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20/01/2001 - 01h13

Exclusivo: Juiz mandou prender baixista do QOSTA em flagrante

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ISRAEL DO VALE
da Folha de S. Paulo, no Rio

A reportagem da Folha acompanhou todo o processo, passo a passo, da ordem que o juiz Siro Darlan, da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, deu para prender o baixista da banda Queens of the Stone Age na noite de sexta-feira no Rock in Rio.

O baixista Nick Oliveri entrou no palco e ficou nu durante a apresentação da banda.

Saiba, a seguir, com exclusividade, o que aconteceu:

"Positivo. É pra prender o guitarrista em flagrante. Ele está completamente nu." A ordem de Siro Darlan seguiu por rádio, do camarote vip, para o contêiner do Juizado de Menores, na Cidade do Rock. E desencadeou uma pequena operação de guerra -que poderia ter desdobramentos sérios, em nome da lei.

Eram 20h35. Cerca de dez dos 20 comissários de menores a serviço do órgão naquele momento seguiram imediatamente para o "backstage" do Queens of the Stone Age.

Homens e mulheres pularam dois bloqueios de grades, romperam a muralha de seguranças que controla o acesso ao palco e em três minutos estavam sobre ele, prontos para tirar o "guitarrista" -em verdade, baixista- de cena no meio do show, sob o olhar certamente atônito de 150 mil pessoas.

"Dr. Siro... Dr. Siro. Estamos em cima do palco. Não estamos localizando o guitarrista que está pelado. Copiou, dr. Siro?", dizia, no jargão da comunicação por rádio uma das agentes, que preferiu não ser identificada. "Onde ele está?", perguntava ao juiz.

Poucos segundos separaram Nick Oliveri da prisão. No momento exato em que o juiz dava a ordem, Cesar Castanho, produtor-executivo do festival deixava seu contâiner, a menos de 100 metros dali, onde esperava descansar, para voltar ao palco às pressas, após ter visto o baixista nu pela TV.

"Ele não pode tocar assim. Tem que colocar a roupa", disse, num raro momento de calma perdida, ao empresário da banda. "Ele não vai colocar nada", foi a resposta que ouviu. "Então vou desligar a luz. Estou indo desligar a luz."

Autonomia para isso ele tem. E foi convincente no blefe. "Jamais faria isso, mas era o único jeito de mostrar que eu não estava brincando", confessaria depois.

A equipe do Juizado chega ao palco nos acordes iniciais da quarta música do show, apenas algumas dezenas de segundos após Oliveri ter vestido a roupa. Comunica a ordem de prisão aos responsáveis pela produção, que iniciam negociação. "Vamos ter calma. Isso não pode ser feito no meio do show. Deixa ele acabar e vocês levam", ponderou Castanho. Siro Darlan, o temido juiz que tirou crianças da novela da TV Globo, achou de bom senso e determinou que ele fosse encaminhado ao contâiner do Juizado em seguida.

"Ainda é flagrante", dizia a agente que liderava a ação. "Ele cometou um ato obsceno. Não é atentado ao pudor, mas é ato obsceno. Vai ser preso, como determina a lei".

21h30. Fim do show. Em meio a um bate-bocas entre um comissário e o produtor da banda e um princípio de briga entre o responsável pela troca de palco e outro agente do Juizado, o baixista é cercado por seis seguranças, ainda sobre o palco e conduzido, agarrado pelo pescoço por um deles, pelos três lances de escada que o separavam do nível do chão, onde a van que o levaria preso já o aguardava.

Mais tumulto. No meio da confusão, a assessora de imprensa do festival, Beth Garcia, e um cinegrafista da TV a cabo Multishow, trocam agressões, enquanto uma dezena de fotógrafos tenta registrar a cena.

A van larga em direção ao Juizado, onde Siro Darlan aguardava o guitarrista. "Eu não sabia que não podia. No meu país isso não é problema", tentou argumentar Oliveri. "Todo mundo aparece nu na televisão aqui na época do carnaval; achei que não tinha problema."

Darlan resolve evitar maiores desdobramentos -por um mundo melhor?.

Repreende o guitarrista e o libera para ir ao camarim, de onde segue de helicóptero para o hotel. Darlan anuncia que não vai processar o baixista e diz que o Ministério Público, se quiser, tem instrumentos para levar a história adiante.

A produção respira aliviada outra vez. "Isso é rock'n'roll", diz Cesar Castanho.

Leia também:

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