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10/10/2006 - 15h58

Rede de cursinho Positivo vira gigante da informática

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CLÁUDIA TREVISAN
Enviada especial da Folha de S.Paulo a Curitiba

A empresa que mais vende computadores no Brasil surgiu há 34 anos como um cursinho pré-vestibular em Curitiba, que estendeu seus tentáculos para as áreas de informática, gráfico-editorial e tecnologia da educação, até atingir faturamento de R$ 1 bilhão em 2005.

A marca Positivo está estampada hoje em 23% dos computadores vendidos no Brasil dentro do mercado formal -pouco mais da metade do setor continua dominada por equipamentos contrabandeados. A área de informática responde hoje por 55% das receitas do grupo, seguida da gráfico-editorial (35%).

A educacional, que deu origem à empresa, contribui com apenas 10%.
O sucesso na venda de computadores levou a Positivo Informática a abrir seu capital e lançar ações no mercado, o que permitirá a ampliação de sua capacidade de financiamento.

Um pedido nesse sentido foi apresentado no último dia 29 à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que deve tomar uma decisão dentro de aproximadamente três meses. O Positivo possui ainda uma espécie de franquia educacional, que leva sua metodologia de ensino e material didático a 2.400 escolas particulares em todo o país, com 535 mil alunos. Outros 85 mil estudantes de instituições públicas em 40 municípios também usam o sistema Positivo.

Todos têm acesso aos portais desenvolvidos pelo grupo na internet: o Educacional, para escolas privadas, e o Aprende Brasil, destinado às públicas. Outros 4,5 milhões de alunos estudam em escolas públicas que adotam softwares e mesas de alfabetização do Positivo e mais 4 milhões utilizam livros didáticos desenvolvidos e impressos pelo grupo --comprados principalmente pelo Ministério da Educação. No total, o Positivo chega a mais de 9 milhões de alunos em todo o país.

Diversificação

A trajetória do cursinho pré-vestibular ao R$ 1 bilhão de faturamento de 2005 foi movida pela diversificação das atividades do grupo, para atender às necessidades que surgiam durante seu crescimento. A gráfica, uma das maiores da América Latina, começou a ser criada em 1972, logo depois do cursinho.

Os professores se endividaram para comprar a primeira impressora, que passou a produzir as apostilas elaboradas por eles para as aulas. Hoje, só 25% da atividade da Posigraf é destinada ao atendimento das demandas do grupo. O restante é ocupado pela venda de serviços a terceiros, inclusive do exterior.

A fabricação de computadores nasceu em 1989, por sugestão de Hélio Rotenberg, então professor do curso de Processamento de Dados da Faculdades Positivo. A idéia era vender as máquinas para o crescente número de escolas que utilizavam a metodologia do grupo.

A fábrica quase naufragou em 1990, com o Plano Collor, que congelou as mensalidades e forçou as potenciais clientes a fechar a torneira de gastos. "A saída foi desenvolver tecnologia educacional e começar a atuar em licitações públicas, para vender computadores ao governo", afirma André Caldeira, diretor de marketing do Grupo Positivo.

Três anos atrás, a empresa tinha uma produção anual de 22 mil computadores, a maior parte destinada a órgãos públicos. A cifra subiu para 100 mil máquinas em 2004 e 379 mil em 2005. Até o final de 2006, deve chegar a 500 mil, um aumento de 32%.

Na origem da ascensão está a decisão do grupo de ocupar um espaço que estava vago no mercado nacional desde o fechamento da Metron, em 2004: o da oferta de computadores no varejo, direto ao consumidor.

Oportunidade

"A Positivo Informática soube aproveitar a oportunidade muito bem", afirma Flávio Philbert, gerente-executivo comercial da concorrente Itautec, que é mais focada na área corporativa. "Eles conseguiram um crescimento muito grande a partir do terceiro trimestre de 2005 por apostarem no varejo, que estava desabastecido", concorda Reinaldo Sakis, analista sênior de mercado da consultoria IDC, especializada em TI e telecomunicações.

A explosão de vendas foi impulsionada por um cenário favorável. O governo ajudou com a "MP do Bem", que isentou do PIS e da Cofins a venda de computadores de preço inferior a R$ 2.500, e com o programa Computador para Todos, de financiamento barato à venda de máquinas de até R$ 1.399.

O benefício tributário reduziu o preço dos computadores em 10% e o crédito permitiu que o pagamento fosse parcelado em até 24 vezes. Para completar o cenário de vento a favor, a queda do dólar em relação ao real barateou ainda mais o preço das máquinas, que têm uma parcela considerável de componentes importados.

Crescimento

O sucesso na venda de computadores foi um dos principais fatores que provocaram o aumento de 47% no faturamento do grupo entre 2004 e 2005.
O Positivo não revela projeções de receita, mas uma visita às instalações em Curitiba deixa claro que a expectativa é a de mais crescimento.

A fábrica onde os computadores são montados ganhará uma nova unidade, que já está em construção. A gráfica terá mais um prédio até dezembro e nova ampliação em 2007.

No comando desse processo está o professor Oriovisto Guimarães, presidente do Grupo Positivo desde a origem. Dos oito que criaram o cursinho em 1972, quatro permanecem até hoje: Oriovisto, que era professor de matemática, Cixares Líbero Vargas, Renato Ribas Vaz e Samuel Lago.

Os quatro ganharam dois sócios: Ruben Formighieri, o único que não é professor, e Hélio Rotenberg, aquele que teve a idéia de montar computadores e saltou da vida de professor para a de empresário. Hoje, dirige a Positivo Informática.

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