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15/11/2006 - 10h16

Orkut é o paraíso da enganação virtual

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da Folha de S.Paulo

Toda a sorte de desvio de comportamento conta com a ajuda da internet para crescer e ser difundido. No Brasil, o site de relacionamentos Orkut (www.orkut.com) figura como uma das principais ferramentas on-line para preconceituosos, ciumentos, tímidos, mentirosos e para quem apenas tem vontade de encarnar um personagem diferente.

Segundo Eduardo Honorato, pesquisador do Centro Universitário Luterano de Manaus, 46% das pessoas acessam o site mais de uma vez por dia e, em grande parte dos casos, a quantidade de contatos virtuais é superior à de amigos reais.

Baseado em um questionário respondido por 480 usuários, Honorato descobriu que 53% dos entrevistados disseram possuir uma lista com mais de cem pessoas no site de relacionamentos e que o número de amigos de verdade de 30% dos pesquisados não ultrapassava o de 20 colegas.

Tais dados mostram a facilidade do Orkut em criar interações entre seus participantes. A pessoa se sente mais popular e estabelece relações com desconhecidos, combinação que transforma o site em um paraíso para os mentirosos.

Encarnar um personagem é um expediente bastante usado para esconder a identidade de usuários racistas e de bisbilhoteiros. Chamados "fakes" ou "bogus", os perfis falsos podem servir como uma representação do que a pessoa gostaria de ser, se vivesse em um mundo sem regras. "Se alguém faz uma ofensa racista a uma pessoa dentro de um shopping, ela pode ser punida na mesma hora. Quando o racismo é difundido pela internet, há uma grande sensação de impunidade", explica Honorato. As representações virtuais, porém, não têm vidas totalmente próprias.

De acordo com os psicólogos ouvidos pela Folha, os sites de relacionamento são apenas potencializadores de traços já existentes na personalidade. Alguns torcedores de futebol descarregam suas reclamações nas comunidades de times rivais. Outros usam a rede para combinar o local para brigas após as partidas.

Assédio moral

O "bullying", termo, em inglês, que resume as gozações e perseguições feitas na escola, foi transferido para o mundo virtual. Existem comunidades que tiram sarro de garotos obesos, de baixinhos, de meninas com cabelos enrolados e etc. A vergonha passada pelas vítimas do desrespeito via internet é prolongada. "Muitas vezes, as situações que acontecem dentro do Orkut têm importância maior para a vítima do que as da vida comum", explica a psicóloga e professora da Universidade Ibirapuera, Ivelise Fortim. Mais gente pode ver as gozações, e a pessoa se sente ainda pior, pois imagina uma repercussão exagerada da brincadeira de mau gosto.

Outro quadro que pressiona os jovens é a vigilância dos pais, que usam o Orkut para saber com quem seus filhos conversam e quais são os assuntos tratados. Para contornar o monitoramento, muitos adolescentes criam novas contas e usam personagens falsos, o que contraria as regras do Orkut.

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