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30/11/2002
-
10h00
Editor de Informática e Ciência
Músicos de todos os gêneros podem até achar ruim. Mas o computador levou à estratosfera o que os sintetizadores começaram a fazer nos anos 60 e 70 --hoje, os chamados "samples" conseguem recriar com perfeição o som de instrumentos musicais. O resultado é que tem gente que consegue compor um CD inteiro "tocando mouse".
Estava devendo esta coluna desde julho, quando leitores escreveram ávidos para pedir dicas. Passei alguns meses estudando o assunto, e aproveito para agradecer ao Marcelo Macedo, que trabalha em estúdio, conhece muito do assunto e, como eu, toca guitarra e ama música e computadores.
Os samples na verdade são gravações de cada som dos instrumentos reais. Um "sample" de piano, por exemplo, tem sons de todas as notas do piano e as respectivas variações produzidas com os pedais. Um "sample" de bateria possui a gravação real de cada peça, da caixa ao bumbo, além dos tons e pratos.
A vantagem dos samples sobre outras opções --como o SoundFont, citado no primeira coluna e cuja função é substituir o banco MIDI de uma placa de som-- é que as gravações são feitas no formato Wave, que mantém 100% de fidelidade, sem perdas na qualidade sonora.
Como funciona
Da mesma forma que o SoundFont, os samples funcionam conjugados ao sistema MIDI (sigla para Interface Digital para Instrumentos Musicais). Portanto, é aconselhável já ter alguma experiência na composição ou no arranjo de músicas no formato MIDI antes de se aventurar nesse universo.
Vou aqui apresentar uma receita --claro, deve haver outras. Para não ser muito chato e extenso, vou dividir o pacote de instruções em dois: uma parte é esta que você está lendo, a outra será publicada daqui a quinze dias, depois de "As aventuras de um micreiro", quando pretendo dar alguns links legais de samples e outras ferramentas.
O primeiro passo é ganhar familiaridade com sequenciadores MIDI, de preferência um programa chamado Cubase, que tem muitos acessórios compatíveis. Quem já viu ou trabalhou com softs como o Cakewalk ou o Sonar terá extrema facilidade em se adaptar ao Cubase SX, por exemplo.
Nesse programa, você pode criar uma trilha própria ou então simplesmente importar um arquivo MIDI com várias pistas de instrumentos para aplicar os samples. Na hora de compor, use os bancos MIDI já armazenados na sua placa de som --se for uma SoundBlaster, você pode inclusive usar os SoundFonts.
Criada ou importada a música, você deve mudar as atribuições de entrada e saída de cada pista para que as notas MIDI que você criou sejam tocadas por um VST Instrument, e não pelo mecanismo de MIDI da placa de som. A sigla VST significa Virtual Studio Technology, e pode ser acessada no Cubase pela tecla de atalho F11.
Os tradutores
O dito VST Instrument é na verdade um "tradutor" --ele associa os sons do sample gravado em Wave às notas MIDI da música. Por isso o resultado é tão realista: é o próprio instrumento soando.
Há diversos tradutores, chamados "samplers", e eles costumam funcionar como plug-ins do Cubase. Um deles é o GigaSampler. Ele é o tradutor que tem mais samples compatíveis --no formato Gig-- e usa o disco rígido para ler os arquivos, em vez de precisar chamá-los para a memória RAM. A vantagem: os sons podem ter tamanhos gigantescos, como um sample chamado GigaPiano, que tem 1 GB.
Além de piano, há sons teclado, violão, guitarra, violino, vozes em coro, bateria... E também existem outros samplers compatíveis com o formato Gig, entre eles o Hallion e o Kontakt, também bastante utilizados.
De volta ao Cubase. Depois de ter criado ou importado o arquivo MIDI, você deve abrir o painel VST Instruments pelo comando F11 e carregar um dos samplers que tenha conseguido. Os passos seguintes incluem importar os samples, atribuir as entradas e saídas de som das pistas ao tradutor e equalizar o som.
Mas isso fica para a próxima coluna... ;-)
Por enquanto, para matar a curiosidade do leitor (e para que ele não me mate), seguem os links dos programas citados. Vale a pena conferir e obter informações de onde conseguir esses programas no Brasil.
