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20/05/2005 - 09h46

China recruta "bajulador on-line" para defender governo

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da Folha de S.Paulo
da Reuters

O governo da China criou uma "força especial de comentaristas on-line", cuja missão é tentar influenciar anonimamente a opinião dos usuários de internet com relação a temas políticos controversos. O informação foi publicada ontem pelo jornal chinês "Nanfang Zhoumou".

Pequim tem lutado para tentar controlar a internet, pois, na medida em que mais e mais chineses obtêm acesso à rede de computadores --segundo dados oficiais, o país já tem 100 milhões de internautas--, mais pessoas passam a obter informações por vias diferentes das fontes oficiais.

Segundo o jornal, um grupo de "comentaristas on-line" já está atuando desde abril em Suqian, cidade da Província costeira de Jiangsu. Seu trabalho é defender o governo de comentários negativos que surgem em fóruns e salas de bate-papo na rede.

O Departamento de Propaganda de Suqian recrutou os comentaristas entre funcionários do governo, que, segundo o jornal, precisam "conhecer as políticas oficiais, saber teoria política e ser politicamente confiáveis".

Zhan Jiang, diretor de jornalismo da Universidade da Juventude da China de Ciência Política, desaprova o fato de os comentaristas escreverem anonimamente.

"Não haveria problema se eles expressassem suas opiniões nos sites do governo, na qualidade de funcionários contratados para fazer isso, mas, da forma como está sendo feito, é algo prejudicial à expressão natural da opinião pública", disse Zhan à Reuters.

Em pelo menos três Províncias os governos municipais estão recrutando comentaristas on-line. Ma Zhichun é um deles. "Iremos guiar a opinião pública como usuários comuns da internet. Isso funciona muito bem", afirmou. "Não somos o primeiro governo [municipal] e nem seremos o último a ter comentaristas on-line. Todo o país está fazendo isso."

O Instituto Superior de Disciplina e Supervisão do Partido Comunista treinou, no ano passado, 127 comentaristas on-line --com a função de "fortalecer a função anticorrupção da propaganda na internet", diz o jornal.

Isso pode indicar o início de uma mudança na estratégia de controle da internet pelo governo chinês. A ênfase pode se deslocar da repressão para a persuasão.
Mas, por enquanto, Pequim continua reprimindo com vigor.

Milhares de sites considerados suspeitos são bloqueados, não podendo ser acessados no país. Só no ano passado, foram fechados cerca de 16 mil cibercafés. Em Xangai, câmeras de vídeo vigiam locais públicos de acesso à internet, para verificar se os usuários acessam páginas proibidas, como pornografia e temas políticos. Criticar o governo abertamente na rede pode dar cadeia.

Em 2001, três estudantes universitários foram condenados a oito anos de prisão cada um, após defenderem, via internet, a necessidade de reformas democráticas no país.

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