23/01/2001 - 04h55

Análise: Espaço para eletrônica é azarão no Rock in Rio

ERIKA PALOMINO, da Folha de S.Paulo

A Tenda Eletro foi o azarão do Rock in Rio. Correndo por fora, sem que ninguém desse muita atenção de início, o espaço destinado à música eletrônica provou que o gênero supera guetos e interessa sim a muita gente.

A maior parte dos que dançavam não estava nem aí para o Palco Mundo. A
exceção foi apenas no "dia dos metaleiros", quando o êxodo para os shows esvaziou em parte a pista de drum'n'bass, onde Marky teve recepção de superstar.

Na programação, faltaram grandes estrelas internacionais e, mesmo entre os nacionais, não se pode deixar de mencionar a inexplicável ausência do principal DJ de tecno brasileiro, o paulistano Mau Mau. Significativos cancelamentos, como o de Tricky e do mentor do hip hop Kool Herc, baixaram o prestígio da tenda.

Sob a pulsação do público, entretanto, a história era bem outra. As pessoas estavam ali receptivas e reagiam aos comandos dos DJs.
O primeiro final de semana foi dominado pelo trance, na sexta e no domingo, com resultado algo repetitivo. A principal atração era o produtor Andre Tannemberger, sob o nome ATB. Foi trocado depois pela dupla brasileira Rica e Feio, mais cientes dos gostos da nação trance carioca. Ainda destacou-se o som chique e elegante do espanhol Jose Padilla, que tocou sua house estilo Cafe del Mar.

O funk foi fundamento também. Nas mãos do expert Pachu, do núcleo Zoeira Hip Hop, a pista teve um clima de baile, sexy e democrático, no primeiro sábado.

Ainda no último dia, cinco percussionistas, liderados pelo mestre Adamastor, bateria nota 10 do Carnaval com a X-9, emprestaram brasilidade à house music do DJ Felipe Venancio. O produtor Memê, que investiu no flashback (Deee-Lite) e no popular ("La Cubanita"). No tecno, destacou-se o estilo sexy e funkeado da DJ inglesa Lulu, que fez uma das melhores apresentações da tenda.