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03/03/2006 - 11h39

Redes fazem anúncio contra teles na TV digital

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ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo, no Rio

Em uma demonstração inédita de aliança, as grandes redes de televisão do Brasil lançaram uma campanha publicitária institucional conjunta em defesa da TV aberta e gratuita. A campanha, que começou a ser veiculada no sábado de Carnaval, tem como pano de fundo a disputa entre a radiodifusão e o setor de telecomunicações em torno da definição do modelo de televisão digital a ser implantado no país.

"TV aberta: 100% Brasil, 100% grátis", diz o anúncio. Sem fazer referência à polêmica sobre o modelo digital, ele reproduz a tese dos radiodifusores de que o acesso à programação deve permanecer gratuito na nova tecnologia, enquanto as teles encaram a mudança como uma oportunidade para comercialização de novos serviços pagos, de cujo mercado elas querem participar.

Segundo as emissoras, a campanha foi proposta pela Abra (Associação Brasileira de Radiodifusão, que reúne Bandeirantes, Rede TV e SBT) e encampada pela Globo, pela Record, pela TV Cultura, de São Paulo, e pela Rede Vida, da Igreja Católica.

"Primeira vez"

"É a primeira vez que nos unimos numa iniciativa dessa dimensão", afirmou Guilherme Stoliar, vice-presidente do SBT, do Grupo Silvio Santos, o que é confirmado por Antonio Teles, vice-presidente da Rede Bandeirantes. A rivalidade histórica com a Rede Globo foi deixada momentaneamente de lado.

"As emissoras conseguiram a unanimidade de pensamento em torno do conceito de TV que está sendo ameaçado pelas companhias telefônicas, as quais querem ocupar todos os espaços disponíveis e indisponíveis", disse Antonio Teles. A campanha deve ficar no ar por seis meses. Os anúncios estão sendo veiculados também em rádios e imprensa escrita.

Questionado sobre se o público consegue captar a mensagem implícita no anúncio, o executivo da Band disse que o alvo pretendido são os formadores de opinião, que acompanham a polêmica.

Os radiodifusores têm insistido em que a discussão sobre o modelo de TV digital diz respeito exclusivamente ao setor e que as companhias telefônicas não deveriam opinar sobre o tema.

"Os grandes investimentos serão feitos por nós, e não há motivo para as teles se meterem", acrescenta Guilherme Stoliar. Antonio Teles chega a falar em ""pirataria internacional" por parte das operadoras de telecomunicação, que, segundo ele, buscam abocanhar parte do mercado da radiodifusão. Ele afirma que as emissoras de TV não se envolveram na discussão sobre a digitalização da telefonia celular, ocorrida nos anos 1990.

Telemar

As teles entraram oficialmente no debate sobre TV digital em janeiro, com um documento da associação Telebrasil, quando defenderam que a discussão deveria se dar em torno do modelo de negócios, e não da tecnologia.

"A TV digital vai mudar a cadeia de valor da prestação de serviço de radiodifusão. (...) Queremos oferecer a infra-estrutura de telefonia existente para prestar os serviços de interatividade e o atendimento ao cliente. Não faz sentido multiplicar a infra-estrutura", afirma o diretor de Estratégia e de Novos Negócios da Telemar, André Bianchi.

O executivo da Telemar duvida que a TV digital possa ser de acesso universal e gratuito, como apregoam as emissoras de televisão. Para ele, o serviço deixa de ser universal e gratuito na medida em que os atuais aparelhos de televisão analógicos precisarão de uma caixa de conversão, a ser comprada no mercado, para captarem a programação digital. Sustenta ainda ser utópica a idéia difundida pelos radiodifusores de que os custos da TV digital possam ser bancados só com receita publicitária.

Anteontem, um grupo de fabricantes que defendem o padrão de TV digital DVB europeu --e que se auto denomina "Coalizão DVB"-- divulgou nota pedindo a inclusão de novos pontos na discussão sobre a escolha do modelo de TV digital, e que a discussão seja aberta. O diretor de Relações Institucionais das Organizações Globo, Evandro Guimarães, discorda da prorrogação do debate proposto por indústrias européias. Para ele, as discussões para a definição das regras para o sistema digital estão maduras.

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