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26/01/2001 - 04h42

Rock in Rio move indústria no recesso

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES, da Folha de S.Paulo

Tradicional mês de recesso na indústria fonográfica, janeiro colocou as gravadoras brasileiras para trabalhar graças ao Rock in Rio. E viu, desta vez, se confrontarem dois modos bem distintos de visão empresarial.

O modo clássico foi utilizado, sem exceção, pelas multinacionais: expor os artistas e esconder o emblema das gravadoras. Duas empresas jovens, no entanto, foram em outra direção, buscando firmar suas marcas.

Indie e Trama fizeram isso patrocinando, respectivamente, a Tenda Eletro e a Tenda Brasil. Se a primeira "guardou" seu logotipo dentro da tenda, a outra espalhou-o por outdoors, brindes e CDs à venda em loja própria.

Não se viram na Cidade do Rock logotipos de BMG (Foo Fighters, Five, Daniela Mercury), EMI (Iron Maiden, Fernanda Abreu), Sony (Oasis, James Taylor), Virgin (Britney Spears, "NSync), Warner (Neil Young, REM, Gil e Milton).

A postura das gigantes é sintetizada pelo diretor artístico da EMI, Torcuato Mariano: "A gente não vende gravadora, vende artista. Não gastamos dinheiro nisso, apostamos nos artistas".

Foi a EMI que viu seu contratado Carlinhos Brown passar sufoco com público hostil. Da polêmica, resultou que seu nome foi um dos mais repetidos, justamente às vésperas de ele lançar novo CD.

O diretor-geral da Indie, Líber Gadelha, afina-se com o pensamento das majors, apesar da estratégia diversa: "Não existe marca, existe artista. O maior divulgador da Indie é Jorge Aragão, artista mais vendido hoje no Brasil".

Mas não serão o ausente Aragão nem nomes da Tenda Brasil, como Luiz Melodia, Vinny ou Tribo de Jah, que renderão à Indie o grosso de retorno do investido.

O contrato de patrocínio lhe dá o direito de lançar três CDs com logotipo Rock in Rio, recolhidos do que ocorreu na Tenda Eletro (a Trama poderá lançar dois com material da sua). "Vou ter um retorno muito maior que R$ 400 mil", entusiasma-se Gadelha.

O presidente da Trama, João Marcello Bôscoli, justifica a estratégia: "Os artistas não receberam cachê. Pagamos o custo dos shows, R$ 10 mil a R$ 15 mil cada. Tivemos 12 nomes no festival; Jair Rodrigues e Tom Zé promoveram seus CDs com um público que não é o deles".

O retorno? A Trama saca vendagens de seus CDs (de artistas ainda pouco conhecidos, como Max de Castro, Wilson Simoninha e Luciana Mello) durante o festival: cerca de 10 mil cópias.

Parece pouco, mas Bôscoli explica: "Fizemos circular nossos artistas, que os lojistas ainda relutam em aceitar. Como nosso elenco infelizmente não toca no rádio, redirecionamos os investimentos para shows".

Guns, Ivete Sangalo
É evidente o contraste com a maior vendedora atual de CDs no Brasil, a Universal (líder nos anos 90 com axé e sertanejo), que colocou um único outdoor, divulgando seu elenco a quilômetros da Cidade do Rock, e só.

Preferiu investir em vitaminar a imagem de artistas em processo de mudança de nicho de mercado (Sandy & Júnior) ou que vêm de fases de ostracismo (Guns N" Roses, Engenheiros do Hawaii, Sting).

"O festival pediu indicações à gravadora, mas tinha suas listas de escolha. Mas acho que não deveriam excluir o axé, que é uma das vertentes pop da música nacional. Questiono o festival por Ivete Sangalo não estar aqui", disse o presidente da Universal, Marcelo Castelo Branco.
 

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