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24/08/2003
-
10h05
FERNANDA K. ÂNGELO
da Folha Online
O acesso à internet entre os brasileiros das classes sociais A e B se aproxima do índice observado em países mais ricos --cerca de 80% dessas pessoas já usam a web.
Também em relação ao tempo que passam conectados à rede, os internautas no Brasil só perdem para os EUA --estão à frente até mesmo do Japão e dos países europeus, como França, Espanha e Inglaterra.
Segundo dados do instituto de pesquisas Ibope eRatings, os brasileiros gastaram em média 13 horas e 20 minutos on-line no último mês de junho. No Japão, esse tempo foi de 12 horas e 50 minutos.
Esses números indicam que, tendo acesso, o brasileiro tem muita desenvoltura para utilizar a rede. Em setembro de 2000, quando o Ibope iniciou a medição no Brasil, o numero de horas mensais navegadas era de 7 horas e 50 minutos.
Trajetória de crescimento
Marcelo Coutinho, analista de internet do Ibope eRatings, é otimista em relação à evolução da web no país. Segundo ele, embora em ritmo mais lento, o segmento deve manter sua trajetória de crescimento.
No primeiro semestre de 2003, por exemplo, o número de internautas no Brasil --apenas no acesso domiciliar-- aumentou 6,3%, contra alta de 20,6% registrada no mesmo período do ano passado. "O crescimento desacelerou, mas ainda permanece bem melhor que o mercado de mídia como um todo", avalia.
O numero de brasileiros de mais de 16 anos e com acesso à internet de qualquer local --casa, trabalho ou escola-- era de 16,9 milhões no primeiro trimestre de 2001. No primeiro trimestre deste ano, esse numero subiu para 18,5 milhões. Apesar das instabilidades enfrentadas ao longo dos últimos dois anos --apagão, dólar, eleições etc--, o acesso cresceu.
No entanto ele cobre apenas 10% do total da população brasileira.
Empecilhos
Para Coutinho, um dos principais empecilhos para uma maior popularização da rede é a questão da renda.
Enquanto o acesso nas classes A e B chega a cerca de 80%, na classe C esse percentual cai para 23% e nas classes D e E é de apenas 6%. Os dados são do Target Group Index, uma pesquisa realizada pelo Ibope Mídia, com uma amostra válida para as nove maiores regiões metropolitanas do Brasil.
Coutinho defende a idéia de que não basta simplesmente dar acesso para garantir um pleno aproveitamento da rede por parte das populações excluídas. Ele diz que os "Telecentros" --centros montados pela prefeitura de São Paulo para o acesso das populações de menor poder aquisitivo à internet-- são ótimos, mas "também é necessário dar condições para que a população utilize as informações obtidas na rede para melhorar sua vida".
"Não basta garantir o acesso disponibilizando máquinas em centros construídos nas periferias das grandes cidades ou em zonas rurais. É necessário criar e manter um ambiente onde esta tecnologia mostre-se capaz de melhorar a vida profissional ou social de seus usuários", diz o analista.
Isso implica em acesso ao crédito para pequenas empresas, cooperativas de exportação, pequenos produtores etc. "A moderna exclusão digital é apenas a face tecnológica da centenária exclusão social brasileira", diz Coutinho.
Segundo ele, esse é um dos principais motivos que atrapalham o Brasil quando se faz comparações globais para competitividade na economia digital.
Preocupação
Coutinho alerta para as consequências perversas que a exclusão digital pode ter, especificamente entre os jovens. Para ele, "esse pode ser o grande abismo digital do futuro".
O analista explica: a utilização da internet pelos brasileiros de classes A e B com entre 12 e 17 anos de idade é muito intensa --supera o consumo de mídia impressa e cinema, por exemplo.
Isso significa que esses jovens já vão crescer com uma familiaridade muito maior com a internet que o jovem das classes C e D, que só vai acessar a rede de seu local de trabalho --supondo que ele consiga um emprego.
Coutinho desenvolve um projeto de pesquisa sobre o assunto na ESPM (Escola Superior de Propagando e Marketing).
O estudioso diz que as consequências a longo prazo podem ser um aprofundamento ainda maior da distância educacional entre os que têm acesso à informação e os que não têm. "Essa é uma bomba relógio em termos de inserção da maior parte da população brasileira na Sociedade da Informação", alerta.
