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26/01/2006 - 11h39

Google enfrenta críticas por se autocensurar na China

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da Folha Online

A decisão do Google de censurar o conteúdo oferecido aos internautas chineses foi duramente criticada. Segundo especialistas ouvidos pela agência de notícias Associated Press, a ação representa a vitória do governo chinês, que monitora informações na internet e pune aqueles que expõem opiniões oposicionistas --diversos blogueiros já foram presos por este motivo.

AP Photo
Cerca de 20 pessoas protestaram ontem, em frente à sede do Google (Califórnia)
Cerca de 20 pessoas protestaram ontem, em frente à sede do Google (Califórnia)
O gigante das buscas afirmou que sua decisão de concordar com as restrições do governo tem como objetivo atingir a grande população de internautas na China. "Apesar de esta ação não estar de acordo com nossa missão, deixar de oferecer o serviço seria ainda pior", justificou Andrew McLaughlin, do conselho de políticas da empresa, à agência de notícias Reuters. O Google também classificou sua ação como "uma troca".

A nova página local --"Google.cn"-- foi para o ar ontem e omite, em seus resultados, informações sobre direitos humanos, o Tibete e outros assuntos considerados "delicados" para os governantes chineses. Os internautas que utilizam o site de buscas são freqüentemente direcionados a endereços que divulgam opiniões oficiais do país.

Espanto

Chris Smith, um congressista norte-americano que defende os direitos humanos, afirmou ter ficado "espantado" com a posição do Google. Segundo ele, a surpresa está no fato de uma empresa cujo lema é "Don't Be Evil" (algo como "não seja mau", em tradução livre) cooperar com a censura para ganhar dinheiro.

"Muitos chineses foram presos e torturados por falar a verdade. Agora, o Google vai colaborar com os responsáveis por estas ações", disse Smith. Ele pede ações legais contra empresas norte-americanas que contribuem com a censura do governo chinês.

Já a Anistia Internacional afirmou que a política da empresa de buscas pensa a curto prazo. "Acordos entre empresas e o governo chinês fortificaram a censura da internet, que é um padrão na China", afirmou Irene Khan, secretário geral do grupo, que participa do Fórum Econômico Mundial, em Davos.

John Palfrey, diretor-executivo do Centro de Internet e Sociedade da Universidade de Harvard, seguiu a mesma tendência e condenou a omissão de resultados. Segundo ele, esta representa mais uma vitória do governo chinês, que consegue realizar um rígido controle de informações.

Preocupação

Apesar de todas as críticas, afirma a Associated Press, o Google não tem muito com o que se preocupar. Protestos parecidos já foram realizados quando Yahoo! e Microsoft concordaram em colaborar com o governo chinês, e nenhuma delas sofreu processos ou boicotes por isso. O serviço de blogs da Microsoft na China, por exemplo, barra termos como "democracia" e "direitos humanos".

Além disso, alguns especialistas que estudam a internet na China afirmam que a censura não pode conter a força da internet. Apesar de a vigilância ser constante e muito rigorosa, é impossível controlar todo o conteúdo que será acessado pelos internautas locais --isso significa que, mesmo com mais dificuldades, eles lerão as informações da rede.

O país asiático tem cerca de 111 milhões de internautas, ficando apenas atrás dos EUA na quantidade de usuários. Por isso, é inegável que o mercado chinês representa uma boa fonte de lucros para o Google, que obtém grande parte de seus lucros via links patrocinados.

Atualmente, a ferramenta de buscas mais popular na China é a chinesa Baidu.com --o Google tem 2,6% das ações desta empresa. Uma recente pesquisa concluiu, no entanto, que a solução local está muito vulnerável às inovações e atrativos oferecidos pelos gigantes Google e Yahoo!.

Com agências internacionais

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