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08/07/2005
-
10h20
ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio
A exposição e divulgação, por parte de adolescentes de classe média do Rio, de imagens de meninas que tiveram relações sexuais com eles é revelador de um machismo e de uma dificuldade de aceitar relações de gênero mais igualitárias. Essa é a opinião de especialistas e educadores que comentaram, a pedido da Folha, os dois episódios que se tornaram públicos nos últimos dez dias.
Em um deles, dois jovens, hoje com 17 anos, filmaram um deles mantendo relações sexuais com uma menina, também adolescente, sem que ela soubesse que estava sendo filmada. As imagens foram divulgadas na internet.
O outro caso também foi parar na internet e envolve três alunos do colégio Santo Inácio. Dois estudantes fizeram fotos --e divulgaram por e-mail-- de uma aluna em cena de sexo oral com um deles em um dos banheiros do colégio. Os casos estão sendo investigados pelo Ministério Público.
Para Maria Luiza Heilborn, professora do Instituto de Medicina Social da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e coordenadora do Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos, apesar de chocante, esse tipo de atitude entre jovens do sexo masculino não surpreende.
Heilborn coordenou uma pesquisa com 4.634 jovens de três capitais --realizada pela UERJ e pelas universidades federais da Bahia e do Rio Grande do Sul-- e diz que esse tipo de comportamento foi detectado no levantamento.
"Observamos que permanece um sexismo e um machismo bastante acentuado entre jovens de classe média. As meninas já podem ter relações sexuais sem estarem numa relação estável, mas ainda existe um julgamento moral principalmente sobre essas adolescentes que não têm um único parceiro sexual fixo", diz.
Heilborn afirma que verificou, a partir dos resultados da pesquisa, que entre jovens de menor poder aquisitivo havia uma relação mais respeitosa com as garotas.
Para Sônia Corrêa, pesquisadora da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, houve uma revolução sexual silenciosa que permitiu às mulheres quebrarem vários tabus, mas que não foi acompanhada na mesma intensidade pelos homens.
"Esses episódios mostram que os meninos estão usufruindo dessa liberação sexual por parte das mulheres, mas há um jogo duplo. Na aparência, eles se mostram mais liberais, mas, na alma, continuam com a mesma masculinidade convencional, com a concepção das mulheres como objetos."
As duas pesquisadoras concordam também que a divulgação das fotos pela internet revela uma cultura de profundo desrespeito à privacidade. "Podemos dizer que essa menina que teve o vídeo divulgado foi vítima de uma forma de violência sexual", diz Heilborn.
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Em um deles, dois jovens, hoje com 17 anos, filmaram um deles mantendo relações sexuais com uma menina, também adolescente, sem que ela soubesse que estava sendo filmada. As imagens foram divulgadas na internet.
O outro caso também foi parar na internet e envolve três alunos do colégio Santo Inácio. Dois estudantes fizeram fotos --e divulgaram por e-mail-- de uma aluna em cena de sexo oral com um deles em um dos banheiros do colégio. Os casos estão sendo investigados pelo Ministério Público.
Para Maria Luiza Heilborn, professora do Instituto de Medicina Social da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e coordenadora do Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos, apesar de chocante, esse tipo de atitude entre jovens do sexo masculino não surpreende.
Heilborn coordenou uma pesquisa com 4.634 jovens de três capitais --realizada pela UERJ e pelas universidades federais da Bahia e do Rio Grande do Sul-- e diz que esse tipo de comportamento foi detectado no levantamento.
"Observamos que permanece um sexismo e um machismo bastante acentuado entre jovens de classe média. As meninas já podem ter relações sexuais sem estarem numa relação estável, mas ainda existe um julgamento moral principalmente sobre essas adolescentes que não têm um único parceiro sexual fixo", diz.
Heilborn afirma que verificou, a partir dos resultados da pesquisa, que entre jovens de menor poder aquisitivo havia uma relação mais respeitosa com as garotas.
Para Sônia Corrêa, pesquisadora da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, houve uma revolução sexual silenciosa que permitiu às mulheres quebrarem vários tabus, mas que não foi acompanhada na mesma intensidade pelos homens.
"Esses episódios mostram que os meninos estão usufruindo dessa liberação sexual por parte das mulheres, mas há um jogo duplo. Na aparência, eles se mostram mais liberais, mas, na alma, continuam com a mesma masculinidade convencional, com a concepção das mulheres como objetos."
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