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01/02/2001
-
10h13
MARCELO STAROBINAS
especial para a Folha, em Londres
Londres abre hoje para o público uma máquina capaz de transportar as pessoas pelo tempo e pelo espaço. A viagem, que começa na capital britânica, tem escalas num set de filmagens da "Bollywood", em Bombaim, na praça Vermelha da Moscou de Lênin e Stálin, em 1917, e no estúdio de Pablo Picasso, na Paris do início do século passado.
A última parada é um pouso suave, na areia de Ipanema, ao som de Tom Jobim. Essa é só uma de inúmeras formas possíveis de embriagar-se com a exposição "Century City: Art and Culture in the Modern Metropolis", na Tate Modern Gallery.
A primeira apresentação temporária de impacto do novo museu londrino tenta reunir a essência das manifestações artísticas -cinema, teatro, artes plásticas, fotografia, design gráfico etc- do século 20. Retrata os momentos de apogeu criativo em nove das principais metrópoles modernas: Londres, Paris, Viena, Moscou, Tóquio, Nova York, Lagos, Bombaim e Rio de Janeiro.
Assim, o Rio dos anos 50 e 60 -da bossa nova, dos neoconcretistas e da arquitetura e urbanismo de Niemeyer e Burle Marx- ganha uma oportunidade sem igual de conquistar a parcela dos europeus que, porventura, ainda não tenham se apaixonado por algum desses ícones da cidade.
Coube ao carioca Paulo Venâncio Filho, curador da exibição do Rio, o desafio de espremer em duas salas a produção dos contemporâneos de Tom, Vinicius e João Gilberto.
O resultado não é um amontoado caótico. Pelo contrário, a primeira sala agrada pelo colorido das instalações de Hélio Oiticica e pelas obras de Lygia Clark, Lygia Pape, Milton da Costa e Sérgio Camargo.
"O Rio te abre um horizonte", diz Venâncio Filho, sugerindo uma analogia entre a disposição das peças e a distribuição espacial das paisagens da cidade.
A segunda sala brasileira e a última de toda a exposição recebe o visitante com a música de Tom Jobim e João Gilberto. Nela, há uma área dedicada à modernização arquitetônica, com uma reprodução de um esboço do Pão de Açúcar e da orla do Rio, assinado por Oscar Niemeyer.
Na exibição de Paris (1905-15), Pablo Picasso é um dos nomes presentes, ao lado de Matisse e de Apollinaire. Também estão pinturas expressionistas da Viena (1908-18) que testemunhava o nascimento da psicanálise com Sigmund Freud.
No "estande" moscovita, há, entres fotos dos pais da União Soviética e cartazes de propaganda comunista, exemplos de obras que tentavam trazer para a arte o espírito revolucionário.
De acordo com a seleção dos curadores, Tóquio (1967-73) e Nova York (1969-74) viveram apogeus artísticos simultâneos. Na apresentação japonesa, destaque para o impacto do feminismo, com artistas como Yoko Ono, e para o erotismo ousado da revista "Provoke". Na americana, enfileiram-se temas e artistas velhos conhecidos, como a militância contra a Guerra do Vietnã e Andy Warhol.
Londres vê em museu a arte do tempo da bossa nova de Tom Jobim
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especial para a Folha, em Londres
Londres abre hoje para o público uma máquina capaz de transportar as pessoas pelo tempo e pelo espaço. A viagem, que começa na capital britânica, tem escalas num set de filmagens da "Bollywood", em Bombaim, na praça Vermelha da Moscou de Lênin e Stálin, em 1917, e no estúdio de Pablo Picasso, na Paris do início do século passado.
A última parada é um pouso suave, na areia de Ipanema, ao som de Tom Jobim. Essa é só uma de inúmeras formas possíveis de embriagar-se com a exposição "Century City: Art and Culture in the Modern Metropolis", na Tate Modern Gallery.
A primeira apresentação temporária de impacto do novo museu londrino tenta reunir a essência das manifestações artísticas -cinema, teatro, artes plásticas, fotografia, design gráfico etc- do século 20. Retrata os momentos de apogeu criativo em nove das principais metrópoles modernas: Londres, Paris, Viena, Moscou, Tóquio, Nova York, Lagos, Bombaim e Rio de Janeiro.
Assim, o Rio dos anos 50 e 60 -da bossa nova, dos neoconcretistas e da arquitetura e urbanismo de Niemeyer e Burle Marx- ganha uma oportunidade sem igual de conquistar a parcela dos europeus que, porventura, ainda não tenham se apaixonado por algum desses ícones da cidade.
Coube ao carioca Paulo Venâncio Filho, curador da exibição do Rio, o desafio de espremer em duas salas a produção dos contemporâneos de Tom, Vinicius e João Gilberto.
O resultado não é um amontoado caótico. Pelo contrário, a primeira sala agrada pelo colorido das instalações de Hélio Oiticica e pelas obras de Lygia Clark, Lygia Pape, Milton da Costa e Sérgio Camargo.
"O Rio te abre um horizonte", diz Venâncio Filho, sugerindo uma analogia entre a disposição das peças e a distribuição espacial das paisagens da cidade.
A segunda sala brasileira e a última de toda a exposição recebe o visitante com a música de Tom Jobim e João Gilberto. Nela, há uma área dedicada à modernização arquitetônica, com uma reprodução de um esboço do Pão de Açúcar e da orla do Rio, assinado por Oscar Niemeyer.
Na exibição de Paris (1905-15), Pablo Picasso é um dos nomes presentes, ao lado de Matisse e de Apollinaire. Também estão pinturas expressionistas da Viena (1908-18) que testemunhava o nascimento da psicanálise com Sigmund Freud.
No "estande" moscovita, há, entres fotos dos pais da União Soviética e cartazes de propaganda comunista, exemplos de obras que tentavam trazer para a arte o espírito revolucionário.
De acordo com a seleção dos curadores, Tóquio (1967-73) e Nova York (1969-74) viveram apogeus artísticos simultâneos. Na apresentação japonesa, destaque para o impacto do feminismo, com artistas como Yoko Ono, e para o erotismo ousado da revista "Provoke". Na americana, enfileiram-se temas e artistas velhos conhecidos, como a militância contra a Guerra do Vietnã e Andy Warhol.
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