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12/07/2006 - 10h16

Viciados em internet conversam para superar doença

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SÉRGIO VINÍCIUS
da Folha de S.Paulo

O Proad e a clínica da PUC tratam de pacientes por linhas diferenciadas. Na entidade mantida pela Unifesp, os tratamentos são presenciais. Na clínica da PUC, a maior parte dos atendimentos é realizado via e-mail, mantendo o anonimato dos pacientes. Entretanto ambas tem um ponto em comum: atendem gratuitamente quem procura ajuda.

O Proad, inicialmente, tratava de casos como vício em jogos, compulsão para sexo e para compras, todos enquadrados no quesito dependências comportamentais. Há cerca de um ano, percebendo que havia um problema crescente ligado às novas tecnologias, a entidade incluiu em seus quadros o auxílio a viciados em internet.

Atualmente, há dois pacientes sendo tratados devido ao problema. No total, quatro já passaram pelo programa que, por meio de psicoterapia, tenta reverter a situação dos doentes. A psicoterapia é um tipo de tratamento da psicologia que abrange diferentes métodos. A comunicação verbal e não-verbal e a relação do paciente com o psicoterapeuta, entretanto, estão presentes em qualquer tipo de psicoterapia. Esse modo de auxílio pode ser realizado individualmente, com casais, famílias ou em grupo, como ocorre na clínica.

"As sessões reúnem dependentes da internet e pessoas com outros vícios", contou Aderbal Vieira Júnior, que coordena o programa de atendimento. "Os grupos são de até oito pessoas e, em geral, há melhora inicial depois dos primeiros três meses de terapia."

Embora o tratamento coletivo de pacientes passe a impressão, em um primeiro contato, de ser igual ao que ocorre com grupos de auxílio a outros viciados, como o A.A. (Alcoólicos Anônimos), Júnior explica que a psicoterapia é diferente. Em comum, ambos os processos só tem o fato de serem eventos realizados coletivamente.

"Na psicoterapia, todo o tratamento é monitorado por profissionais", conta o psicólogo. Já em grupos como o A.A., a base do auxílio é formada pelas experiências dos próprios viciados, que contam suas histórias pessoais e tentam se apoiar no problema comum para alcançar a cura.

PUC

Na clínica da PUC, às segundas-feiras e quintas-feiras, oito psicólogos voluntários se reúnem e debatem assuntos ligados à psicologia e informática. Os estudos renderam um livro ("Psicologia e Informática - O ser humano diante das novas tecnologias", vários autores, editora Oficina do Livro).

Além da troca de experiências, eles se dedicam a atender pacientes por e-mail. Durante o auxílio eletrônico, eles não pedem quaisquer dados pessoais do paciente, nem mesmo nome ou sexo.

O atendimento eletrônico não exclui o atendimento pessoal, mas o grupo revela que pacientes com problemas ligados a internet preferem se manter no anonimato e enviar e-mails.

"Se a pessoa chegar à clínica, poderemos atender, mas o forte mesmo é o auxílio eletrônico realizado por e-mail", informou a professora Rosa Farah, coordenadora do projeto.

"Muitas vezes, quem entra em contato conosco são amigos e parentes da pessoa com problemas, pedindo orientações."

O grupo trabalha com assuntos relacionados com tecnologia desde 1995 e já respondeu a cerca de 5.400 e-mails em todos esses anos de atividade. Os casos variam de acordo com a época, mas a maior parte tem relação com traições on-line, jogos digitais e, claro, o excesso de tempo que pessoas passam na rede.

"Quando há preocupação com o tempo que alguém fica conectado, dificilmente é o próprio doente, mas alguém próximo que entra em contato conosco", conta Rosa. "Não há um padrão de ajuda. Cada caso reportado é avaliado de forma individual, e recebe um tratamento diferenciado."

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