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24/01/2001
-
03h31
FABIO CYPRIANO, da Folha de S.Paulo
As vertiginosas mudanças que São Paulo atravessou no século 20 já foram até tema de música (lembra da "força e da grana..." ). Pois bem, a partir de amanhã, quando a cidade comemora 447 anos de idade, a Pinacoteca apresenta uma exposição sobre a arquitetura da metrópole no início do século, antes que as tais modificações borrassem as memórias da então vila de São Paulo. Na passagem do século 19 para o 20, a cidade
possuía apenas 240 mil habitantes.
Testemunha das transformações, o jornalista Afonso Antonio de Freitas organizou, entre 1905 e 1913, um álbum com fotos de construções paulistanas antes de serem demolidas, para que então obras como o edifício Martinelli, o prédio do Mappin e a catedral de São Paulo se tornassem cartões-postais da cidade.
"Há muito tempo conheço o álbum, que pertenceu ao filho de Freitas e foi vendido já na década de 30; pretendo montar uma exposição sobre a genealogia de São Paulo, e esta é uma introdução a ela", conta Emanoel Araujo, o diretor da Pinacoteca. Atualmente, o álbum pertence a um colecionador que não quer ser identificado.
A preocupação de Afonso de Freitas era registrar a cidade antes da demolição das casas simples que dela faziam parte e retratavam seus costumes, um trabalho de memória raro na paulicéia.
"As fotos são essencialmente documentos, uma raridade sem precedentes", diz o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Carlos Lemos.
Junto com a exposição, a Pinacoteca lança um livro, uma edição praticamente fac-similar do álbum de Freitas, com comentários de Lemos, denominado "O Álbum de Afonso".
Segundo Lemos, umas das preocupações de Freitas era a chegada abrupta de imigrantes na cidade. "Só os italianos correspondiam a 45% da população naquela época, trazendo novos hábitos e informações", conta. Por isso, o jornalista chegou a publicar o livro "Tradições e Reminiscências Paulistas", em 1921.
Na Pinacoteca estão expostas reproduções em grande tamanho de 16 fotos (não se sabe quais são de Freitas), além do próprio álbum. "O livro e a exposição mostram uma São Paulo desconhecida; não são belas fotos, mas o registro de um momento em que a cidade se transformou", conta o diretor da Pinacoteca.
Sampa 447/7
Além de "O Álbum de Afonso", outros seis eventos marcam amanhã o aniversário da cidade na Pinacoteca, com o nome "Sampa 447/7: Um Evento Paulistano".
São cinco exposições e as inaugurações da climatização do acervo permanente, no segundo andar do museu, e da Loja do Mário, com publicações da Pinacoteca. Na abertura, apresenta-se o grupo Demônios da Garoa.
Entre as exposições, será inaugurada a sala Willys de Castro (1926-1988), com 43 obras do artista que participou dos movimentos concreto e neoconcreto, realizadas entre 1950 e 1980.
"As obras foram doadas por Hércules Barsotti, e criamos uma sala especial no museu com uma leitura didática feita pelo artista Macaparana", diz Araujo.
Também serão abertas "O Artista da Luz", sobre Rubem Valentim (leia texto ao lado), e uma exposição de obras sacras dos séculos 18 e 19, doadas por Antônio Alves de Lima.
Finalmente, serão expostas 66 obras de arte moderna e contemporânea brasileiras, adquiridas no fim de 2000 pela Pinacoteca com a verba de R$ 1 milhão, doada pelo governo do Estado.
"São obras que faziam falta no acervo do museu; em nove anos, conseguimos duplicar nossa coleção, hoje temos cerca de 5.000 obras", afirma Araujo.
Entre elas, estão peças dos contemporâneos Nuno Ramos, Daniel Senise e Carlito Carvalhosa. A mais cara é a tela "Visão de Hamleto", do pintor Pedro Américo, que custou R$ 120 mil. "Agora, o museu está fisicamente pronto", diz, satisfeito, Araujo, com os olhos voltados para o edifício vizinho, da escola Prudente de Moraes. "Ainda faço um anexo lá."
