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20/03/2006 - 12h09

Mundo árabe é "primo pobre" da revolução digital

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TAIEB MAHJUB
da France Presse, em Doha (Qatar)

O mundo árabe é como o "primo pobre" da revolução digital, com apenas 3,71% da sua população com acesso à internet, segundo participantes da conferência mundial sobre desenvolvimento das telecomunicações, encerrado nesta semana em Doha (Qatar).

"A presença árabe na internet é quase nula [...], se reduz a algumas páginas de informações ou pessoais", condenou o ministro sírio das Telecomunicações e Tecnologia, Amr Salem.

As razões são de ordem técnica, como "a ausência de um portal árabe, as conexões à rede que passam obrigatoriamente pela Europa ou pela América, tudo o que encarece os custos", disse. Além disso, "a falta de marco jurídico na região árabe e as dúvidas dos investidores" em operar no setor das telecomunicações são obstáculos que freiam o setor, em pleno auge nos países industrializados, acrescentou.

Em 2004, para uma população total de 316 milhões de habitantes, os 22 membros da Liga Árabe --com um PIB acumulado de US$ 813 bilhões de dólares e renda per capita de US$ 2.571-- só contavam com 11,755 milhões de usuários de internet, ou seja, um índice de 3,71% em relação à população, segundo estatísticas obtidas pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), organizadora da conferência de Doha.

Ao contrário, segundo a mesma fonte, a telefonia celular só faz crescer no mundo árabe. Em 2004, havia 45,9 milhões de assinantes e um índice de 14,51%, contra 27,1 milhões de assinantes e índice de 8,59% no caso do telefone fixo.

Evolução

Em 2004, os países do G8 tinham 429 milhões de internautas contra, 444 milhões no resto do mundo.

O uso da internet no mundo árabe tem uma evolução díspar, segundo as regiões, informou à France Presse o representante da UIT na região árabe, Ibrahim Haddad, que citou uma evolução "muito rápida" nas ricas monarquias petroleiras do Golfo.

"Mas os países árabes em geral sofrem de problemas ligados à infra-estrutura e à pobreza, ao analfabetismo e, em particular, ao analfabetismo digital", acrescentou.

Os países árabes são conscientes da necessidade de remediar as dificuldades e são "unânimes em querer promover" as tecnologias da informação, informou Amr Salem, dando a entender que o setor está à margem das divergências políticas que em geral marcam as relações entre árabes.

"Nenhum país árabe pode temer o comércio eletrônico ou os serviços digitais pela internet", garantiu, condenando os atrasos na definição de um marco jurídico para a regulamentação do setor das tecnologias da informação.

Haddad é mais otimista. "A metade dos países árabes se dotaram de organismos independentes de telecomunicações, o que ajuda a resolver, em parte, os problemas jurídicos e tranqüiliza os investidores", disse. Além disso, os países árabes privatizaram 43% de suas principais operadoras de telecomunicações, prosseguiu, informando que a internet está aberta ao setor privado em 76% e a telefonia celular em 87%.

Conexão

Em escala regional, o setor privado está amplamente associado à realização de um projeto de conexão árabe na internet, batizado de "Regional Access Point" e iniciado pelos países árabes, em cooperação com a UIT, por um custo estimado em 200 milhões de dólares, informou.

Trata-se, disse, de um dos seis projetos árabes aprovados na cúpula mundial da Sociedade da Informação de Túnis (novembro de 2005), que inclui a criação de um banco de dados digital de documentos. Chamado "Memória Árabe", este projeto foi elaborado pelo Marrocos, afirmou.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a utilização da internet por árabes
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