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17/05/2006
-
08h21
JULIANO BARRETO
Enviado especial da Folha de S.Paulo a San Francisco
Ted Clark, responsável pela estratégia de vendas de notebooks da HP, não faz rodeios antes de responder perguntas. Com um sorriso no rosto, durante entrevista à Folha, o executivo afirmou que os UMPCs (Ultra Mobile PCs). estão muito longe de serem úteis e competitivos e analisou a mudança no perfil dos compradores de notebooks.
Folha - Por que o consumidor final está comprando mais notebooks?
Clark - Temos um público consumidor que compra um notebook por motivos pessoais, que quer entrar na internet e assistir a vídeos, por exemplo. Também temos o público corporativo, os gerentes de Tecnologia da Informação, que precisam cuidar de várias outras máquinas e executar tarefas complicadas. Estamos vendo cada vez mais, porém, clientes desse segundo grupo comprando máquinas destinadas ao entretenimento. Eles encontram um valor agregado ao produto e acabam fazendo essa mudança. Isso é uma prova da evolução natural do mercado de portáteis. Quando há pontos de distribuição adequados e o valor de venda é ideal, acaba ocorrendo essa mudança. O cliente escolhe o que tem mais valor e oferece mais conveniência.
Folha - Devido a essa mudança no público, os modelos estão mudando de formato?
Clark -Nós sempre procuramos por materiais diferenciados. Os notebooks têm a característica de serem algo muito pessoal. Eles são um reflexo de quem você é e daquilo que você faz. Por isso qualquer coisa que traga algum valor é interessante, seja no ramo dos portáteis para usuários finais ou para modelos destinados aos profissionais. Nossos designers escolheram essas novas técnicas de impressão pensando em causar o mesmo efeito dos carros de luxo ou dos celulares com apelo fashion. Quanto mais deixarmos o produto bonito e durável, mais as pessoas vão se identificar com ele. Fizemos várias pesquisas para saber o que o consumidor quer e descobrimos que eles gostam de cores, de novos formatos. Nossos modelos que simulam aço escovado e outras texturas foram muito populares entre os clientes entrevistados nessas pesquisas.
Folha - Esse aperfeiçoamento beneficia os modelos mais leves, que têm telas de 12 e de 14 polegadas?
Clark - Não, aliás, isso é muito interessante. Os modelos preferidos dos usuários são aqueles que têm telas de 15 polegadas ou mais. Muitos consumidores não tiram muito os seus notebooks do lugar. Apenas ocasionalmente eles trocam o lugar do notebook em casa ou levam o aparelho em uma viagem. Para eles a vida útil da bateria é menos importante do que o tamanho e o peso do modelo. Então as telas menores acabam sendo mais atraentes para os profissionais. Eu mesmo uso um modelo de 12 polegadas, mas os consumidores pensam diferente. Quanto maior, melhor. Se algo tem números maiores e custa apenas um pouco mais, já é visto como um bom negócio.
Folha - Qual é a chance de sucesso dos UMPCs, os computadores ultra-portáteis? A HP planeja lançar um modelo desse tipo?
Clark - O conceito dessas máquinas é ótimo, mas elas estão muito longe da realidade atual. Creio que levará alguns anos para que as funcionalidades e o valor médio dos UMPCs seja competitivo. Estamos investigando como eles funcionam, prestamos atenção nos lançamentos dessa área, mas hoje não creio que nós ou algum dos nossos concorrentes possa colocar uma máquina dessas no mercado custando US$ 999 ou US$ 1.000. Não faz sentido. Não existem programas especiais para elas e os modelos não têm leitores de discos ópticos. O que o consumidor vai fazer se quiser assistir a um filme com um desses?
É claro que todo mundo quer um aparelho bem pequeno que toque vídeos, músicas, sirva para pegar e-mails e tirar fotos. Ocorre que os UMPC podem custar até US$ 5 mil e não entregar nada disso.
Folha - Quais são as novidades na área de conectividade para os computadores portáteis?
Clark -Isso depende de cada mercado. Lançamos modelos de acordo com as necessidades e a infra-estrutura de cada região. Cada área tem uma linha personalizada de produtos.
Nos EUA, por exemplo, oferecemos ótimas conexões sem fio por meio da rede EVDO [que usa a rede de telefonia celular CDMA]. Mas não existirá uma novidade matadora nessa área. As pessoas apenas querem fazer aquilo que já estão acostumadas, só que querem fazer isso em um número maior de lugares. A tecnologia que entregar isso terá êxito. Atualmente o maior desafio é alcançar um bom preço e convencer as pessoas a pagar por esse tipo de conveniência.
Folha - Qual é a sua visão a respeito dos projetos de notebooks por preços populares, como o laptop de US$ 100 do MIT (Massachussets Institute of Tecnology)?
Clark -É uma idéia boa, mas não pode ainda ser levada a sério como um notebook. O projeto do modelo de US$ 100 não é capaz de rodar Windows e não tem uma bateria própria. Além disso, as fabricantes não vão canibalizar o seu próprio mercado. Para ser possível, esse projeto não pode visar lucros. E se há uma coisa que eu sei sobre mercado, é que tudo é feito visando o lucro. Se um dia pudermos ganhar pelo menos um pouco de dinheiro seguindo esses padrões, não vejo problemas em segui-los. Se a coisa for feita como estão planejando, porém, ela terá um impacto nulo no mercado.
