machina" -filmes de montagem-, o delicado "Três Minutos" (1999), de Ana Luiza Azevedo, compõe-se praticamente de um único plano-sequência, que expõe a vida amorosa de um mágico (ausente) e sua mulher (Lisa Becker) ao esquadrinhar o trailer onde vivem.

Essa investigação visual é feita ao som da mensagem deixada na secretária eletrônica do casal pela mulher e dura o tempo de uma chamada de telefone público (três minutos). Há um equilíbrio perfeito entre virtuosismo e emoção.

Embora divertido e bem-realizado, o desenho animado "Cidade Fantasma" (1999), de Lisandro Santos, não está à altura dos outros três curtas. É uma comédia de costumes que extrai o seu humor do tédio e da inação.

Narra um dia de verão de um jovem gaúcho que pragueja contra o calor e a falta de dinheiro numa Porto Alegre abandonada. Sua linguagem visual pode ser descrita como "expressionismo pop": para denotar o calor, por exemplo, as chamas tomam conta do apartamento.

Curta Casa de Cinema
Programa: "Cidade Fantasma", de Lisandro Santos; "Três Minutos", de Ana Luiza Azevedo; "Deus Ex-Machina", de Carlos Gerbase; e "Ilha das Flores", de Jorge Furtado
Quando: a partir de hoje, às 18h, no Espaço Unibanco; até 11 de janeiro
Quanto: entrada franca
 

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