Livraria da Folha

 
16/07/2010 - 11h00

Para Matinas Suzuki Jr., interesse universal é o que cria um clássico

PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha

O aniversário de 75 anos da Penguin, que será comemorado internacionalmente no dia 30 de julho, chegou antes ao Brasil. A Companhia das Letras uniu-se à Penguin norte-americana para criar o selo Penguin-Companhia. A partir do início de agosto, os leitores brasileiros terão à sua disposição as obras da coleção "Penguin Classics" em português, além de uma série de clássicos nacionais.

"O Príncipe" (Nicolau Maquiavel), "Pelos Olhos de Maisie" (Henry James), "Essencial Joaquim Nabuco" (org. por Evaldo Cabral de Mello) e "O Brasil Holandês" (org. por Evaldo Cabral de Mello) são os primeiros títulos do selo. Serão lançados em agosto.

"A Vida de Santa Teresa" (Santa Teresa) e "Recordações do Escrivão Isaías Caminha" (Lima Barreto) serão publicados em setembro; "Ensaios Selecionados" (Montaigne) e "Essencial Jorge Amado" (org. Alberto da Costa e Silva), em outubro; "Dez Dias que Abalaram o Mundo" (John Reed) e "O Emblema Rubro da Coragem" (Stephan Crane) estão programados para novembro, e "Os Últimos Dias de Tolstói" (Liév Tolstói) e "O Amante de Lady Chatterley" (D. H. Lawrence) encerram o ano, em dezembro.

Fotomontagem
"O Brasil Holandês", "O Príncipe", "Essencial Joaquim Nabuco" e "Pelos Olhos de Maisie" são os primeiros livros
"O Brasil Holandês", "O Príncipe", "Essencial Joaquim Nabuco" e "Pelos Olhos de Maisie" são os primeiros livros

A Livraria da Folha conversou com Matinas Suzuki Jr., editor da Penguin-Companhia, e com Joana Fernandes, diretora de marketing da Companhia das Letras, sobre a parceria entre as duas editoras. Suzuki Jr. disse que o selo pretende alcançar leitores de todos os tipos --do especialista ao leitor comum, do mais velho aos mais jovens. "Uma das características mais marcantes dos clássicos é que eles têm interesse universal", disse.

O editor explicou como as obras foram escolhidas. "São 24 títulos por ano, sendo que um terço é definido pelos editores aqui no Brasil, com aprovação da Penguin americana. Para os dois terços escolhidos no catálogo internacional de clássicos da Penguin, as sugestões surgem dos dois lados da parceria, mas precisamos considerar mais coisas: a disponibilidade e rapidez dos tradutores, o interesse da obra no mercado brasileiro etc."

Fernandes confirmou a divulgação do selo na 8ª Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) e na Bienal Internacional do Livro de São Paulo deste ano. A diretora de marketing esclareceu que a Penguin-Companhia tem o intuito de "criar um relacionamento muito próximo com os leitores dos clássicos e para isso vamos organizar uma série de eventos, como cursos, encontros, grupos de leitura etc."

Leia abaixo a íntegra das entrevistas com Matinas Suzuki Jr. e Joana Fernandes.

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Renato Parada/Divulgação
"São 24 títulos por ano, sendo que um terço é definido pelos editores no Brasil", diz Suzuki
"São 24 títulos por ano, sendo que um terço é definido pelos editores no Brasil", diz Suzuki

Livraria da Folha: Para quem se volta essa coleção? Qual o perfil do público?
Matinas Suzuki Jr.: Leitores de todos os matizes, do especialista ao leitor comum, do mais velho aos mais jovens. Uma das características mais marcantes dos clássicos é que eles têm interesse universal.

Livraria da Folha: Quais são as expectativas da editora?
Suzuki Jr.: Fazer grandes obras em grandes edições a preços atrativos.

Livraria da Folha: Como ocorreu a seleção das obras? Foi definida pela Penguin, pela Companhia ou pelas duas em conjunto?
Suzuki Jr.: São 24 títulos por ano, sendo que um terço é definido pelos editores aqui no Brasil, com aprovação da Penguin americana. Para os dois terços escolhidos no catálogo internacional de clássicos da Penguin, as sugestões surgem dos dois lados da parceria, mas precisamos considerar mais coisas: a disponibilidade e rapidez dos tradutores, o interesse da obra no mercado brasileiro etc.