O jornalista viajou a convite da HP
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Ted Clark, responsável pela estratégia de vendas de notebooks da HP, não faz rodeios antes de responder perguntas. Com um sorriso no rosto, durante entrevista à Folha, o executivo afirmou que os UMPCs (Ultra Mobile PCs). estão muito longe de serem úteis e competitivos e analisou a mudança no perfil dos compradores de notebooks.
Folha - Por que o consumidor final está comprando mais notebooks?
Clark - Temos um público consumidor que compra um notebook por motivos pessoais, que quer entrar na internet e assistir a vídeos, por exemplo. Também temos o público corporativo, os gerentes de Tecnologia da Informação, que precisam cuidar de várias outras máquinas e executar tarefas complicadas. Estamos vendo cada vez mais, porém, clientes desse segundo grupo comprando máquinas destinadas ao entretenimento. Eles encontram um valor agregado ao produto e acabam fazendo essa mudança. Isso é uma prova da evolução natural do mercado de portáteis. Quando há pontos de distribuição adequados e o valor de venda é ideal, acaba ocorrendo essa mudança. O cliente escolhe o que tem mais valor e oferece mais conveniência.
Folha - Devido a essa mudança no público, os modelos estão mudando de formato?
Clark -Nós sempre procuramos por materiais diferenciados. Os notebooks têm a característica de serem algo muito pessoal. Eles são um reflexo de quem você é e daquilo que você faz. Por isso qualquer coisa que traga algum valor é interessante, seja no ramo dos portáteis para usuários finais ou para modelos destinados aos profissionais. Nossos designers escolheram essas novas técnicas de impressão pensando em causar o mesmo efeito dos carros de luxo ou dos celulares com apelo fashion. Quanto mais deixarmos o produto bonito e durável, mais as pessoas vão se identificar com ele. Fizemos várias pesquisas para saber o que o consumidor quer e descobrimos que eles gostam de cores, de novos formatos. Nossos modelos que simulam aço escovado e outras texturas foram muito populares entre os clientes entrevistados nessas pesquisas.
Folha - Esse aperfeiçoamento beneficia os modelos mais leves, que têm telas de 12 e de 14 polegadas?
Clark - Não, aliás, isso é muito interessante. Os modelos preferidos dos usuários são aqueles que têm telas de 15 polegadas ou mais. Muitos consumidores não tiram muito os seus notebooks do lugar. Apenas ocasionalmente eles trocam o lugar do notebook em casa ou levam o aparelho em uma viagem. Para eles a vida útil da bateria é menos importante do que o tamanho e o peso do modelo. Então as telas menores acabam sendo mais atraentes para os profissionais. Eu mesmo uso um modelo de 12 polegadas, mas os consumidores pensam diferente. Quanto maior, melhor. Se algo tem números maiores e custa apenas um pouco mais, já é visto como um bom negócio.
Folha - Qual é a chance de sucesso dos UMPCs, os computadores ultra-portáteis? A HP planeja lançar um modelo desse tipo?
Clark - O conceito dessas máquinas é ótimo, mas elas estão muito longe da realidade atual. Creio que levará alguns anos para que as funcionalidades e o valor médio dos UMPCs seja competitivo. Estamos investigando como eles funcionam, prestamos atenção nos lançamentos dessa área, mas hoje não creio que nós ou algum dos nossos concorrentes possa colocar uma máquina dessas no mercado custando US$ 999 ou US$ 1.000. Não faz sentido. Não existem programas especiais para elas e os modelos não têm leitores de discos ópticos. O que o consumidor vai fazer se quiser assistir a um filme com um desses?
É claro que todo mundo quer um aparelho bem pequeno que toque vídeos, músicas, sirva para pegar e-mails e tirar fotos. Ocorre que os UMPC podem custar até US$ 5 mil e não entregar nada disso.
Folha - Quais são as novidades na área de conectividade para os computadores portáteis?
Clark -Isso depende de cada mercado. Lançamos modelos de acordo com as necessidades e a infra-estrutura de cada região. Cada área tem uma linha personalizada de produtos.
Nos EUA, por exemplo, oferecemos ótimas conexões sem fio por meio da rede EVDO [que usa a rede de telefonia celular CDMA]. Mas não existirá uma novidade matadora nessa área. As pessoas apenas querem fazer aquilo que já estão acostumadas, só que querem fazer isso em um número maior de lugares. A tecnologia que entregar isso terá êxito. Atualmente o maior desafio é alcançar um bom preço e convencer as pessoas a pagar por esse tipo de conveniência.
Folha - Qual é a sua visão a respeito dos projetos de notebooks por preços populares, como o laptop de US$ 100 do MIT (Massachussets Institute of Tecnology)?
Clark -É uma idéia boa, mas não pode ainda ser levada a sério como um notebook. O projeto do modelo de US$ 100 não é capaz de rodar Windows e não tem uma bateria própria. Além disso, as fabricantes não vão canibalizar o seu próprio mercado. Para ser possível, esse projeto não pode visar lucros. E se há uma coisa que eu sei sobre mercado, é que tudo é feito visando o lucro. Se um dia pudermos ganhar pelo menos um pouco de dinheiro seguindo esses padrões, não vejo problemas em segui-los. Se a coisa for feita como estão planejando, porém, ela terá um impacto nulo no mercado.
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