Livraria da Folha

 
18/07/2010 - 11h39

Versátil Dorival Caymmi compunha clássicos para filmes da Disney

WILLIAM MAGALHÃES
colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
Com 60 páginas, livro em capa dura traz tudo sobre Dorival Caymmi, além de CD
Com 60 páginas, livro em capa dura traz tudo sobre Dorival Caymmi, além de CD

Quase todo compositor clássico da MPB tem uma história em comum. Nasceram em famílias humildes e cresceram cercados de música, recebendo esta influência dos familiares mais próximos. Com Dorival Caymmi, não seria diferente.

Em Salvador, onde nasceu em 30 de abril de 1914, Dorival convivia com o pai, o funcionário público Durval Henrique Caymmi, tocando violão, bandolim e piano. Sua mãe, Aurelina Cândida Caymmi, a Dona Sinhá, gostava de cantar.

Aos seis anos, Caymmi começou a estudar na Escola de Belas Artes, no Colégio de Dona Adalgisa. Em 1926, aos 12, concluiu o curso primário no Colégio Olímpio Cruz, na capital baiana.

Abandonou os estudos do ginásio para trabalhar no jornal "O Imparcial", onde fazia inúmeros serviços. A publicação fechou em 1929. O fato obrigou-o a trabalhar como vendedor. Mas ele não pararia por aí. Em 1933, ano em que criou suas primeiras marchinhas, compôs "No Sertão", sua primeira composição.

Buscando se aprimorar e pegando cada vez mais gosto por música, no ano seguinte começou a tomar aulas de violão com o pai e com seu tio Cici. Em 1935, colheu alguns frutos pelo esforço, participando de alguns programas da Rádio Clube da Bahia.

Aos 23, em 1937, Caymmi muda-se para o Rio de Janeiro, onde decide tentar a vida. No ano seguinte, com seu samba "O que é que a Baiana Tem?" estreia na Rádio Tupi. A música foi interpretada por Carmen Miranda para a trilha sonora do filme Banana da Terra, de Wallace Downey, e se tornou um clássico da MPB.

Depois da Rádio Tupi passou pela Radio Transmissora, assinando um contrato de exclusividade, no ano de 1939. Naquele ano gravaria "O que é que a Baiana Tem?" e "A Preta do Acarajé" ao lado de Carmen Miranda. Fez ainda os arranjos da canção "Roda Pião", que também gravou com a cantora.

Ainda em 1939, Dorival Caymmi ingressou na Rádio Nacional onde conheceu a cantora Stella Maris (Adelaide Tostes), com quem se casou em 1940. Os 68 anos de união gerou aos dois três filhos, que se tornaram expressivos pra a MPB, e seis netos.

No ano seguinte, em 1941, Dorival voltaria a Rádio Tupi, onde atuou por mais nove anos. Na década de 1940, gravou sucessos como "Balaio Grande", "Você já foi à Bahia?", "Requebre que eu dou um doce", "Vatapá" e "Rosa Morena". Mesmo longe da Bahia, Caymmi foi o compositor que mais musicou as belezas daquele estado.

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A partir da década de 50, entre idas e vindas entre as Rádios Tupi e Nacional, o compositor e cantor mudou-se para São Paulo em 1954 quando trabalhou na Rádio Record, apresentando em diversas boates da capital paulista no ano seguinte.

Em 1956, de volta ao Rio, grava "Maracangalha", outro de seus maiores sucessos e foi amplamente executada no Carnaval de 1957. Neste ano, já reconhecido em sua carreira, apresentou-se na Europa, em missão do governo brasileiro.

Aquela não seria sua primeira viagem internacional. Na década de 60 excursionou pelos EUA e Argentina e apresentou-se ao lado de grandes nomes da MPB, como Tom Jobim. Em 1976, dez de suas composições foram regravadas por Gal Costa no LP "Gal Canta Caymmi".

A partir da década de 80, Caymmi passa a viver com mais calma, sumindo da vida pública. Morreu aos 94 anos, em 16 de agosto de 2008, em sua casa, no Rio, vítima de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos.

Antes de morrer, estava deprimido. Sentia a ausência de Stella Maris, que se tratava de um câncer e estava internada desde abril. Onze dias após a morte de Caymmi, foi a vez do óbito de sua mulher.

Regravações

Em 1937, ano em que Getúlio Vargas decreta o Estado Novo, Dorival Caymmi chega ao Rio para tentar ser jornalista e trabalhar com desenho. Como já cantava e tocava violão, estreou na Rádio Tupi.

Famoso, devido a popularidade das estrelas da rádio naquele período, em 1939, sua composição "O Mar" foi incluída na trilha sonora de uma peça patrocinada por Darcy Vargas, então primeira dama.

O auge da carreira de Dorival coincidiu com a era de ouro do rádio e suas grandes estrelas como Carmen Miranda. Sua obra influenciou diversas gerações de artistas que vieram depois dele. Suas canções foram regravadas por expoentes da Bossa Nova e da Tropicália, durante os anos 60.

 
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