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28/09/2002 - 00h10

Mulheres versus computadores

LUCIANA COELHO
da Folha Online

A cena se repete quotidianamente, ele sentado ao computador e ela fazendo qualquer outra coisa e praguejando mentalmente quem teve a maldita idéia de transformar aquela caixa num console de diversão.

Ela: Então, falei que podíamos ir lá no sábado. (o trabalho está terminado)
Ele: Ahã. (o trabalho está terminado)
Ela: Tudo bem por você? (o trabalho está terminado)
Ele: Espera um pouco, linda. (o trabalho está terminado)
Ela: Você ouviu alguma coisa do que eu disse? (o trabalho está terminado)
Ele: Quê?

Você, leitora desta coluna, já deve ter vivido algo parecido com o diálogo acima. "O trabalho está terminado", a repetitiva frase que pontua o jogo StarCraft, pode ser substituída por qualquer outra fala (ou som) do jogo de sua preferência. Ou do jogo preferido de seu namorado, marido, irmão, melhor amigo, concubino, enfim, ser do sexo masculino com quem você mantenha uma relação mais próxima.

Sim, sim, estou falando do inexplicável fascínio que os jogos de computador (ou videogame) exercem sobre garotos, rapazes e homens em geral. Ao que tudo indica, a velha rivalidade entre mulheres e futebol deu lugar à rivalidade entre mulheres e jogos eletrônicos. Logo agora que elas já sabem tudo sobre a lei do impedimento!

Eles às vezes chegam a passar horas a fio presos àquela tela, manipulando homenzinhos que tentam construir um império ou matando impiedosamente inimigos nazistas. Obrigadas a disputar a atenção deles com as historietas virtuais, os tiros e os recordes, elas, em vez de ficarem enciumadas com aquela Playboy na gaveta, vêem-se ridiculamente invejando a Lara Croft!

E quando há muitos deles reunidos, elas tentam ser simpáticas e perguntar sobre as tais histórias, ou até comentar sobre as duas semanas que passaram em frente ao computador jogando "The Sims", mas logo acabam excluídas da conversa.

Não, elas não viram o novo teaser da nova versão de Diablo na Internet. Não, elas também não querem saber onde é que abriu uma nova casa de jogos em rede ali pertinho. Do mesmo jeito que suas mães não queriam saber quem era o novo zagueiro do Palmeiras.

Na verdade, pro diabo com todas as casas de jogos em rede.

Mais deprimente que ser trocada pelo bom e velho futebol, que pelo menos traz benefícios à aparência deles, é ser trocada pelos tais joguinhos.

E não adianta, ela até tenta se inteirar do mundo virtual com aquela amiga que sabe tudo sobre todos os jogos, em algo que poderia ser considerado quase uma traição à classe, e disputar algumas partidas com o cunhado impúbere achando que poderia levar a melhor e ter alguma vantagem a contar (mera ilusão, na verdade, quanto mais novos, mais hábeis eles parecem ser nos joysticks e teclados).

Mas eles que estejam preparados. Quando menos se espera, elas poderão, num acesso incontrolável de fúria, acabar com tudo de uma vez... desligando o computador bem quando ele ia chegar naquele ponto inatingível do jogo! E, claro, em seguida, pegar o telefone e papear horas com uma amiga.

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