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05/01/2001
-
05h08
VALMIR SANTOS, da Folha de S.Paulo
Rogério Sganzerla, 53, parece ter um filme engasgado na garganta. "O Signo do Caos" -ou "Patifes" (ele ainda não definiu o título)-, produção independente que rodou há cinco anos e ainda não conseguiu lançar, tornou-se auto-referente.
O enredo trata de "censura arbitrária", atalho para ele brandir contra a censura econômica e consequentemente estética, como enxerga na voga do cinema nacional. "É preciso dar um corte nessa produção vagabundérrima, nesses novelões, eleitos em detrimento das verdadeiras obras de arte", afirma.
O diretor de "O Bandido da Luz Vermelha" (68) diz que seu novo filme "está pronto, falta apenas colocar os créditos e comercializar a obra".
É aí, segundo ele, que mora o problema. "Passei os últimos anos tentando uma parceria para a produção executiva e a pós-finalização, mas ainda não consegui."
"Não apareceu ninguém porque as pessoas preferem perder dinheiro com abacaxi a arriscar em um filme que é contra a segregação, que oferece uma defesa do que há de melhor no cinema." Depois do Rio, ele tenta obter recursos em São Paulo e se diz mais otimista para fazer o lançamento até o final do ano.
Rodado no centro histórico do Rio, no entorno da praça 15, o roteiro de "O Signo do Caos", também assinado por Sganzerla, trata da atuação dos censores no país, sobretudo a do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), lançado durante o governo Getúlio Vargas (1937-45), que controlava as idéias antagônicas aos interesses políticos do momento.
Dr. Amnésio (Otávio Terceiro) é encarregado de destruir os filmes subversivos, mergulhando-os na baía de Guanabara ou atirando-os do Pão de Açúcar. O censor entra em conflito com o repórter Morel (Sálvio Prado), que discorda da intervenção na obra de arte.
Segundo Sganzerla, o filme é um libelo aos projetos inacabados ou deixados de lado, ontem por questões ideológicas, hoje por questões financeiras. Cita, como emblema, "It's All True" ("É Tudo Verdade"), filme inconcluso que o norte-americano Orson Welles rodou no país em 1942.
"Meu filme prova que Welles é o Napoleão do cinema", afirma o diretor. Sganzerla dedicou uma trilogia a Welles ("Tudo É Brasil", "A Linguagem de Orson Welles" e "Nem Tudo É Verdade"), influência velada na sua obra.
Entre os artistas brasileiros "que também foram ignorados", menciona Anselmo Duarte ("O Pagador de Promessas", 1962) e Alberto Cavalcanti ("Simão, o Caolho", 1953), ainda que não os cite diretamente em seu novo filme.
"Quero projetar verdade humana, mais luz sobre a existência da obra de arte cinematográfica em relação à cultura, definindo seus direitos e obrigações com relação ao espectador sensível", diz.
"O Signo do Caos" foi rodado no formato 16mm, com a maioria das cenas em preto-e-branco (90 minutos). No elenco, entre outros, estão Giovana Gold, Eduardo Cabus e Gilson Moura.
Enquanto lida com as vicissitudes do mercado de cinema, Rogério Sganzerla desfruta de uma rara incursão pelo teatro. O cineasta dirige a sua mulher, Helena Ignez, e a filha Djin Sganzerla em "Savannah Bay", de Marguerite Duras.
"Teatro é mais difícil que cinema", diz Sganzerla. "No cinema, você controla tudo por meio de uma câmara; no teatro, cada espectador equivale a uma câmara." Delega tudo às intérpretes e foca na concepção visual. "Elas se autodirigem", afirma.
Sganzerla brande novo filme contra a "censura"
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Rogério Sganzerla, 53, parece ter um filme engasgado na garganta. "O Signo do Caos" -ou "Patifes" (ele ainda não definiu o título)-, produção independente que rodou há cinco anos e ainda não conseguiu lançar, tornou-se auto-referente.
O enredo trata de "censura arbitrária", atalho para ele brandir contra a censura econômica e consequentemente estética, como enxerga na voga do cinema nacional. "É preciso dar um corte nessa produção vagabundérrima, nesses novelões, eleitos em detrimento das verdadeiras obras de arte", afirma.
O diretor de "O Bandido da Luz Vermelha" (68) diz que seu novo filme "está pronto, falta apenas colocar os créditos e comercializar a obra".
É aí, segundo ele, que mora o problema. "Passei os últimos anos tentando uma parceria para a produção executiva e a pós-finalização, mas ainda não consegui."
"Não apareceu ninguém porque as pessoas preferem perder dinheiro com abacaxi a arriscar em um filme que é contra a segregação, que oferece uma defesa do que há de melhor no cinema." Depois do Rio, ele tenta obter recursos em São Paulo e se diz mais otimista para fazer o lançamento até o final do ano.
Rodado no centro histórico do Rio, no entorno da praça 15, o roteiro de "O Signo do Caos", também assinado por Sganzerla, trata da atuação dos censores no país, sobretudo a do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), lançado durante o governo Getúlio Vargas (1937-45), que controlava as idéias antagônicas aos interesses políticos do momento.
Dr. Amnésio (Otávio Terceiro) é encarregado de destruir os filmes subversivos, mergulhando-os na baía de Guanabara ou atirando-os do Pão de Açúcar. O censor entra em conflito com o repórter Morel (Sálvio Prado), que discorda da intervenção na obra de arte.
Segundo Sganzerla, o filme é um libelo aos projetos inacabados ou deixados de lado, ontem por questões ideológicas, hoje por questões financeiras. Cita, como emblema, "It's All True" ("É Tudo Verdade"), filme inconcluso que o norte-americano Orson Welles rodou no país em 1942.
"Meu filme prova que Welles é o Napoleão do cinema", afirma o diretor. Sganzerla dedicou uma trilogia a Welles ("Tudo É Brasil", "A Linguagem de Orson Welles" e "Nem Tudo É Verdade"), influência velada na sua obra.
Entre os artistas brasileiros "que também foram ignorados", menciona Anselmo Duarte ("O Pagador de Promessas", 1962) e Alberto Cavalcanti ("Simão, o Caolho", 1953), ainda que não os cite diretamente em seu novo filme.
"Quero projetar verdade humana, mais luz sobre a existência da obra de arte cinematográfica em relação à cultura, definindo seus direitos e obrigações com relação ao espectador sensível", diz.
"O Signo do Caos" foi rodado no formato 16mm, com a maioria das cenas em preto-e-branco (90 minutos). No elenco, entre outros, estão Giovana Gold, Eduardo Cabus e Gilson Moura.
Enquanto lida com as vicissitudes do mercado de cinema, Rogério Sganzerla desfruta de uma rara incursão pelo teatro. O cineasta dirige a sua mulher, Helena Ignez, e a filha Djin Sganzerla em "Savannah Bay", de Marguerite Duras.
"Teatro é mais difícil que cinema", diz Sganzerla. "No cinema, você controla tudo por meio de uma câmara; no teatro, cada espectador equivale a uma câmara." Delega tudo às intérpretes e foca na concepção visual. "Elas se autodirigem", afirma.
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