Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
18/11/2002 - 18h17

Jornalista invade caixa de e-mails de Saddam Hussein

da Folha Online

Um jornalista freelance especializado em segurança na internet conseguiu acesso à caixa de e-mails de Saddam Hussein. E nem precisou de qualquer conhecimento especial para isso.

Ao visitar o site oficial do governo do Iraque, Brian McWilliams (www.uruklink.net/iraq) viu que o site incluía links para enviar e-mails para o líder iraquiano, bem como links para que os demais usuários do site checassem suas caixas de mensagens.

Foi exatamente esse recurso de verificação remota de e-mail que despertou a curiosidade de McWilliams. No endereço sugerido para o envio de mensagens para Saddam (press@uruklink.net), ele digitou a palavra "press" no campo de nome do usuário e "press" novamente no espaço para a senha.

"Levou um bom tempo. Eu estava quase clicando em 'parar', e então, boom" Apareceram as mensagens", disse McWilliams, segundo o site da CNN.

Não há como saber se Saddam algum dia recebeu aquelas mensagens. Os e-mails aos quais McWilliams teve acesso foram enviados entre Junho e agosto, quando aparentemente, a caixa de e-mails atingiu sua capacidade máxima. Nenhuma das mensagens havia sido lida ou respondida, disse McWilliams.

"Quem quer que fosse responsável por checar os e-mails --eu duvido que fosse ele-- não o fez", contou.

McWilliams disse que desde outubro, quando escreveu um artigo para o Wired News, nenhuma autoridade dos EUA entrou em contato com ele. Além disso, o jornalista disse não ter planos de compartilhar sua descoberta com o governo. "O fato de não terem entrado em contato comigo mostra que eles não se importam ou nem ficaram sabendo do caso."

As mensagens
Segundo McWilliams, as mensagens mais curiosas envolviam propostas de negócios por empresas americanas, apesar das proibições dos EUA em relação a essas transações.

O diretor de uma empresa de tecnologia na Califórnia enviou um e-mail para Saddam solicitando o agendamento de um encontro, sugerindo que iriam discutir "melhorias tecnológicas e a exportação de tecnologias", disse McWilliams.

Ele disse que a companhia, que preferiu não identificar, dizia ter desenvolvido tecnologia móvel capaz de "incendiar grandes partes da atmosfera". Mas quando McWilliams ligou para a empresa, a explicação foi que o contato havia sido feito apenas para conseguir a permissão para instalar uma antena de comunicação no Iraque.

Outros e-mails envolviam pedidos de entrevistas por jornalistas e mensagens obscenas de americanos revoltados. Um homem teria se identificado como um ex-pára-quedista dos EUA escreveu dizendo que adoraria receber um convite para terminar o que começou durante a Guerra do Golfo.

Mas a caixa de mensagens também continha e-mails de admiradores, incluindo alguém que escreveu da Austrália. O e-mail chamava os norte-americanos de arrogantes e dizia a Saddam que se os EUA atacassem o Iraque, "é só enviar a passagem aérea, que eu vou até o Iraque para ajudar a combater os norte-americanos".

Antes de publicar seu artigo, McWilliams mudou a senha da conta, temendo que as pessoas pudessem acessar as mensagens e ameaçar aqueles que tivessem enviado as mensagens de apoio ao líder iraquiano, ou enviar e-mails sob o nome de Saddam.

Posteriormente, a senha foi novamente trocada, mas ninguém nunca entrou em contato com ele. "Nunca ouvi um 'a'", disse.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página