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22/09/2004
-
09h09
LUCIANA COELHO
da Folha de S.Paulo, em Nova York
Acrescente mais uma revolução às tantas já promovidas pelo telefone celular: o aparelho acaba de ser usado para reconfigurar a maneira de organizar e participar de protestos públicos nos EUA, criando as TxTmobs.
Munidos de telefones, muitos dos ativistas que foram às ruas de Nova York entre o fim de agosto e o início deste mês para se manifestar contra o presidente George W. Bush durante a Convenção Nacional Republicana conseguiram evitar a polícia, exibir seus cartazes para um maior número de câmeras de TV, escolher as melhores rotas pela cidade e até organizar manifestações relâmpago para obter fotos mais impactantes. Tudo em tempo real e sem precisar fazer uma ligação.
Por trás de tanta organização, há uma tecnologia simples, já bastante conhecida --as mensagens de texto via celular (SMS)--, e um novo site, o TxTMob.com (o nome combina uma contração da palavra texto, como normalmente é escrita em SMS, à palavra multidão em inglês).
"O TxTmob na verdade é um site --nada de especial tecnologicamente-- no qual você se inscreve num grupo de interesse. Quando alguém manda uma mensagem de texto, todos os membros recebem", disse o brasileiro Alberto Escarlate, 40. Diretor técnico de uma empresa de marketing interativo em Westport (Connecticut) e blogueiro no campo do uso social da tecnologia, Escarlate inscreveu-se no site, mas o trabalho o impediu de participar dos protestos anti-Bush.
"As mensagens eram coisas como "tem uma câmera de TV na esquina tal filmando ao vivo; precisamos de cartazes lá", ou "a polícia está pegando todo mundo na rua tal", então o pessoal evitava ir àquele local", contou. "O grupo feminista Code Pink, no qual as mulheres se vestem de rosa nos protestos, mandou uma mensagem pedindo que todo mundo fosse ao Central Park vestido de rosa para uma fotografia aérea."
Como Escarlate, cerca de outras 6.000 pessoas se inscreveram no site para receber ou enviar mensagens de orientação durante a convenção. O número é bem maior do que esperava um dos idealizadores do projeto, John Henry, do Instituto para Autonomia Aplicada (grupo de artistas e programadores cuja missão auto-atribuída é "desenvolver tecnologias que sirvam à necessidade social e humana de autodeterminação). Henry usa um pseudônimo, pois os envolvidos no projeto não revelam nome real nem idade.
Origem
A idéia para o site surgiu pouco antes da convenção democrata, em julho, em Boston. Em um mês, de cerca de 500 pessoas inscritas, o número subiu para 6.000. "Trabalhamos perto de um grupo de ativistas e tentamos promover o serviço entre eles", diz.
Gratuito e livre de anúncios, o TxTMob não tem renda e conta com o trabalho voluntário de seus idealizadores para se manter no ar. Na maior parte do tempo, ele é atualizado pelo próprio Henry, que mantém um emprego paralelo. "Eu adoraria trabalhar em tempo integral no site, mas não temos dinheiro", brinca. Até as eleições presidenciais do dia 2 de novembro, período para o qual estão previstos novos protestos, a equipe deve crescer para oito pessoas --todos voluntários.
Por enquanto, é possível usar o serviço do TxTMob nos EUA e no Canadá. O próximo passo, diz Henry, é expandir sua abrangência. "Tem havido interesse na Europa, e também gostaríamos de atuar na América do Sul."
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da Folha de S.Paulo, em Nova York
Acrescente mais uma revolução às tantas já promovidas pelo telefone celular: o aparelho acaba de ser usado para reconfigurar a maneira de organizar e participar de protestos públicos nos EUA, criando as TxTmobs.
Munidos de telefones, muitos dos ativistas que foram às ruas de Nova York entre o fim de agosto e o início deste mês para se manifestar contra o presidente George W. Bush durante a Convenção Nacional Republicana conseguiram evitar a polícia, exibir seus cartazes para um maior número de câmeras de TV, escolher as melhores rotas pela cidade e até organizar manifestações relâmpago para obter fotos mais impactantes. Tudo em tempo real e sem precisar fazer uma ligação.
Por trás de tanta organização, há uma tecnologia simples, já bastante conhecida --as mensagens de texto via celular (SMS)--, e um novo site, o TxTMob.com (o nome combina uma contração da palavra texto, como normalmente é escrita em SMS, à palavra multidão em inglês).
"O TxTmob na verdade é um site --nada de especial tecnologicamente-- no qual você se inscreve num grupo de interesse. Quando alguém manda uma mensagem de texto, todos os membros recebem", disse o brasileiro Alberto Escarlate, 40. Diretor técnico de uma empresa de marketing interativo em Westport (Connecticut) e blogueiro no campo do uso social da tecnologia, Escarlate inscreveu-se no site, mas o trabalho o impediu de participar dos protestos anti-Bush.
"As mensagens eram coisas como "tem uma câmera de TV na esquina tal filmando ao vivo; precisamos de cartazes lá", ou "a polícia está pegando todo mundo na rua tal", então o pessoal evitava ir àquele local", contou. "O grupo feminista Code Pink, no qual as mulheres se vestem de rosa nos protestos, mandou uma mensagem pedindo que todo mundo fosse ao Central Park vestido de rosa para uma fotografia aérea."
Como Escarlate, cerca de outras 6.000 pessoas se inscreveram no site para receber ou enviar mensagens de orientação durante a convenção. O número é bem maior do que esperava um dos idealizadores do projeto, John Henry, do Instituto para Autonomia Aplicada (grupo de artistas e programadores cuja missão auto-atribuída é "desenvolver tecnologias que sirvam à necessidade social e humana de autodeterminação). Henry usa um pseudônimo, pois os envolvidos no projeto não revelam nome real nem idade.
Origem
A idéia para o site surgiu pouco antes da convenção democrata, em julho, em Boston. Em um mês, de cerca de 500 pessoas inscritas, o número subiu para 6.000. "Trabalhamos perto de um grupo de ativistas e tentamos promover o serviço entre eles", diz.
Gratuito e livre de anúncios, o TxTMob não tem renda e conta com o trabalho voluntário de seus idealizadores para se manter no ar. Na maior parte do tempo, ele é atualizado pelo próprio Henry, que mantém um emprego paralelo. "Eu adoraria trabalhar em tempo integral no site, mas não temos dinheiro", brinca. Até as eleições presidenciais do dia 2 de novembro, período para o qual estão previstos novos protestos, a equipe deve crescer para oito pessoas --todos voluntários.
Por enquanto, é possível usar o serviço do TxTMob nos EUA e no Canadá. O próximo passo, diz Henry, é expandir sua abrangência. "Tem havido interesse na Europa, e também gostaríamos de atuar na América do Sul."
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