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O acesso à internet entre os brasileiros das classes sociais A e B se aproxima do índice observado em países mais ricos --cerca de 80% dessas pessoas já usam a web.
Também em relação ao tempo que passam conectados à rede, os internautas no Brasil só perdem para os EUA --estão à frente até mesmo do Japão e dos países europeus, como França, Espanha e Inglaterra.
Segundo dados do instituto de pesquisas Ibope eRatings, os brasileiros gastaram em média 13 horas e 20 minutos on-line no último mês de junho. No Japão, esse tempo foi de 12 horas e 50 minutos.
Esses números indicam que, tendo acesso, o brasileiro tem muita desenvoltura para utilizar a rede. Em setembro de 2000, quando o Ibope iniciou a medição no Brasil, o numero de horas mensais navegadas era de 7 horas e 50 minutos.
Trajetória de crescimento
Marcelo Coutinho, analista de internet do Ibope eRatings, é otimista em relação à evolução da web no país. Segundo ele, embora em ritmo mais lento, o segmento deve manter sua trajetória de crescimento.
No primeiro semestre de 2003, por exemplo, o número de internautas no Brasil --apenas no acesso domiciliar-- aumentou 6,3%, contra alta de 20,6% registrada no mesmo período do ano passado. "O crescimento desacelerou, mas ainda permanece bem melhor que o mercado de mídia como um todo", avalia.
O numero de brasileiros de mais de 16 anos e com acesso à internet de qualquer local --casa, trabalho ou escola-- era de 16,9 milhões no primeiro trimestre de 2001. No primeiro trimestre deste ano, esse numero subiu para 18,5 milhões. Apesar das instabilidades enfrentadas ao longo dos últimos dois anos --apagão, dólar, eleições etc--, o acesso cresceu.
No entanto ele cobre apenas 10% do total da população brasileira.
Empecilhos
Para Coutinho, um dos principais empecilhos para uma maior popularização da rede é a questão da renda.
Enquanto o acesso nas classes A e B chega a cerca de 80%, na classe C esse percentual cai para 23% e nas classes D e E é de apenas 6%. Os dados são do Target Group Index, uma pesquisa realizada pelo Ibope Mídia, com uma amostra válida para as nove maiores regiões metropolitanas do Brasil.
Coutinho defende a idéia de que não basta simplesmente dar acesso para garantir um pleno aproveitamento da rede por parte das populações excluídas. Ele diz que os "Telecentros" --centros montados pela prefeitura de São Paulo para o acesso das populações de menor poder aquisitivo à internet-- são ótimos, mas "também é necessário dar condições para que a população utilize as informações obtidas na rede para melhorar sua vida".
"Não basta garantir o acesso disponibilizando máquinas em centros construídos nas periferias das grandes cidades ou em zonas rurais. É necessário criar e manter um ambiente onde esta tecnologia mostre-se capaz de melhorar a vida profissional ou social de seus usuários", diz o analista.
Isso implica em acesso ao crédito para pequenas empresas, cooperativas de exportação, pequenos produtores etc. "A moderna exclusão digital é apenas a face tecnológica da centenária exclusão social brasileira", diz Coutinho.
Segundo ele, esse é um dos principais motivos que atrapalham o Brasil quando se faz comparações globais para competitividade na economia digital.
Preocupação
Coutinho alerta para as consequências perversas que a exclusão digital pode ter, especificamente entre os jovens. Para ele, "esse pode ser o grande abismo digital do futuro".
O analista explica: a utilização da internet pelos brasileiros de classes A e B com entre 12 e 17 anos de idade é muito intensa --supera o consumo de mídia impressa e cinema, por exemplo.
Isso significa que esses jovens já vão crescer com uma familiaridade muito maior com a internet que o jovem das classes C e D, que só vai acessar a rede de seu local de trabalho --supondo que ele consiga um emprego.
Coutinho desenvolve um projeto de pesquisa sobre o assunto na ESPM (Escola Superior de Propagando e Marketing).
O estudioso diz que as consequências a longo prazo podem ser um aprofundamento ainda maior da distância educacional entre os que têm acesso à informação e os que não têm. "Essa é uma bomba relógio em termos de inserção da maior parte da população brasileira na Sociedade da Informação", alerta.
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