O quê: Sampa 447/7: Um Evento Paulistano
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/229-9844)
Quando: abertura amanhã, às 10h; de ter. a dom., das 10h às 18h; até 25/02
Quanto: R$ 5; quinta, entrada franca
Pinacoteca expõe a São Paulo do início do século 20
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As vertiginosas mudanças que São Paulo atravessou no século 20 já foram até tema de música (lembra da "força e da grana..." ). Pois bem, a partir de amanhã, quando a cidade comemora 447 anos de idade, a Pinacoteca apresenta uma exposição sobre a arquitetura da metrópole no início do século, antes que as tais modificações borrassem as memórias da então vila de São Paulo. Na passagem do século 19 para o 20, a cidade
possuía apenas 240 mil habitantes.
Testemunha das transformações, o jornalista Afonso Antonio de Freitas organizou, entre 1905 e 1913, um álbum com fotos de construções paulistanas antes de serem demolidas, para que então obras como o edifício Martinelli, o prédio do Mappin e a catedral de São Paulo se tornassem cartões-postais da cidade.
"Há muito tempo conheço o álbum, que pertenceu ao filho de Freitas e foi vendido já na década de 30; pretendo montar uma exposição sobre a genealogia de São Paulo, e esta é uma introdução a ela", conta Emanoel Araujo, o diretor da Pinacoteca. Atualmente, o álbum pertence a um colecionador que não quer ser identificado.
A preocupação de Afonso de Freitas era registrar a cidade antes da demolição das casas simples que dela faziam parte e retratavam seus costumes, um trabalho de memória raro na paulicéia.
"As fotos são essencialmente documentos, uma raridade sem precedentes", diz o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Carlos Lemos.
Junto com a exposição, a Pinacoteca lança um livro, uma edição praticamente fac-similar do álbum de Freitas, com comentários de Lemos, denominado "O Álbum de Afonso".
Segundo Lemos, umas das preocupações de Freitas era a chegada abrupta de imigrantes na cidade. "Só os italianos correspondiam a 45% da população naquela época, trazendo novos hábitos e informações", conta. Por isso, o jornalista chegou a publicar o livro "Tradições e Reminiscências Paulistas", em 1921.
Na Pinacoteca estão expostas reproduções em grande tamanho de 16 fotos (não se sabe quais são de Freitas), além do próprio álbum. "O livro e a exposição mostram uma São Paulo desconhecida; não são belas fotos, mas o registro de um momento em que a cidade se transformou", conta o diretor da Pinacoteca.
Sampa 447/7
Além de "O Álbum de Afonso", outros seis eventos marcam amanhã o aniversário da cidade na Pinacoteca, com o nome "Sampa 447/7: Um Evento Paulistano".
São cinco exposições e as inaugurações da climatização do acervo permanente, no segundo andar do museu, e da Loja do Mário, com publicações da Pinacoteca. Na abertura, apresenta-se o grupo Demônios da Garoa.
Entre as exposições, será inaugurada a sala Willys de Castro (1926-1988), com 43 obras do artista que participou dos movimentos concreto e neoconcreto, realizadas entre 1950 e 1980.
"As obras foram doadas por Hércules Barsotti, e criamos uma sala especial no museu com uma leitura didática feita pelo artista Macaparana", diz Araujo.
Também serão abertas "O Artista da Luz", sobre Rubem Valentim (leia texto ao lado), e uma exposição de obras sacras dos séculos 18 e 19, doadas por Antônio Alves de Lima.
Finalmente, serão expostas 66 obras de arte moderna e contemporânea brasileiras, adquiridas no fim de 2000 pela Pinacoteca com a verba de R$ 1 milhão, doada pelo governo do Estado.
"São obras que faziam falta no acervo do museu; em nove anos, conseguimos duplicar nossa coleção, hoje temos cerca de 5.000 obras", afirma Araujo.
Entre elas, estão peças dos contemporâneos Nuno Ramos, Daniel Senise e Carlito Carvalhosa. A mais cara é a tela "Visão de Hamleto", do pintor Pedro Américo, que custou R$ 120 mil. "Agora, o museu está fisicamente pronto", diz, satisfeito, Araujo, com os olhos voltados para o edifício vizinho, da escola Prudente de Moraes. "Ainda faço um anexo lá."
O quê: Sampa 447/7: Um Evento Paulistano
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/229-9844)
Quando: abertura amanhã, às 10h; de ter. a dom., das 10h às 18h; até 25/02
Quanto: R$ 5; quinta, entrada franca
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