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26/09/2001 - 04h34

EUA estudam reduzir privacidade on-line

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BRUNO GARATTONI
da Folha de S.Paulo

Duas semanas depois dos atentados contra o Pentágono e o World Trade Center, o Congresso e o governo dos EUA procuram restringir a privacidade das comunicações on-line: depois de aprovar um projeto que facilita o grampo de e-mails pelo FBI, o Senado norte-americano discute alterar programas de criptografia (codificação de dados) para facilitar a espionagem governamental.

Com a nova legislação, qualquer promotor estadual dos EUA poderá
solicitar sem mandado judicial a instalação do DCS 1000 (antigo Carnivore), sistema do FBI que rastreia mensagens de e-mail em busca de palavras suspeitas.

Segundo congressistas norte-americanos, programas de criptografia disponíveis na internet podem ter ajudado os terroristas responsáveis pelos atentados, que os teriam empregado para manter secretas suas comunicações.

Por esse motivo, eles propõem uma modificação nesses programas, que passariam a trazer brechas técnicas para facilitar a decifração de comunicações pelo governo dos EUA.

A medida parece agradar a americanos: em uma pesquisa realizada pela empresa Princeton Research Associates, 54% dos entrevistados disseram que apoiariam "uma redução na criptografia" de seus telefonemas e e-mails para ajudar o FBI e a CIA a monitorar supostos terroristas, mesmo que isso prejudicasse a privacidade das pessoas comuns.

Há quem discorde: para o programador Rob Carlson, que semana passada organizou debates relacionados à privacidade on-line, "pode ser perigoso regular ou proibir a criptografia sem pensar nas consequências disso".

Carlson criou um site (http://vees.net/freedom) em que procura mostrar a importância da criptografia no dia-a-dia das pessoas comuns e pretende convencer internautas a escrever para congressistas protestando contra a limitação dessa tecnologia.

Outra voz discordante é a do programador John Gilmore, um dos fundadores da Electronic Frontier Foundation (www.eff.org), organização que defende a privacidade na rede.

Para Gilmore, os internautas devem se unir para proteger os softwares de criptografia. Em um manifesto publicado no endereço http://freshmeat.net/articles/view/298, ele pede aos usuários que criem sites hospedados em computadores fora dos EUA para distribuir programas de codificação antes que eles sejam proibidos ou modificados pelo governo norte-americano, o que poderá acontecer "bem rapidamente".

O programador Phil Zimmermann (http://web.mit.edu/prz), que já foi perseguido por autoridades norte-americanas por ter criado e distribuído o software de codificação PGP, diz que "é provável" que o programa tenha sido usado por terroristas, mas acha que não adiantaria modificá-lo, pois os terroristas recorreriam a outras ferramentas disponíveis na rede.

Depois dos ataques, Zimmermann recebeu um e-mail em que o remetente o acusa de tê-los ajudado e diz: "Espero que você consiga dormir com o sangue de 5.000 vítimas em suas mãos". Zimmermann diz que não se arrepende de ter criado o PGP, pois, "no fim das contas, a criptografia é algo que faz bem à sociedade" e favorece os direitos humanos.

Apesar da maré contrária, as pesquisas continuam. Na semana passada, um grupo de cientistas da Stanford University, nos EUA, criou um sistema que poderá tornar a criptografia mais fácil de usar: a tecnologia, que já pode ser testada gratuitamente pelos internautas
(http://crypto.stanford.edu/ibe), promete simplificar a codificação de e-mails em programas comuns.

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