Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/01/2001 - 10h51

Crítica: "Náufrago" pode render terceiro Oscar para Tom Hanks

Publicidade

da Reuters
em São Paulo

Se você é daquelas pessoas que detestam Tom Hanks, passe longe de qualquer cinema que esteja exibindo "Náufrago". O filme, que entra em cartaz hoje no Brasil, não existiria sem o ator norte-americano.

Hanks aparece completamente sozinho em mais da metade das cenas. Sua dedicação ao que ele considera o "papel de sua vida" o obrigou a fazer acrobacias dignas de um Robert De Niro. Ele precisou emagrecer 30 quilos durante as filmagens para mostrar o que quatro anos isolado numa ilha deserta fariam à silhueta de um ser humano. Também teve que suportar uma grave infecção na perna, que o forçou a passar três dias internado em um hospital e suspendeu as gravações durante várias semanas.

Todo esse sacrifício parece ter valido a pena. Tom Hanks está excepcional no papel de Chuck Noland, um engenheiro de sistemas da FedEx que, depois de sofrer um acidente de avião, vai parar em uma ilha desabitada no Oceâno Pacífico.

Ali, afastado de tudo e de todos, ele precisa aprender a sobreviver. É obrigado a usar a imaginação para abrir um coco sem usar qualquer instrumento. Tem que se esforçar para fazer fogo com a ajuda de dois gravetos. Mas o mais difícil é lidar com a solidão.

Ao contrário de outras histórias sobre o mesmo tema, como a de Robinson Crusoé ou a do filme "A Lagoa Azul", não há em "Náufrago" um nativo com quem Noland possa dividir suas preocupações e muito menos um par romântico para apimentar a trama. Por isso é tão comovente a cena em que ele resolve transformar uma bola de vôlei, que veio encalhar na praia dentro de um pacote da FedEx, num amigo imaginário.

Noland desenha um rosto na bola com seu próprio sangue e, aproveitando o nome do fabricante do objeto esportivo, ele batiza seu novo amigo de Wilson.

Antes de Wilson aparecer, Tom Hanks precisava transmitir todo o desespero de seu personagem através de expressões faciais. Sem auxílio de um fundo musical - inexistente durante o tempo em que o personagem está na ilha - e sem outro ator com quem dividir as falas, Tom Hanks teve que dar tudo de si para não entediar a platéia.

"Isso me deixava louco", disse o ator em entrevista a uma revista norte- americana. "Não havia duas pessoas para sustentar a história, não havia ninguém com quem contracenar. Era como fazer um filme mudo".

Apesar das dificuldades, o ator se saiu bem. Tanto que está cotadíssimo para o Oscar - o terceiro de sua carreira - por seu trabalho, que já lhe rendeu um Globo de Ouro de melhor ator.

Tom Hanks já teve várias chances de mostrar seu talento nas telas. Foi um homossexual com Aids em "Filadélfia", um simplório em "Forrest Gump - O Contador de Histórias" e já esteve em filmes mais leves como "Mensagem para Você" e "Sintonia do Amor".

Apesar de o filme contar com bons atores (Helen Hunt está ótima no papel da namorada de Chuck Noland), com um bom roteiro (William Broyles Jr., de "Apollo 13", passou várias semanas numa praia isolada aprendendo técnicas de sobrevivência que usaria em sua história) e com uma direção competente (Robert Zemeckis, de "De Volta para o Futuro"), "Náufrago" é Tom Hanks do início ao fim.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página