Livraria da Folha: Por que "Essencial Joaquim Nabuco" e "Essencial Jorge Amado" levam o termo "essencial" no título? Sei que possuem uma seleta de textos que destacam, em ambas as obras, as linhas mais expressivas de cada autor.
Suzuki Jr.: O "essencial" foi a melhor adaptação para o português brasileiro que conseguimos da palavra "portable". Os "Portables" foram inventados por uma editora americana chamada Viking, que foi comprada pela Penguin --que manteve o formato. Eles não são apenas uma antologia dos melhores momentos do autor, mas uma espécie de visão geral de sua obra, onde entram também os textos considerados menores (artigos de imprensa, correspondência, discursos etc). Uma outra característica dos "Portables" é que o organizador tem muita liberdade para escolher os textos que acha fundamental para a compreensão de determinado autor. Alguns "Portables", como o do [Ernest] Hemingway e o da Dorothy Parker, tornaram-se "clássicos" do gênero.

Livraria da Folha: Por que foram escolhidos Joaquim Nabuco e Jorge Amado? Nabuco pelo centenário e Amado pela reedição das obras pela Companhia?
Suzuki Jr.: Por isso que você falou e pelo fato de termos dois monumentais organizadores para as duas obras: Evaldo Cabral de Mello e Alberto da Costa e Silva.

Livraria da Folha: Quanto tempo levou o processo de produção dos primeiros quatro volumes?
Suzuki Jr.: Dez meses.

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Livraria da Folha: Quanto à divulgação dos exemplares, como será a participação na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) e na Bienal do Livro de SP deste ano?

Renato Parada/Divulgação
Joana Fernandes disse que o selo quer criar relacionamento com os leitores dos clássicos
Joana Fernandes disse que o selo quer criar relacionamento com os leitores dos clássicos

Joana Fernandes: A Flip será o primeiro evento, no qual estaremos presentes com a Penguin-Companhia das Letras e por isso estamos preparando uma série de ações especiais. Para começar, teremos uma casa Penguin-Companhia das Letras. Neste espaço, receberemos autores, leitores e colaboradores da editora e teremos a chance de mostrar o que faz a Penguin-Companhia das Letras a Penguin-Companhia das Letras. Haverá espaço de leitura, área de descanso e eventos. Além disso, teremos a presença de John Makinson, presidente do Penguin Group, em Paraty. Há um grande esforço de editora para dar as boas-vindas para a Penguin em Paraty.

Já na Bienal, a Penguin será apresentada ao público no estande da Companhia das Letras, onde os visitantes da feira poderão conhecer os primeiros lançamentos do selo.

Livraria da Folha: Quais serão os temas das aulas para os livreiros?
Fernandes: A ideia dos encontros com os livreiros é apresentar o conteúdo da Penguin-Companhia das Letras em primeira mão e com qualidade, que são a ponte entre os nossos livros e os leitores. Haverá uma apresentação dos editores Matinas Suzuki Jr. e André Conti sobre os livros que estão sendo lançados e um bate-papo com os tradutores de alguns dos primeiros lançamentos (Mauricio Santana Dias, em São Paulo, e Rosa Freire Aguiar, no Rio de Janeiro).

Livraria da Folha: Como será o "Café Penguin-Companhia" entre Luiz Schwarcz e John Makinson?
Fernandes: Na verdade, esse evento será um encontro com o John Makinson, onde os convidados, terão a oportunidade de ouvir um pouco sobre a história da Penguin, que comemora 75 anos em 2010, sua experiência como presidente desse importante grupo editorial e suas opiniões sobre o futuro do livro.

Livraria da Folha: As palestras de lançamento ocorrerão entre agosto e setembro de 2010. Vocês já têm o cronograma temático delas? Além de divulgar o hábito da leitura dos clássicos, qual o objetivo desses encontros? Tem um enfoque específico de público?
Fernandes: A Penguin-Companhia das Letras quer criar um relacionamento muito próximo com os leitores dos clássicos e para isso vamos organizar uma série de eventos, como cursos, encontros, grupos de leitura etc. Para começar, teremos dois encontros para falar sobre clássicos, um em São Paulo e outro no Rio. A partir daí, estamos organizando o calendário desses eventos com diversos parceiros da editora.

 
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