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21/02/2007 - 10h08

Pioneiro vê enorme potencial para negócios de buscas

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Washington

Em 1999, Nova Spivack participou de uma expedição na Agência Espacial Russa que o levou a uma altura de 100 mil pés e a uma velocidade Mach-3 a bordo de um Mig-25. A aventura viraria depois um especial no canal pago Discovery. Ele também é neto do filósofo e administrador suíço Peter Drucker (1909-2005), considerado o pai da administração moderna.

Mas não é por nenhum desses motivos que o pioneiro da internet é conhecido, mas por ser um dos principais incentivadores e difusores da Web 3.0 e o especialista mais renomado em "semântica da rede". O conceito, proposto pelo inglês Tim Berners-Lee, é estruturar todo o conteúdo disponível na rede.

Misterioso, Spivack não declara idade, nacionalidade e nome real. Instado, resume sua biografia numa linha: "Sou um empresário de alta tecnologia. Sou um sistema de sobrevivência de memes [unidades de informação]. Sou um ontologista. Sou virtual". Spivack ganha dinheiro com palestras disputadas no Vale do Silício e com sua empresa, Radar Networks. A seguir, a entrevista que deu à Folha, por telefone, de San Francisco, na qual tenta explicar o que é a Web 3.0: (SD)

FOLHA - O que é a Web 3.0?

NOVA SPIVACK - É a terceira geração da internet. A segunda geração foi tentar melhorar a experiência do usuário, por exemplo via redes de relacionamento social como Orkut, coisas assim. Na Web 3.0, o foco é mais no bastidor que no usuário. É um grande avanço em como os programas funcionam. Vai se parecer bastante com a Web 2.0, mas será mais inteligente. Adicionada a capacidade da semântica a um site, ele será mais eficiente. Quando você pesquisar algo, terá respostas mais precisas. Poderá fazer perguntas ao seu programa e ele será capaz de ajudá-lo mais, entender mais sua necessidade.

FOLHA - Isso já não existe?

SPIVACK - Sim, por isso vejo como uma convergência de várias tecnologias que já existem e que serão usadas ao mesmo tempo, num grande salto de sinergia. Banda larga, acesso móvel à internet e a tecnologia da semântica, todos utilizados juntos, de maneira inteligente e atingindo a maturidade ao mesmo tempo --eis a Web 3.0.

FOLHA - Um dos aspectos mais criticados é o fato de a nova tecnologia esperar muito da inteligência artificial, ramo que só tem se desenvolvido mesmo em filmes de ficção...

SPIVACK - Não é tão fantástico assim. Vou lhe dar um exemplo: você escreve um artigo sobre Nova York, a cidade. Quando alguém for buscar textos sobre Nova York, o Estado, no arquivo do seu jornal daqui a alguns dias, receberá o seu texto no resultado da pesquisa. Com um programa que use a tecnologia semântica, você será capaz de colocar em seu texto muito facilmente um código invisível que "avisa" a cada vez que aparecem as palavras "Nova York" que você está se referindo à cidade, não ao Estado. Quem está lendo o artigo agora não verá o código, mas o programa do pesquisador de daqui a alguns dias, sim. Chamemos esse código de "metadata". Agora, imagine aplicar o mesmo tipo de "filtro" comercialmente, as possibilidades infinitas que serão abertas. O seu mecanismo de busca vai "saber" que quando você digita "carro para alugar", refere-se a um modelo de quatro portas, em tal cidade, com tais características, e os sites em que ele vai buscar já sabem de tudo isso.

FOLHA - Na verdade, é mais simples do que parece.

SPIVACK - Sim. Eu digo que estamos passando da World Wide Web (rede mundial) para World Wide Database (base de dados mundial). Passando de um mar de documentos para um mar de dados. Quando isso começar a acontecer mais agressivamente, o próximo passo serão programas que entendem como fazer melhor uso desses dados. Mas isso ainda demora, cinco a dez anos...

FOLHA - Onde já está em uso?

SPIVACK - Em vários lugares. Por exemplo, em minha companhia. Já fizemos alguns trabalhos para o governo dos EUA. Estamos começando a fazer plataformas comerciais para grandes empresas. Uma delas será lançada em 2007. Há outra empresa, a Metaweb, somos praticamente as duas que fazem isso para consumidores, mas há inúmeros projetos acadêmicos. E, pelo que ouvi, haverá novidades nesse campo na Yahoo e no Skype.

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