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Instalação artística de celular questiona cultura móvel
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AMANDA DEMETRIO
da Folha de S.Paulo
Deixar um celular ligado, conectado à energia elétrica, dentro de uma caixa fechada com cadeados por cinco dias. Parece abstração de artista, e é mesmo. O trabalho, chamado Immobile Art, de Edgar Franco, foi uma das peças expostas na quarta edição do Mobilefest (www.mobilefest.org). O evento, que terminou no último domingo, misturou arte e cultura móvel em São Paulo.
Logo ao lado do Immobile Art, ficavam situados três potes com celulares mergulhados em um líquido verde. O Criaturas Capturadas, de Cláudio Bueno, tentou pensar os celulares como criaturas levadas para estudo em um laboratório.
Fred Chalub/Folha Imagem |
ImmobileArt, de Edgar Franco, é uma instalação que questiona o papel do celular na vida e rotina das sociedades contemporâneas |
Outro destaque do evento foi o Projeto Botanicalls (www2.botanicalls.com), que trouxe programas que permitem que plantas se comuniquem com pessoas por meio de telefone, mensagens de texto e Twitter.
As plantas recebem sensores, que medem fatores como a quantidade de água recebida durante o dia. Se o vegetal foi regado demais, por exemplo, o sensor avisa o software, que comunica o fato ao responsável.
Outra curiosidade apresentada foi o projeto Aphrodite, desenvolvido para prostitutas norte-americanas. Foram criadas sandálias com GPS, tela de LED e alarme que elas pudessem chamar a polícia a qualquer momento, mostrar um vídeo para conquistar um possível cliente e sempre saber onde suas amigas estão.
No mesmo projeto, foram criadas também peças de roupa e bolsas com tecnologias móveis integradas.
Com artistas de ao menos sete países presentes, o Brasil teve representantes como Fábio Fon e Soraya Braz. Eles criaram uma espécie de capa que capta sinais eletromagnéticos ao seu redor e, ao detectar um celular em funcionamento, dispara sons para tentar atrapalhar a ligação de quem se aproxima. O objetivo, segundo a organização, é questionar o caráter invasivo do celular.
Também quis fazer o público pensar a artista Rachel Jabobs, que criou o Dark Forest. Com sensores instalados em uma árvore no Reino Unido e em uma em São Paulo, a artista colheu dados para formar uma obra de arte mutante. O retrato ambiental ao redor da planta é projetado em imagens, que mudam segundo as condições das duas florestas.
Já Victor Viñas conduziu aulas sobre como monitorar o ambiente por meio de sensores feitos com objetos simples (como papelão e fita adesiva).
Clara Boj também apresentou seu projeto, uma espécie de playground eletrônico (www.lalalab.org/drupal). A artista diz tentar tornar o espaço público mais divertido para os adolescentes integrando sensores de videogames e parques públicos.
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