GigaSampler
Kontakt
Hallion
Sons (para aumentar a curiosidade)
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Computador recria som de instrumentos musicais com perfeição
FRANCISCO MADUREIRAEditor de Informática e Ciência
Músicos de todos os gêneros podem até achar ruim. Mas o computador levou à estratosfera o que os sintetizadores começaram a fazer nos anos 60 e 70 --hoje, os chamados "samples" conseguem recriar com perfeição o som de instrumentos musicais. O resultado é que tem gente que consegue compor um CD inteiro "tocando mouse".
Estava devendo esta coluna desde julho, quando leitores escreveram ávidos para pedir dicas. Passei alguns meses estudando o assunto, e aproveito para agradecer ao Marcelo Macedo, que trabalha em estúdio, conhece muito do assunto e, como eu, toca guitarra e ama música e computadores.
Os samples na verdade são gravações de cada som dos instrumentos reais. Um "sample" de piano, por exemplo, tem sons de todas as notas do piano e as respectivas variações produzidas com os pedais. Um "sample" de bateria possui a gravação real de cada peça, da caixa ao bumbo, além dos tons e pratos.
A vantagem dos samples sobre outras opções --como o SoundFont, citado no primeira coluna e cuja função é substituir o banco MIDI de uma placa de som-- é que as gravações são feitas no formato Wave, que mantém 100% de fidelidade, sem perdas na qualidade sonora.
Como funciona
Da mesma forma que o SoundFont, os samples funcionam conjugados ao sistema MIDI (sigla para Interface Digital para Instrumentos Musicais). Portanto, é aconselhável já ter alguma experiência na composição ou no arranjo de músicas no formato MIDI antes de se aventurar nesse universo.
Vou aqui apresentar uma receita --claro, deve haver outras. Para não ser muito chato e extenso, vou dividir o pacote de instruções em dois: uma parte é esta que você está lendo, a outra será publicada daqui a quinze dias, depois de "As aventuras de um micreiro", quando pretendo dar alguns links legais de samples e outras ferramentas.
O primeiro passo é ganhar familiaridade com sequenciadores MIDI, de preferência um programa chamado Cubase, que tem muitos acessórios compatíveis. Quem já viu ou trabalhou com softs como o Cakewalk ou o Sonar terá extrema facilidade em se adaptar ao Cubase SX, por exemplo.
Nesse programa, você pode criar uma trilha própria ou então simplesmente importar um arquivo MIDI com várias pistas de instrumentos para aplicar os samples. Na hora de compor, use os bancos MIDI já armazenados na sua placa de som --se for uma SoundBlaster, você pode inclusive usar os SoundFonts.
Criada ou importada a música, você deve mudar as atribuições de entrada e saída de cada pista para que as notas MIDI que você criou sejam tocadas por um VST Instrument, e não pelo mecanismo de MIDI da placa de som. A sigla VST significa Virtual Studio Technology, e pode ser acessada no Cubase pela tecla de atalho F11.
Os tradutores
O dito VST Instrument é na verdade um "tradutor" --ele associa os sons do sample gravado em Wave às notas MIDI da música. Por isso o resultado é tão realista: é o próprio instrumento soando.
Há diversos tradutores, chamados "samplers", e eles costumam funcionar como plug-ins do Cubase. Um deles é o GigaSampler. Ele é o tradutor que tem mais samples compatíveis --no formato Gig-- e usa o disco rígido para ler os arquivos, em vez de precisar chamá-los para a memória RAM. A vantagem: os sons podem ter tamanhos gigantescos, como um sample chamado GigaPiano, que tem 1 GB.
Além de piano, há sons teclado, violão, guitarra, violino, vozes em coro, bateria... E também existem outros samplers compatíveis com o formato Gig, entre eles o Hallion e o Kontakt, também bastante utilizados.
De volta ao Cubase. Depois de ter criado ou importado o arquivo MIDI, você deve abrir o painel VST Instruments pelo comando F11 e carregar um dos samplers que tenha conseguido. Os passos seguintes incluem importar os samples, atribuir as entradas e saídas de som das pistas ao tradutor e equalizar o som.
Mas isso fica para a próxima coluna... ;-)
Por enquanto, para matar a curiosidade do leitor (e para que ele não me mate), seguem os links dos programas citados. Vale a pena conferir e obter informações de onde conseguir esses programas no Brasil.
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