Livraria da Folha

 
10/09/2010 - 19h05

"Casamento à Prova de Bebês" ensina a evitar crise pós-cegonha

DENISE DE ALMEIDA
colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
Saiba como enfrentar os dilemas do casamento após chegada dos filhos
Saiba como enfrentar os dilemas do casamento após chegada dos filhos

Stacie, Cathy e Julia são três mulheres que amam muito seus maridos e não trocariam o papel de mãe por nada. Mas depois de terem vivido a experiência de ter filhos, suas vidas e seus casamentos mudaram completamente. De repente, elas começaram a se perguntar por que não conversam com seus maridos como antes, por que discutem tanto, por que ficam tão irritadas quando eles não encontram as chupetas e por que eles ficam tão chateados com o fato de seu entusiasmo por sexo ser igual à sua vontade de passar roupa.

Depois de conversar com centenas de pessoas, elas descobriram que tudo isso é absolutamente normal, e que a maioria dos casais enfrenta as mesmas dificuldades. Mas será possível fazer alguma coisa para não viver o resto da vida assim? É esse o mote de "Casamento à Prova de Bebês", que mostra aos leitores histórias de pessoas que enfrentam dilemas parecidos.

Com bom humor, as autoras oferecem um panorama sobre os primeiros anos da vida do casal depois da chegada de um bebê. Ao abordar assuntos que atormentam os casais no dia a dia, elas mostram como homens e mulheres se sentem, permitindo que um passe a entender melhor o lado do outro e descubra que é possível entrar em sintonia com o parceiro e manter o equilíbrio na vida conjugal. Confira abaixo um trecho do livro.

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O que está acontecendo, afinal?

Durante nossa intrépida jornada de pesquisa, descobrimos - para nosso profundo alívio - que muitos dos problemas que os casais enfrentam após a chegada do bebê não podem ser evitados, como as reviravoltas emocionais, psicológicas e no estilo de vida. Eles não são culpa de ninguém. Não estamos necessariamente fazendo nada de errado.

No topo da lista de coisas que não se pode mudar está o nosso DNA ou, como nós três (aspirantes a biólogas evolucionistas) gostamos de dizer, a "programação biológica". Foi preciso ter filhos para que percebêssemos que homens e mulheres são animais completamente diferentes e, por isso, não reagem à nova função de pai e mãe da mesma forma. Os instintos geneticamente programados são a origem de muitas frustrações modernas. Eles afetam nossa vida sexual "pós-bebê" e o modo como cuidamos das crianças e nos relacionamos com a família - e muitas vezes nem temos consciência disso. No segundo lugar desta lista está o inconveniente problema da rotação terrestre. As 16 horas que passamos acordados não são suficientes para darmos conta de tudo o que precisamos, que dirá do que queremos fazer.

Além disso, não sabemos como agir, o que não ajuda muito. Não temos a menor ideia de como nos sentiremos depois que tivermos filhos. Ninguém, nem mesmo nossos pais, nos diz como as coisas realmente serão. (Você se lembra daqueles conselhos estranhos que as pessoas lhe davam: "Não tenha um bebê até sentir que está pronto para desistir da sua vida"?) Essa "conspiração mundial do silêncio" faz com que a maioria de nós seja incapaz de lidar com a avalanche de mudanças que chega junto com a criança. Ninguém nos prepara para a maratona insana que é cuidar dos filhos.

Junte a isso o fato de que ninguém é muito paciente quando está cansado e de sempre acharmos que poderemos voltar à vida que tínhamos antes de ter filhos e, pronto, logo estamos com sérios problemas conjugais. A maioria dos casais acaba enfrentando algumas - se não todas - das seguintes questões:

1. Nosso comportamento como pais. Aqueles instintos biologicamente programados que acabamos de mencionar e que nem desconfiávamos que existiam se manifestam imediatamente quando o bebê nasce. O "chip materno" da mulher é ativado e ela passa a apresentar um comportamento compulsivo. "Será que esse protetor solar é forte o bastante? Será que compramos bananas suficientes?" Já o primeiro instinto de um homem ao olhar o filho dentro do berço é o "pânico do provedor": "Meu Deus, preciso dar um jeito de ganhar mais dinheiro." Ela acha que ele nunca entende a importância das coisas. Ele fica se perguntando por que ela se transformou numa megera que quer controlar tudo.

