Livraria da Folha

 
24/11/2009 - 20h39

Paulo Markun lança livro sobre conquistador espanhol Cabeza de Vaca

ANDRÉ BENEVIDES
colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
Jornalista Paulo Markun toma posse na TV Cultura nesta quinta-feira, em São Paulo
Paulo Markun acaba de lançar livro com as aventuras do explorador Cabeza de Vaca

As peripécias do fidalgo espanhol do século 16 dom Álvar Núñez Cabeza de Vaca foram tantas que quase não couberam na capa do livro que o jornalista Paulo Markun acaba de lançar, "Cabeza de Vaca". Soldado, alcoviteiro, conquistador, escravo, curandeiro e governador são apenas algumas das qualificações a ele atribuídas.

Leia um trecho de "Cabeza de Vaca"

Além disso, ele parece ter contado com uma boa dose de sorte. Em uma das passagens que mais chamaram a atenção do autor, o aventureiro teria se salvado de afundar um navio por causa de um grilo. "Naquela época era muito comum que as pessoas levassem estes insetos a bordo como animais de estimação. No meio da noite o grilo começou a cantar, e alguém lembrou que eles só faziam isso quando estavam em terra. Quando foram ver, o navio estava se aproximando de rochedos na costa brasileira", conta. Desta vez, a tripulação conseguiu desviar a tempo.

Em outros episódios, no entanto, Cabeza de Vaca acabou naufragando, mas sobreviveu nas três ocasiões. Em 1527, o navio em que viajava afundou no litoral da Flórida e ele foi escravizado pelos índios da região. Durante cerca de dez anos, viveu nu e descalço, perambulando por tribos, vivendo do comércio e, posteriormente, como curandeiro, até que conseguiu contato com espanhóis que ocupavam o México.

Voltou à sua terra natal e foi gratificado com o cargo de governador de Santa Catarina. Lá chegando, não conseguiu ficar muito tempo no ócio administrativo, e foi logo empenhar mais uma de suas lendárias andanças. Desta vez, procurava por uma serra na região de Assunção que diziam ser feita inteiramente de prata. Contraiu malária e sucumbiu. Quando voltou à ilha, foi deposto do cargo e feito prisioneiro por oficiais cujos interesses entravam em confronto com os seus.

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Cabeza de Vaca
Conheça a impressionante trajetória do fidalgo espanhol nas Américas

Na Espanha, ainda precisou encarar um processo com o fiscal Juan de Villalobos, dono de um histórico rigoroso. "Ele já havia processado Colombo, Cortés e Pizarro. Em um dos casos, ele tentou demonstrar que Colombo não havia descoberto a América --e acabou sendo punido por isso", conta Markun. A documentação que registrou estes autos acabou sendo uma grande fonte de informações para a elaboração da obra. O jornalista também se valeu das memórias do próprio Cabeza de Vaca, "Naufrágios e Comentários". "No entanto, este livro está escrito na linguagem de 1500, e não é todo mundo que suporta isso, embora a história seja muito interessante", observa.

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Markun relata que acabou se deparando com este peculiar personagem ao acaso: "Em 98, quando comecei escrever a história da Anita Garibaldi, acabei me deparando com o Cabeza de Vaca, que foi um dos primeiros governadores de Santa Catarina. E eu constatei que não havia uma biografia sobre a vida dele em português", explica.

Ele descobriu também que em Sevilha, por conta do processo movido contra o explorador, havia fartos registros sobre sua vida. No processo de pesquisa, acabou por escanear e traduzir centenas de páginas oficiais em espanhol antigo. Tudo isso foi compilado, organizado e ficará disponível a partir dos próximos dias no site www.cabezadevaca.com.br.

 
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