2. A vida sexual pós-bebê. O impulso sexual dele não mudou. Ela quer "fechar a fábrica" enquanto cuida da cria. Para falar a verdade, nós três respiramos aliviadas quando descobrimos que não éramos as únicas com problemas de compatibilidade entre "oferta e demanda" no quesito sexo. Foi bom saber que, assim como aconteceu conosco, a libido da maioria das mulheres desapareceu depois que elas tiveram filhos. Para os maridos, entretanto, nada mudou. Ficamos surpresas ao saber como eles se sentem angustiados quando suas esposas os rejeitam várias vezes. Thomas, um dos homens com quem conversamos, disse: "É humilhante e doloroso ser rejeitado em seu momento mais vulnerável, quando você está nu. E se isso acontece três vezes seguidas, acaba com qualquer um." Então, resolvemos perguntar a nossos maridos se era verdade. A resposta deles: "Definitivamente."

3. A divisão das tarefas. Lavar a louça, lavar a roupa, preparar e dar comida para as crianças, trocar fraldas, guardar os brinquedos e ainda por cima não perder o emprego - todo dia é a mesma coisa. Não é surpreendente que os casais acabem brigando para saber quem faz o quê - ou melhor, para saber quem não está fazendo o quê. Começamos a fazer uma "contagem de pontos" e, acreditem, nesse jogo ninguém sai ganhando.

"Será que tenho que me desmanchar em elogios só porque ele tirou os pratos da máquina de lavar louça? O que ele quer, uma medalha?" - Leslie, casada há 8 anos, 3 filhos

4. Pressões da família. Antes de termos filhos, as famílias de origem não interferem muito na vida do casal. Tudo muda depois que o bebê nasce. Nossos pais e sogros fazem de tudo para conseguir um pouquinho de tempo com o neto. Isso também se deve a uma determinação evolutiva: cada casal de avós deseja influenciar mais a criança para a posteridade. E muitas vezes nós mesmos os estimulamos. Queremos que nossa família tenha tanta influência (ou mais) sobre nossos filhos quanto a de nosso parceiro.

Por mais maravilhosos e prestativos que sejam os parentes, é um grande desafio equilibrar o tempo que passamos com eles e sua influência sobre nossos filhos.

5. Quem dorme até mais tarde ou dá uma caminhada no sábado de manhã? Depois que os bebês nascem, passamos a ter bem menos tempo para nós mesmos. Dedicamos a nossos filhos todo o tempo e a atenção que eles merecem, mas isso significa que teremos um dia cheio e, no final, estaremos completamente sem energia. Com muita frequência acabamos brigando para ver quem fica com aqueles preciosos minutinhos livres que restaram.

Quando não encontramos tempo para as atividades que recarregam nossas energias, ficamos estressados e as manias de nosso parceiro - antes tão "bonitinhas" - se tornam insuportáveis. Basta nos descuidarmos de nós mesmos um pouco que seja para que surjam diversos problemas no casamento.

6. O que aconteceu com a gente? Depois que os filhos nascem, ficamos tão ocupados que é fácil negligenciarmos o relacionamento. O casal já não tem mais tempo para "conversas profundas". Em vez disso, é sempre "está na hora de preparar o lanche". Quando o casal não consegue ficar junto, a relação pode acabar entrando no "piloto automático". E o destino dessa viagem todos conhecemos: "Quem é você e o que está fazendo na minha cama?"

"Conheço muitos casais que negligenciaram seus relacionamentos e agora estão se separando. Esses casamentos são como plantas que ninguém se lembrou de regar." - Mark, casado há 11 anos, 2 filhos

Em última instância, todos queremos o melhor para nossos filhos. Sempre vamos fazer tudo para que eles sejam felizes. Porém, muitas pessoas não percebem que o relacionamento entre marido e mulher é a base da família. Quando essa base não está firme, o mundo da criança se desestabiliza.Sabemos que pode parecer absurdo pensar em sair para namorar quando há uma criança pequena agarrada à nossa perna e outra implorando por uma historinha antes de dormir. Mas cultivar a relação conjugal é de extrema importância para que nossos filhos se sintam seguros e felizes. Você não precisa escolher entre ser um bom marido/mulher e ser um bom pai/mãe.

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"Casamento à prova de bebês"
Autor: Stacie Cockrell, Cathy O´Neill e Julia Stone
Editora: Sextante
Páginas: 272
Quanto: R$ 25,00
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou na Livraria da Folha

 
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